sábado, 8 de dezembro de 2012

Oscar Niemayer: Homo politicus

Em seu exílio na França, Oscar Niemeyer recebeu do presidente do Conselho Revolucionário Argelino, Houari Boumediène, o convite para diversos projetos naquele país. O país conseguiu sua independência depois de uma longa luta anticolonial contra os franceses. Entre   os prédios universitários construídos nesse período, destaque para a Universidade Mentouri de Constantine (1969), em Argel, com seus poucos, mas imensos prédios pensados para abrigar as massas e para a aproximação dos estudantes. Um deles, um auditório em forma de livro.


Morto em uma emboscada em 04 de novembro de 1969, o comandante da ALN (Ação Libertadora Nacional), Carlos Marighella,  não teve sequer o corpo entregue pela ditadura militar. Dez anos depois do assassinato, a família pode realizar o seu sepultamento em Salvador, sua terra natal. O túmulo de Marighella foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer com a frase: “Não tive tempo para ter medo”.
1979: Da direita para a esquerda: Jorge Raymundo, Manoel Henrique Ferreira, Perly Cipriano (presos políticos do regime militar em greve de fome pela aprovação da Lei da Anistia) recebendo visita de solidariedade de Darcy Ribeiro, Antonio Houais e Oscar Niemeyer.

9 de novembro de 1988, governo Sarney. Em Volta Redonda, RJ, o Exército invade a Companhia Siderúrgica Nacional, ocupada por grevistas, e mata 3 operários: William Fernandes Leite, de 22 anos, Valmir Freitas Monteiro, 27 anos e Carlos Augusto Barroso, de 19 anos. O Memorial 9 de novembro projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1º de maio de 1989, sofreu um  atentado a bomba um dia depois. Após o atentado, Niemeyer optou por reinaugurar o memorial sem efetuar grandes recuperações, deixando registrada a confirmação das marcas de violência, acrescentando apenas a frase: "Nada, nem a bomba que destruiu este monumento, poderá deter os que lutam pela justiça e liberdade".


No Memorial da América Latina em São Paulo, conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer, destaca-se a escultura da “Mão” inspirada no livro “As Veias Abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano. "Desenhei uma enorme mão de concreto armado, que lá está, com sete metros de altura, espalmada, os dedos abertos em desespero, o sangue a correr pelo punho, negros tempos que o Memorial registra com sua mensagem de esperança e solidariedade", afirmou Niemeyer.
Monumento de Oscar Niemeyer dedicada ao agricultor assassinado Antônio Tavares e aos militantes do Movimento dos Sem Terra, reprimidos pela polícia militar na entrada de Curitiba.  O então governador do Paraná, o arquiteto Jaime Lerner (então do PFL, hoje DEM), desencadeou uma dura repressão contra o MST, impedindo o movimento de protestar em Curitiba e expulsando famílias de acampamentos.  Niemayer faz ainda para o MST o Munumento Eldorado Memório em Marabá (PA) em 1996 (aos mortos pelo massacre de Eldorado dos Carajás), o Autório da Escola Florestan Fernandes em Guararema, SP) em 2006 e gravuras e esculturas relacionadas à questão agrária.
Amigo incondicional da Revolução de 1959 e regime vigente em Cuba, Oscar Niemeyer presenteou Fidel Castro com uma escultura pelos seus 80 anos em 2005. Na obra, um pequeno homem com a bandeira cubana enfrenta o imperialismo americano, representado por um Dragão. A escultura foi transformada em grande monumento de 11 toneladas de aço e 8 metros de altura na Universidade de Ciências da Informática, em Praça que ganhou o nome do arquiteto brasileiro em 16 de janeiro de 2008.
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