A maior parte do poder
econômico privado nacional está sob controle do grupo espanhol Telefônica, do
fundo de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), do grupo Telemar,
do grupo Bradesco e dos negócios da família Gerdau. É o que mostra o estudo
"Proprietários do Brasil", que inclui um ranking dos maiores poderes
econômicos baseado não apenas na receita, mas que leva em conta também as
participações de cada grupo em outras empresas.
Foram
considerados apenas grupos privados. Não fosse isso, a União seria considerada
pelo estudo o maior poder econômico nacional.
A
pesquisa foi elaborada pelas ONGs Instituto Mais Democracia e Cooperativa
EITA-Educação, Informação e Tecnologia para a Autogestão.
Ainda
figuram entre os dez mais poderosos a Wilkes Participações (por meio da qual a
família Diniz e o grupo francês Casino dividem o controle do Grupo Pão de
Açúcar), a Blessed Holdings (dona dos frigoríficos JBS e Bertin, além da
Vigor), o banco Santander, os negócios da família Jereissati e do grupo Ultra,
dos postos Ipiranga.
As
12 primeiras companhias da lista detêm 51% do poder acumulado total.
"Esperávamos
uma concentração, mas não tão grande", disse João Roberto Lopes, cientista
político e coordenador do Instituto Mais Democracia, que lançará o estudo na
próxima quinta-feira, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no
Rio.
Sergio
Lazzarini, professor do Insper, ressalta a participação do poder econômico nas
mãos do governo.
"O
governo é o maior proprietário do Brasil", afirmou Lazzarini, que estudou
o tema no livro "Capitalismo de laços".
Segundo
Lopes, um dos objetivos do estudo é mostrar a relação dos grandes grupos
privados com o Estado.
O
"poder acumulado" da União foi calculado em cerca de R$ 460 bilhões
em 2011, considerando o controle das estatais e as participações do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A
Telefônica, primeira no ranking, tem poder acumulado de R$ 187,465 bilhões.
A
Previ, em segundo, ficou com R$ 145,806 bilhões, enquanto o grupo Telemar, com
R$ 112,106 ficou em terceiro.
Estrutura
de controle. Um próximo passo, depois de montar o ranking com 397 empresas,
será construir uma plataforma na internet, para permitir acesso à estrutura de
controle das empresas e suas relações entre elas e com o Estado.
Lopes
chamou atenção para o BNDESPar, braço de participações do banco, sócio de
muitas das empresas do ranking. "Queremos colocar em debate essa rede de
proprietários", disse.
O
cientista político destacou a importância de se "renomear" os grandes
grupos empresariais, dando transparência para os últimos controladores.
Algumas,
como a Blessed Holdings, dona do grupo JBS, e a Stichting Gerdau Johannpeter,
controladora do grupo Gerdau, estão sediadas no exterior, segundo Lopes.
Fonte: Estadão