Em
06 de dezembro de 1988, em pleno processo constituinte, era assassinado o
deputado estadual do Pará, João Carlos Batista, na época exercendo mandato pelo PSB. Advogado
defensor da Reforma Agrária e que denunciava no parlamento os crimes de
latifundiários contra posseiros, João Batista sofreu três atentados à bala e da tribuna da
Assembleia Legislativa do Pará, denunciou que seria morto 3 horas antes do
crime.
Apesar
dos pedidos incessantes de proteção, João Batista foi morto enquanto entrava na
garagem de seu prédio no centro de Belém, na companhia da esposa e de três dos
seus cinco filhos.
As pilhas
de um processo se arrastaram por anos. O caso foi encerrado sem que os responsáveis
pela sua morte fossem presos ou oficialmente identificados.
Abaixo segue nota sobre os
24 anos do assassinato de João Carlos Batista que foi distribuída hoje, 6 de
dezembro, durante o ato no Congresso Nacional, quando foram reempossados os
parlamentares cassados pela ditadura. O documento é do irmão de João Batista, João Carlos Batista.
6 de dezembro de 2012: 24 anos do assassinato do deputado João Carlos
Batista
No
momento que o Congresso Nacional, em um ato simbólico, reempossa os
parlamentares cassados pela ditadura, é oportuno e justo resgatar a memória de
um jovem parlamentar que não foi cassado, mas foi morto, aos 36 anos, por atuar
ao lado dos trabalhadores na defesa da reforma agrária faz parte da defesa da
democracia e do resgate da verdade histórica.
Batista,
como era conhecido João Carlos Batista, foi o único deputado assassinado no
Brasil após o fim do governo militar. Atuou junto aos camponeses do Pará na
luta pela reforma agrária. Ele foi morto em 6 de dezembro de 1988,
depois de ter sofrido três atentados a bala (1985, 86 e 87), mesmo tendo
solicitado, inúmeras vezes, formalmente, segurança ao poder público - que
manteve-se omisso, acabou assassinado.
O
crime organizado pelo latifúndio não vacilou. Assassinou um deputado no pleno
exercício de seu mandato parlamentar, matando-o na frente da família, quando
chegava em sua casa, localizada no centro de Belém (PA), após sair de uma
sessão da Assembléia Legislativa do Pará.
Os
mortos pelo latifúndio, entre 1964 e 2011, passam de dois mil, com escassos
casos de assassinos e mandantes julgados e condenados.
Decorrido
24 anos do assassinato de João Batista dois pistoleiros foram presos. Os dois já
foram mortos. Um degolado, ainda antes de ser julgado, dentro da prisão. O
outro, condenado a 30 anos de prisão, foi morto em 12 de dezembro de 2010, em
Teresina (PI) quando livremente continuava exercendo seu ofício de matador.Os
mandantes continuam livres e sem terem sido julgados. Nem mesmo foram citados
no processo.
Relembrar
a memória de Batista, no dia em que sua morte completa 24 anos durante o ato do
Congresso Nacional de reempossar os parlamentares cassados pela ditadura
reafirma a necessidade da sociedade não permitir, nunca mais, cassações, nem
mortes de lideranças, parlamentares e de nenhuma pessoa por lutar pela
democracia e por justiça social.
O mandato de João Carlos
Batista foi cassado pelas balas do latifúndio, por isso relembra-lo é importante
para animar a fé na luta e em quem combate ao lado do povo.
Ditadura nunca mais.
João Carlos Batista vive.
Brasília, 6 de dezembro de
2012
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