sexta-feira, 5 de julho de 2013

Indígenas fecham estrada de ferro da Vale no Maranhão

Bloqueio, feito por 150 integrantes de sete povos, acontece para chamar a atenção à ocupação da sede de órgão da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) no estado que já chega a 10 dias
Renato Santana* 
Cerca de 150 integrantes de sete povos do Maranhão interditaram no início da tarde desta quinta-feira, 4, a Estrada de Ferro Carajás, que liga as jazidas de minério de ferro da Vale ao porto de São Luís, capital do estado. O trecho da ferrovia bloqueado passa pela aldeia Maçaranduba, Terra Indígena Caru, dos Awá-Guajá e Tenetehara (Guajajara). A ocupação se manterá por tempo indeterminado.  
De acordo com as lideranças do movimento, a ferrovia foi bloqueada porque os povos ocupam há dez dias a sede do DSEI-Maranhão, órgão da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Ministério da Saúde, e até agora não tiveram suas reivindicações atendidas. “Então os parentes decidiram interditar a ferrovia para serem ouvidos”, explica Lourenço Krikati, 44 anos, da Terra Indígena Krikati.
O que os povos pedem são as exonerações do DSEI de Licínio Carmona, gestor do distrito, e Antonio Izildo, chefe da equipe de divisão técnica. “Eles desrespeitam o controle social da saúde indígena e a gestão é péssima. Precisamos de pessoas que priorizem o diálogo com o movimento indígena e as comunidades”, afirma Lourenço, também integrante do Conselho Nacional de Saúde Indígena.
Além da substituição dos dirigentes, os povos exigem melhoras nas condições de trabalho dos servidores do DSEI. Desde o último dia 24 de junho, as comunidades contabilizaram seis mortes em decorrência da falta de estrutura para o atendimento da saúde. “Faltam medicamentos, transporte para os doentes. A desassistência faz com que os casos fiquem graves e caminhem para o óbito”, diz Lourenço.
Para a liderança a situação é de colapso e por conta disso os povos estão dispostos a levar as mobilizações para outros pontos do estado, com novas ocupações e trancamentos. Os povos presentes nas mobilizações são os Krenjê, Tenetehara, Awá-Guajá, Apãniekra, Ramkokramekra, Gavião e Krikati. “Queremos dialogar, mas não mais com esses dirigentes. Esse é o nosso desejo”, encerra Lourenço.

*Fonte: Cimi
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