quinta-feira, 4 de julho de 2013

Guarani-kaiowá: Justiça manda polícia abrir acesso a comunidade indígena em fazenda em Mato Grosso do Sul

A Justiça atendeu ao pedido do Ministério Público Federal e determinou o uso de força policial (PF e PM) para fazer cumprir decisão de acesso dos órgãos de assistência ao indígena (Funai e Sesai) à comunidade Pyelito Kue, em Iguatemi (MS). Também foi estipulada multa de R$ 10 mil por dia se houver novo descumprimento da decisão.
Os indígenas, da etnia guarani-kaiowá, ocupam área de 1 hectare da fazenda Cambará desde novembro de 2011. A primeira ordem judicial determinando livre acesso à comunidade através da fazenda é de 30/10/12. Uma segunda ordem foi dada em 15/03/13. Ambas foram descumpridas. Eles permanecem na área até o fim do processo de demarcação de suas terras tradicionais. 
A Polícia Federal e a Polícia Militar serão comunicadas oficialmente para que, num trabalho conjunto com a Funai e outros órgãos governamentais envolvidos, criem um plano de acesso à comunidade e "façam cumprir o que foi determinado pela Justiça".
Segundo laudo pericial elaborado pelo Ministério Público Federal em maio, o acesso para assistência aos indígenas é através do rio, quando as condições permitem, com o uso de barcos. Quando o rio está cheio, o atendimento médico e a distribuição de alimentos são realizados à beira da estrada. O acesso à comunidade é impedido, já que as porteiras estão trancadas com cadeado. 
Até o fim da demarcação
A desembargadora federal Cecília Mello, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), afirmou que "a utilização de força policial é medida de rigor, que ora se impõe", já que "os fazendeiros não cumprem, no mínimo regularmente, a determinação desta Egrégia Corte Regional há pelo menos sete meses, o que, além de caracterizar desrespeito a uma decisão emanada pelo Poder Judiciário, coloca em risco todo um trabalho de harmonização das relações entre proprietários de terras e silvícolas no Estado do Mato Grosso do Sul".
Os indígenas, da etnia guarani-kaiowá, ocupam área de 1 hectare da fazenda Cambará, desde novembro de 2011. Os índios se refugiaram no local - situado do outro lado do Rio Hovy - depois de ataque de pistoleiros ao acampamento montado por eles em estrada vicinal da região, em agosto do mesmo ano.
A situação dos guaranis em Pyelito Kue tornou-se assunto em todo o país quando os índios divulgaram uma carta em que se declaravam dispostos a morrer em vez de deixar as terras, assim que foram notificados do despejo pela Justiça Federal do Mato Grosso do Sul.
Fonte: UOL
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