Por André Borges e Francisco Góes*
A Vale obteve a peça que faltava para levar adiante o projeto de minério de ferro S11D, na Serra Sul de Carajás, no Pará, o maior empreendimento da história da companhia com investimentos totais estimados em US$ 19,6 bilhões. O presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior, assinou a licença de instalação do S11D, conforme adiantado, ainda pela manhã, pelo Valor PRO, o serviço de informações em tempo real do Valor.
A licença de instalação emitida pelo Ibama faz parte da segunda fase de licenciamento do S11D e permite o início das obras de construção da usina que vai processar o minério. "Parte da licença [ambiental] para o projeto já havia sido concedida, faltava somente a parte da mina, do processamento", disse Vania Somavilla, diretora-executiva de sustentabilidade da Vale. O S11D é um projeto integrado entre mina, ferrovia e porto que vai produzir 90 milhões de toneladas por ano a partir do segundo semestre de 2016. Dos US$ 19,6 bilhões, US$ 8 bilhões serão aplicados na mina e na usina e US$ 11,5 bilhões em logística.
"É o maior projeto da Vale e também o maior na indústria de minério de ferro", reafirmou o presidente da empresa, Murilo Ferreira. Ele previu que o S11D vai atingir plena capacidade de produção em 2018. O S11D será importante para a Vale aumentar a produção no sistema norte para 230 milhões de toneladas por ano a partir de 2018. Além do S11D, a companhia tem projeto para adicionar 40 milhões de toneladas por ano em Carajás, previsto para começar a operar no fim deste ano. Em 2012, a empresa produziu 107 milhões de toneladas no sistema norte.
Ferreira afirmou que o minério do S11D é de boa qualidade, capaz de aumentar a produtividade da indústria siderúrgica e, por isso, será disputado por clientes na Europa e na Ásia. Ferreira afirmou que o investimento no projeto se justifica mesmo com a perspectiva de crescimento menor da siderurgia: "Se o mercado de siderurgia não vai crescer na mesma exuberância de 6% como vinha crescendo, se crescer simplesmente 3%, será preciso mais 40 milhões de toneladas por ano de suprimento."
A Vale também definiu o modelo do financiamento para o projeto. Luciano Siani, diretor-executivo de finanças, disse que os desembolsos do S11D vão se dar ao longo de cinco anos, com maior concentração em 2014 e 2015. Siani disse que a empresa trabalha com a expectativa de contar com o apoio do BNDES para o projeto. Mas a Vale também considera o interesse de agências de crédito internacionais no projeto, como JBIC, KFW e EDC.
A emissão da licença de instalação ocorre dois meses após a Vale obter autorização para construir o ramal ferroviário que ligará a mina de Serra Sul até a Estrada de Ferro Carajás (EFC), também controlada pela companhia. A construção desse ramal é fundamental para viabilizar o escoamento da produção adicional de Carajás. A partir da EFC, o minério seguirá por malha de 504 quilômetros até chegar ao terminal portuário de Ponta da Madeira, no Maranhão. O projeto S11D vai ampliar a extração e beneficiamento de minério no Complexo Minerador de Carajás, que está em operação desde 1985 nos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás, no Pará.Ao todo, 13 técnicos do Ibama participaram do processo de licenciamento que permite a instalação do projeto. As avaliações ambientais resultaram na redução da área de desmatamento, que caiu de 2.591,5 hectares para 1.491,89 hectares. As exigências impostas pelo Ibama também incluíram a substituição do método convencional de lavra mineral, que costuma se apoiar em um forte fluxo de caminhões. No empreendimento, a Vale vai utilizar uma metodologia conhecida como "truckless", que se baseia na utilização de esteiras e máquinas modulares para viabilizar a logística da mina. O licenciamento também exige a preservação integral de lagoas da região. "O projeto segue os mais modernos conceitos de sustentabilidade", disse Vânia Somavilla. O processamento do minério será a seco, dispensando as barragens de rejeitos. A Vale terá que pagar uma taxa de compensação ambiental, cobrada pelo Ibama para qualquer tipo de empreendimento com impacto no meio ambiente. A taxa do S11D foi fixada em 0,5% do preço de referência estimado para o projeto, percentual mais alto utilizado na compensação. O valor estipulado chegou a R$ 47,6 milhões.
*Fonte: Valor Econômico - 4 jul 2013
A Vale obteve a peça que faltava para levar adiante o projeto de minério de ferro S11D, na Serra Sul de Carajás, no Pará, o maior empreendimento da história da companhia com investimentos totais estimados em US$ 19,6 bilhões. O presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior, assinou a licença de instalação do S11D, conforme adiantado, ainda pela manhã, pelo Valor PRO, o serviço de informações em tempo real do Valor.
A licença de instalação emitida pelo Ibama faz parte da segunda fase de licenciamento do S11D e permite o início das obras de construção da usina que vai processar o minério. "Parte da licença [ambiental] para o projeto já havia sido concedida, faltava somente a parte da mina, do processamento", disse Vania Somavilla, diretora-executiva de sustentabilidade da Vale. O S11D é um projeto integrado entre mina, ferrovia e porto que vai produzir 90 milhões de toneladas por ano a partir do segundo semestre de 2016. Dos US$ 19,6 bilhões, US$ 8 bilhões serão aplicados na mina e na usina e US$ 11,5 bilhões em logística.
"É o maior projeto da Vale e também o maior na indústria de minério de ferro", reafirmou o presidente da empresa, Murilo Ferreira. Ele previu que o S11D vai atingir plena capacidade de produção em 2018. O S11D será importante para a Vale aumentar a produção no sistema norte para 230 milhões de toneladas por ano a partir de 2018. Além do S11D, a companhia tem projeto para adicionar 40 milhões de toneladas por ano em Carajás, previsto para começar a operar no fim deste ano. Em 2012, a empresa produziu 107 milhões de toneladas no sistema norte.
Ferreira afirmou que o minério do S11D é de boa qualidade, capaz de aumentar a produtividade da indústria siderúrgica e, por isso, será disputado por clientes na Europa e na Ásia. Ferreira afirmou que o investimento no projeto se justifica mesmo com a perspectiva de crescimento menor da siderurgia: "Se o mercado de siderurgia não vai crescer na mesma exuberância de 6% como vinha crescendo, se crescer simplesmente 3%, será preciso mais 40 milhões de toneladas por ano de suprimento."
A Vale também definiu o modelo do financiamento para o projeto. Luciano Siani, diretor-executivo de finanças, disse que os desembolsos do S11D vão se dar ao longo de cinco anos, com maior concentração em 2014 e 2015. Siani disse que a empresa trabalha com a expectativa de contar com o apoio do BNDES para o projeto. Mas a Vale também considera o interesse de agências de crédito internacionais no projeto, como JBIC, KFW e EDC.
A emissão da licença de instalação ocorre dois meses após a Vale obter autorização para construir o ramal ferroviário que ligará a mina de Serra Sul até a Estrada de Ferro Carajás (EFC), também controlada pela companhia. A construção desse ramal é fundamental para viabilizar o escoamento da produção adicional de Carajás. A partir da EFC, o minério seguirá por malha de 504 quilômetros até chegar ao terminal portuário de Ponta da Madeira, no Maranhão. O projeto S11D vai ampliar a extração e beneficiamento de minério no Complexo Minerador de Carajás, que está em operação desde 1985 nos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás, no Pará.Ao todo, 13 técnicos do Ibama participaram do processo de licenciamento que permite a instalação do projeto. As avaliações ambientais resultaram na redução da área de desmatamento, que caiu de 2.591,5 hectares para 1.491,89 hectares. As exigências impostas pelo Ibama também incluíram a substituição do método convencional de lavra mineral, que costuma se apoiar em um forte fluxo de caminhões. No empreendimento, a Vale vai utilizar uma metodologia conhecida como "truckless", que se baseia na utilização de esteiras e máquinas modulares para viabilizar a logística da mina. O licenciamento também exige a preservação integral de lagoas da região. "O projeto segue os mais modernos conceitos de sustentabilidade", disse Vânia Somavilla. O processamento do minério será a seco, dispensando as barragens de rejeitos. A Vale terá que pagar uma taxa de compensação ambiental, cobrada pelo Ibama para qualquer tipo de empreendimento com impacto no meio ambiente. A taxa do S11D foi fixada em 0,5% do preço de referência estimado para o projeto, percentual mais alto utilizado na compensação. O valor estipulado chegou a R$ 47,6 milhões.
*Fonte: Valor Econômico - 4 jul 2013