quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Servidores denunciam corrupção e blindagem política em Unidade do Incra no Mato Grosso


Funcionários do órgão ameaçam fechar a unidade nesta 4ª em sinal de protesto devido à situação

Patrícia Sanches*

Servidores do Incra de Peixoto do Azevedo, por meio de memorando, exigem que o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, e o presidente nacional do Incra, Carlos Mário Guedes de Guedes, combatam a prática de atos ilícitos cometidos pelo chefe da unidade avançada de Guarantã do Norte, Luiz Cezar Solano. Conforme documento, que o Rdnews teve acesso, memorando feito no último dia 5 e dirigido ao ministro, ao presidente nacional e ao superintendente do órgão em Mato Grosso Salvador Soltério, a sede regional já havia sido comunicada, por e-mail, da existência de problemas na unidade de Guarantã do Norte, por meio dos documentos intitulados “Denúncia de Armação” e “Comunicação de cobrança de propina”.

Os atos ilícitos supostamente praticados pelo chefe da unidade, estariam, segundo os servidores, “de forma leviana” os envolvendo e maculando a imagem do Incra na região. “Mais uma vez rogamos providências urgentes, pois, a partir do dia 18 (quarta-feira de Cinzas) todos os servidores lotados na unidade avançada de Peixoto do Azevedo, que abaixo subescrevem, se negam a entrarem na unidade e não vão permitir que o chefe adentre, como forma de protesto”, asseveram. Em seguida, pedem uma intervenção urgente, pois o clima é tenso e pode haver uma tragédia.

O documento relata ainda que, desde o início do ano passado, há denúncias de que Solano receberia propina para fazer homologações indevidas de pessoas que não são clientes da Reforma Agrária, “consequentemente no fornecimento de documentos, principalmente a respeito das liberações de condições resolutivas dos títulos de propriedade”. O valor cobrado varia de R$ 6 mil a 20 mil. São citados, inclusive, exemplos de cobranças indevidas que, segundo o documento, são alvo de investigação da Polícia Federal desde outubro do ano passado.

Os servidores ponderam no documento que Salvador bem que tentou exonerar Solano, mas que não obteve êxito em razão da interferência do deputado federal Carlos Bezerra (PMDB), de quem o chefe de Guarantã seria afilhado político. Bezerra teria interferido junto ao presidente nacional do Incra, por isso, os servidores encaminham cópia do memorando para ele e para o ministro.

Diante da situação, os servidores exigem a exoneração imediata de Solano, assim como a nomeação de um servidor efetivo para o cargo. “Estamos até com vergonha de sair na rua e ouvir todos falando mal do órgão”. Depois, ameaçam recorrer até a mídia nacional e finalizam: “espero que não, a instituição não precisa passar por mais esse vexame”.

Outro lado
O superintendente do Incra em Mato Grosso, por sua vez, reconhece que já recebeu o documento e o encaminhou para o ministro e para o presidente do Incra com a sua versão. Reforça que as medidas, em âmbito estadual, foram feitas, tendo em vista que o chefe da unidade chegou até a ser substituído. “Mas o Incra achou por melhor mantê-lo”, pondera.

Salvador reconhece ainda que as denúncias são graves, mas pontua que ainda não se sabe se são verdadeiras. Ele confirma que o caso é investigado pela Polícia Federal e que ele já foi ouvido. “Procurei fazer a minha parte. Tive com o delegado Gabriel, foi quando afastei o rapaz”.

A assessoria nacional do Incra informou que o documento está nas mãos do ministro Patrus e que, em razão do feriado prolongado, só poderá emitir um posicionamento na quarta. O Rdnews também ligou no Ministério e encaminhou e-mail solicitando informações, mas, até o fechamento desta reportagem, não recebeu retorno. O deputado federal Carlos Bezerra, por sua vez, estava com os dois celulares desligados, por isso, não foi localizado. A assessoria do parlamentar na Capital também não foi localizada.

*Fonte: RDNews – Mato Grosso
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