Funcionários do órgão ameaçam fechar a unidade
nesta 4ª em sinal de protesto devido à situação
Patrícia Sanches*
Servidores
do Incra de Peixoto do Azevedo, por meio de memorando, exigem que o ministro do
Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, e o presidente nacional do Incra,
Carlos Mário Guedes de Guedes, combatam a prática de atos ilícitos cometidos
pelo chefe da unidade avançada de Guarantã do Norte, Luiz Cezar Solano.
Conforme documento, que o Rdnews teve acesso, memorando feito no último dia 5 e
dirigido ao ministro, ao presidente nacional e ao superintendente do órgão
em Mato Grosso Salvador Soltério, a sede regional já havia sido comunicada, por
e-mail, da existência de problemas na unidade de Guarantã do Norte, por meio
dos documentos intitulados “Denúncia de Armação” e “Comunicação de cobrança de
propina”.
Os atos
ilícitos supostamente praticados pelo chefe da unidade, estariam, segundo os
servidores, “de forma leviana” os envolvendo e maculando a imagem do Incra na
região. “Mais uma vez rogamos providências urgentes, pois, a partir do dia 18
(quarta-feira de Cinzas) todos os servidores lotados na unidade avançada de
Peixoto do Azevedo, que abaixo subescrevem, se negam a entrarem na unidade e
não vão permitir que o chefe adentre, como forma de protesto”, asseveram. Em
seguida, pedem uma intervenção urgente, pois o clima é tenso e pode haver uma
tragédia.
O documento
relata ainda que, desde o início do ano passado, há denúncias de que Solano
receberia propina para fazer homologações indevidas de pessoas que não são
clientes da Reforma Agrária, “consequentemente no fornecimento de documentos,
principalmente a respeito das liberações de condições resolutivas dos títulos
de propriedade”. O valor cobrado varia de R$ 6 mil a 20 mil. São citados,
inclusive, exemplos de cobranças indevidas que, segundo o documento, são alvo
de investigação da Polícia Federal desde outubro do ano passado.
Os servidores
ponderam no documento que Salvador bem que tentou exonerar Solano, mas que não
obteve êxito em razão da interferência do deputado federal Carlos Bezerra
(PMDB), de quem o chefe de Guarantã seria afilhado político. Bezerra teria
interferido junto ao presidente nacional do Incra, por isso, os servidores
encaminham cópia do memorando para ele e para o ministro.
Diante da
situação, os servidores exigem a exoneração imediata de Solano, assim como a
nomeação de um servidor efetivo para o cargo. “Estamos até com vergonha de sair
na rua e ouvir todos falando mal do órgão”. Depois, ameaçam recorrer até a
mídia nacional e finalizam: “espero que não, a instituição não precisa passar
por mais esse vexame”.
Outro
lado
O
superintendente do Incra em Mato Grosso, por sua vez, reconhece que já recebeu
o documento e o encaminhou para o ministro e para o presidente do Incra com a
sua versão. Reforça que as medidas, em âmbito estadual, foram feitas, tendo em
vista que o chefe da unidade chegou até a ser substituído. “Mas o Incra achou
por melhor mantê-lo”, pondera.
Salvador
reconhece ainda que as denúncias são graves, mas pontua que ainda não se sabe
se são verdadeiras. Ele confirma que o caso é investigado pela Polícia Federal
e que ele já foi ouvido. “Procurei fazer a minha parte. Tive com o delegado
Gabriel, foi quando afastei o rapaz”.
A assessoria
nacional do Incra informou que o documento está nas mãos do ministro Patrus e
que, em razão do feriado prolongado, só poderá emitir um posicionamento na
quarta. O Rdnews também ligou no Ministério e encaminhou e-mail solicitando
informações, mas, até o fechamento desta reportagem, não recebeu retorno. O
deputado federal Carlos Bezerra, por sua vez, estava com os dois celulares
desligados, por isso, não foi localizado. A assessoria do parlamentar na
Capital também não foi localizada.
*Fonte: RDNews – Mato Grosso