Trabalhadoras e trabalhadores rurais, das regiões do Tapajós, Baixo Amazonas e Transamazônica, juntamente com servidoras e servidores, que ocupam desde a manhã desta segunda (04/04) a sede da SR30 em Santarém e que pedem a recondução de Claudinei Chalito ao cargo de superintendente, recebem na tarde desta terça (05/04) um representante da presidência do Incra, enviado de Brasília especialmente para tratar do caso.
Por Assessoria de Comunicação Terra de
Direitos*
Durante a ocupação da
sede do Incra em Santarém, iniciada nesta segunda, o presidente do STTR,
Edivaldo Peixe (na foto, com o microfone) afirmou que “esse movimento aqui é em
função do desrespeito contra o povo do oeste do Pará, principalmente o povo da área
rural. Foi um golpe que deram em nós, quando, sem qualquer conversa com o
movimento, foi demitido o superintendente Claudinei Chalito”. Para Lígia
Fernandes, representante de uma das associações de assentamentos presentes na
ocupação, “a exoneração do Claudinei Chalito foi completamente sem critério.
Nós tememos muito os acordos que estão por trás desta indicação política,
que podem ter interesses de madeireiros, latifundiários, grileiros e
mineradoras”.
Na
sexta-feira, os Movimentos Sociais da região fizeram um Ato Público em frente
ao prédio do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), manifestando
repúdio à exoneração de Claudinei Chalito da Superintendência Regional SR30.
Dois dias antes, em 30 de março, já haviam divulgado uma carta, assinada por 61 organizações, defendendo a
gestão de Chalito, que “recebeu uma Superintendência Regional sucateada,
desmoralizada e descomprometida com a política fundiária na região oeste do
Pará. Chalito assumiu a gestão após a prisão do ex-superintendente Barcelar
Guerreiro Júnior, em 24 de agosto de 2015, através da Operação Madeira Limpa da
Polícia Federal para desmantelar uma quadrilha de exploração ilegal de madeira.
Claudinei Chalito ao entrar no INCRA- SR 30 encontrou as mais difíceis demandas
desse órgão, porém, optou pelo diálogo honesto com as associações e sindicatos
representantes dos trabalhadores e trabalhadoras, e por uma política fundiária
que de fato beneficiasse a agricultura familiar.”
O Ministério Público Federal também está pedindo,
através de ofício encaminhado à presidenta do Incra, que as
atividades de regularização fundiária planejadas pela gestão do
ex-superintendente Claudinei Chalito sejam mantidas. O ofício, enviado por
membros do MPF, destaca que “caso o novo gestor, Adaías Gonçalves, decida
alterar a programação elaborada com a participação do MPF, o Incra precisará
justificar expressamente a mudança no planejamento. Caso o Incra opte em não
atender reivindicação de 61 movimentos sociais de agricultores familiares, produtores
rurais assentados, cooperativas e associações de reconduzir Claudinei Chalito
ao cargo, o MPF considera necessária a transparência nos motivos do ato de
exoneração à sociedade, em especial aos movimentos sociais e órgãos que atuam
diretamente na implementação de políticas públicas fundiárias.”
Chalito foi exonerado em 29 de março de 2016,
seis meses após assumir a SR-30, para dar lugar a Adaías Gonçalves. Segundo
o jornal O impacto e
o Blog do Jeso,
ambos de Santarém, Adaías foi indicado para o cargo pelo deputado federal Francisco
Chapadinha, do PTN. O apoio deste
partido, que conta com 13 deputados na Câmara, é disputado tanto pela oposição
como também pelo próprio governo, que precisa de pelo menos 172 votos para
evitar o impeachment. No portal Mapa da
Democracia, Chapadinha aparece como “indeciso” quanto ao seu
voto sobre afastar, ou não, a presidenta Dilma. Mas, em entrevista ao repórter
Armando Carvalho, da Rádio Rural de Santarém, na manhã desta segunda, o
deputado Chapadinha assumiu compromisso de se posicionar contra o impeachment.
*Fonte: Terra de Direitos