segunda-feira, 16 de maio de 2016

Ministros de Temer possuem patrimônio de R$ 200 milhões e 250 mil hectares

Apenas 5 dos 23 escolhidos não são milionários; fortunas estão principalmente na agropecuária; vários deles descendem de tradicionais famílias da oligarquia do NE
Por Alceu Luís Castilho*
Dezoito dos 23 ministros escolhidos pelo presidente interino Michel Temer declararam à Justiça Eleitoral possuir R$ 198 milhões. Os outros cinco não concorreram a cargos eletivos nos últimos anos e ainda não divulgaram a relação de bens. Vejam a relação:
Blairo Maggi (PP) – Agricultura – R$ 143.272.924,99*
Henrique Eduardo Alves (PMDB) – Turismo – R$ 12.414.019,98
Leonardo Picciani (PMDB) – Esporte – R$ 7.259.014,81
Gilberto Kassab (PSD) – Comunicação, Ciência – R$ 6.536.140,32
Geddel Vieira Lima (PMDB) – Secretaria de Governo – R$ 5.971.124,61
Sarney Filho (PV) – Meio Ambiente – R$ 4.752.376,77
Bruno Araújo (PSDB) – Cidades – R$ 3.156.779,35
Fernando Coelho (PSB) – Minas e Energia – R$ 2.761.735,69
Eliseu Padilha (PMDB) – Casa Civil – R$ 2.688.415,73*
Helder Barbalho (PMDB) – Integração Nacional – R$ 2.337.676,77
Ricardo Barros (PP) – Saúde – R$ 1.821.481,39
Mendonça Filho (DEM) – Educação, Cultura – R$ 1.649.203,71
José Serra (PSDB) – Relações Exteriores – R$ 1.553.822,22
Maurício Quintella (PR) – Transportes – R$ 959.940,12
Romero Jucá (PMDB) – Planejamento – R$ 607.901,41
Osmar Terra (PMDB) – Desenvolvimento Social e Agrário – R$ 421.901,69
Ronaldo Nogueira (PTB) – Trabalho – R$ 86.030,00
Raul Jungmann (PPS) – Defesa – R$ 38.459,47
Total: R$ 198.288.949,03

* Dados de 2010. Todos os demais são relativos ao ano de 2014.
Somente cinco não são milionários. Mas um deles já foi: Romero Jucá. O ministro do Planejamento transferiu a maior parte dos bens, nos anos 90, para os filhos. Um deles, Rodrigo Jucá, declarou à Justiça Eleitoral possuir R$ 4,45 milhões.
Esplanada dos ruralistas
A maior parte dos bens é rural. A começar pelo patrimônio de Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do mundo. Mas também temos pecuaristas, como Leonardo Picciani (uma de suas fazendas já esteve na lista suja do trabalho escravo) e Geddel Vieira Lima. A fortuna de Jader Barbalho (PMDB), pai do ministro Helder Barbalho, foi multiplicada na pecuária. Fernando Coelho, Mendonça Filho, Sarney Filho e Henrique Eduardo Alves pertencem a famílias tradicionais da oligarquia nordestina.
O grupo Amaggi planta 224 mil hectares de soja, milho e algodão. Vejamos a quantidade de terra declarada em 2014 por outros ministros de Temer:
Geddel Vieira Lima – 9.047 hectares
Ricardo Barros – 5.204 hectares
As terras de Leonardo Picciani estão em nome de uma empresa, a Agrobilara. E, portanto, a Justiça Eleitoral não registra a quantidade de terras que o ministro possui. Mas uma das fazendas incorporadas ao grupo, em São Félix do Araguaia (MT), a Karajás, já foi declarada pelo pai de Leonardo, Jorge Picciani, por 9.974 hectares. Mendonça Filho também tem empresa agropecuária, incorporada à Vale do Cumbre Participações.
Raul Jungmann, o mais pobre entre os ministros, foi ministro do Desenvolvimento Agrário durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Uma de suas bandeiras era o combate à grilagem.
Temer, o interino
O presidente interino Michel Temer declarou R$ 7,5 milhões em 2014. Atua no ramo imobiliário, como Gilberto Kassab. Temer já nomeou uma funcionária da vice-presidência para cuidar de sua principal empresa, a Tabapuã Investimentos e Participações, onde ele tem R$ 2,2 milhões em cotas.
Em bens rurais, o interino declarou apenas uma chácara. Ele já teve fazenda em Goiás – vendeu após ser investigado por crime ambiental e multiplicar o tamanho da propriedade, em área de proteção permanente – e é acusado pelo MST de ser o verdadeiro dono de uma fazenda em São Paulo.
Uma das medidas de Temer foi fundir o Ministério do Desenvolvimento Agrário – que cuida da reforma agrária, das medidas de apoio à agricultura familiar – à pasta do Desenvolvimento Social.
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