Alan Azevedo / MNI
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Para movimento indígena, novo
governo assumirá com pautas ruralistas voltadas para a redução dos direitos dos
povos indígenas. Lideranças lembram que Michel Temer já avisou que
revisaria demarcações
Mesmo dormindo com um governo e acordando com outro, a luta
dos povos indígenas não para. Cerca de mil índios, participantes do
Acampamento Terra Livre (ATL), saíram em marcha, ontem (12/5) pela manhã,
rumo à Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, em Brasília, em
nome da garantia dos direitos indígenas e contra todo e qualquer retrocesso
para esses povos.
A marcha desceu por quase todo o Eixo Monumental, desde o
Memorial dos Povos Indígenas até o Palácio do Planalto, onde chegaram com
gritos de “Demarcação já!”. No local, a presidente Dilma Rousseff fez
pronunciamento às centenas de manifestantes presentes contrários ao impeachment
(veja galeria de fotos no fim do texto). Ela foi afastada temporariamente do
cargo hoje, depois da aprovação da admissibilidade do processo impedimento pelo
Senado na madrugada de hoje.
“Nós somos perseguidos há mais de 500 anos. Inclusive durante
o governo do PT, houve um grande aumento da violência contra os povos
indígenas”, avaliou Daiara Tukano. No entanto, ela reconheceu que um novo
governo Temer seria um retrocesso ainda maior. “Nós sabemos que no momento que
entrar Temer no Planalto, com sua equipe de ministros extremamente
reacionários, a primeira bala vai ser disparada contra os povos indígenas”.
Recentemente, Michel Temer encontrou-se com a bancada
ruralista – que luta por uma série de bandeiras anti-indígenas – para propor
medidas ao novo governo. Chamado de “Pauta Positiva” pelos ruralistas, o
documento apresenta uma série de itens que, se colocados em prática,
significarão retrocessos para os direitos sociais em geral, em especial os
direitos indígenas.
Para Daiara Tukano, é importante ressaltar que o movimento
indígena é independente em relação a partidos e governos. “O movimento indígena
não existe em nenhum espaço partidário, nenhum espaço político desse Brasil, em
nenhum poder, seja o Legislativo, o Judiciário ou o Executivo, que em algum
momento tenha sido realmente comprometido com o direito dos povos indígenas”,
defendeu ela.
“Nós viemos aqui para dizer que vamos continuar na rua,
mobilizados, fazendo resistência”, disse Sônia Guajajara, da coordenação da
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), responsável pelo ATL.
Ela chamou atenção para a informação de que Temer disse que revisaria
todas as demarcações de Terras Indígenas encaminhadas pelo governo Dilma nas
últimas semanas. Apenas ontem, o Ministro da Justiça, Eugênio Aragão,
publicou cinco portarias declaratórias .
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