Frente do Agronegócio chamou a atenção para atos do governo nos últimos 10 dias.
Por Simone Iglesias e Renata Mariz*
Pressionado
por setores do agronegócio, o vice-presidente Michel Temer quer rever todas as
recentes medidas do governo ligadas a desapropriação de áreas para a reforma
agrária e demarcação de terras indígenas, caso assuma a Presidência. Desde o
início do mês, a presidente Dilma Rousseff intensificou a assinatura de atos
para garantir o reconhecimento fundiário a indígenas, quilombolas e
agricultores.
Somente nos últimos 10 dias, o governo assinou atos reconhecendo
pelo menos cinco comunidades quilombolas em diferentes regiões do país, além de
aprovar outras etapas importantes do processo de legalização fundiária. O
governo também chancelou estudos de delimitação de quatro terras indígenas e
homologou uma área no Pará destinada ao povo Arara. No dia 1º de abril, Dilma
assinou 21 decretos para desapropriar 56 mil hectares de terras.
Alertado pela Frente Parlamentar do Agronegócio, que esteve em
seu gabinete na quarta-feira, Temer demonstrou assombro com a rapidez que o
governo imprimiu ao assunto. O vice deixou claro que revisará todas as
desapropriações.
Apesar da firmeza nas declarações ouvidas pelos interlocutores,
o grupo de Temer está preocupado com a pressão do PT para que o Movimento dos
Trabalhadores SemTerra (MST) aumente as invasões país afora. O ministro da
Defesa, Aldo Rebelo, foi procurado pelos peemedebistas esta semana e garantiu
que tudo está sendo acompanhado por sua área.
Alexandre Conceição, da coordenação do MST, diz que os
movimentos populares já se articulam para “paralisar o país”. A agenda de
grandes protestos deve começar no dia 10 de maio. Conceição afirma que as
entidades sociais não deixarão Temer governar.
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