domingo, 17 de maio de 2015

Oleiros de Altamira fecharam acesso a aeroporto contra Licença de Operação de Belo Monte

Fotografia: Lalo de Almeida/Folhapress
Na madrugada desta quinta, 14, dezenas de oleiros que trabalham na produção de tijolos na cidade de Altamira fecharam o acesso ao aeroporto da cidade, em protesto contra a expulsão do setor da área onde historicamente atua na beira do rio Xingu, por ordem judicial a pedido da Norte Energia. Os protestos se somaram às manifestações do Fórum em Defesa de Altamira, ocorridos no último dia 7 de maio, contra a concessão da Licença de Operação de Belo Monte, solicitada pelos empreendedores da usina ao Ibama. A Norte Energia tem se negado a considerar a categoria como afetada por Belo Monte.
O bloqueio da rua foi suspenso por volta das 10 h da manhã, e desde então a categoria está reunida com a empresa.
Leia abaixo a nota dos oleiros
Mulheres, comerciantes, movimentos sociais. Agora são os oleiros que dizem não à usina de Belo Monte
Nesta quinta-feira, 14, uma semana depois da grande manifestação do dia 07 de maio que reuniu centenas de pessoas contra Belo Monte, mais um coletivo de trabalhadores realizou manifestação em Altamira contra a Norte Energia S/A (NESA) e o Governo Federal de Dilma Rousseff. Os oleiros foram às ruas exigir seus direitos e pedir que não seja concedida a Licença de Operação para a UHE Belo Monte antes que a NESA cumpra todas as obrigações que tem com milhares de pessoas que estão sendo impactadas por esta obra.
Os oleiros, trabalhadores que estão presente na região desde a formação da cidade de Altamira, trabalham na beira do rio Xingu retirando argila, matéria prima dos tijolos que eles mesmos depois fabricam, mas agora estão sendo expulsos da área onde se localizam há décadas. Isto porque no final de fevereiro o Juiz Federal Cláudio Henrique Fonseca de Pina deferiu liminar pleiteada pela Norte Energia S/A, onde esta reivindica posse de parte da área denominada Retiro São Jorge, local onde os oleiros desenvolvem suas atividades profissionais.
Nesta ação a União solicitou formalmente que pudesse participar como assistente da NESA, o que, logicamente, foi deferido pelo juiz, ou seja, além da grande equipe de advogados da empresa, todos muito bem pagos, Dilma ainda coloca a Advocacia Geral da União (AGU) a serviço da empresa e contra os trabalhadores.
Para finalizar, o despacho do Juiz Claudio Pina mostra exatamente de que lado a justiça do Pará comumente está: “Fixo multa diária de R$500,00 (quinhentos reais) para o caso de os réus, ou quem estiver no local, obstruir a efetividade do cumprimento da decisão, sem prejuízo da resposta criminal à transgressão da ordem judicial”.
Aproximadamente 160 famílias trabalham na atividade oleira em Altamira, organizados em um sindicato e em uma cooperativa. Estes trabalhadores vêm ha muito tempo questionando a NESA sobre o futuro das pessoas que dependem desta atividade econômica e que já estão sendo diretamente impactadas, mas a empresa tem dificultado o diálogo, enquanto tenta dividir os trabalhadores em grupos distintos, objetivando enfraquecer a resistência.
Cansados de serem enganados, os oleiros ocuparam hoje a estrada que leva ao aeroporto de Altamira, e disseram que somente vão sair de lá quando a empresa e o governo enviarem pessoas com poder de negociação e decisão.
Os únicos responsáveis pela repressão e violência que estes trabalhadores venham a sofrer são a Norte Energia e o Governo da presidente Dilma Rousseff, inimiga dos povos da Amazônia impactados pelos grandes projetos.
Os trabalhadores mais antigos afirmam que a memória dos oleiros pioneiros sempre fortalecerá a luta do tempo presente, fazendo com que seus filhos, filhas, netos e netas mantenham o legado deste modo de vida, de trabalho e de saber.
Viva a luta dos povos da Amazônia
Não à licença de operação para Belo Monte
Pare Belo Monte e aos grandes projetos nos rios da Amazônia


Fonte: Movimento Xingu Vivo Para Sempre (fotografia não incluída originalmente na matéria)
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