Fotografia: Lalo de Almeida/Folhapress |
Na
madrugada desta quinta, 14, dezenas de oleiros que trabalham na produção de
tijolos na cidade de Altamira fecharam o acesso ao aeroporto da cidade, em
protesto contra a expulsão do setor da área onde historicamente atua na beira
do rio Xingu, por ordem judicial a pedido da Norte Energia. Os protestos se
somaram às manifestações do Fórum em Defesa de Altamira, ocorridos no último
dia 7 de maio, contra a concessão da Licença de Operação de Belo Monte,
solicitada pelos empreendedores da usina ao Ibama. A Norte Energia tem se
negado a considerar a categoria como afetada por Belo Monte.
O
bloqueio da rua foi suspenso por volta das 10 h da manhã, e desde então a
categoria está reunida com a empresa.
Leia
abaixo a nota dos oleiros
Mulheres, comerciantes, movimentos
sociais. Agora são os oleiros que dizem não à usina de Belo Monte
Nesta
quinta-feira, 14, uma semana depois da grande manifestação do dia 07 de maio
que reuniu centenas de pessoas contra Belo Monte, mais um coletivo de
trabalhadores realizou manifestação em Altamira contra a Norte Energia S/A
(NESA) e o Governo Federal de Dilma Rousseff. Os oleiros foram às ruas exigir
seus direitos e pedir que não seja concedida a Licença de Operação para a UHE
Belo Monte antes que a NESA cumpra todas as obrigações que tem com milhares de
pessoas que estão sendo impactadas por esta obra.
Os
oleiros, trabalhadores que estão presente na região desde a formação da cidade
de Altamira, trabalham na beira do rio Xingu retirando argila, matéria prima
dos tijolos que eles mesmos depois fabricam, mas agora estão sendo expulsos da
área onde se localizam há décadas. Isto porque no final de fevereiro o Juiz
Federal Cláudio Henrique Fonseca de Pina deferiu liminar pleiteada pela Norte
Energia S/A, onde esta reivindica posse de parte da área denominada Retiro São
Jorge, local onde os oleiros desenvolvem suas atividades profissionais.
Nesta
ação a União solicitou formalmente que pudesse participar como assistente da
NESA, o que, logicamente, foi deferido pelo juiz, ou seja, além da grande
equipe de advogados da empresa, todos muito bem pagos, Dilma ainda coloca a
Advocacia Geral da União (AGU) a serviço da empresa e contra os trabalhadores.
Para
finalizar, o despacho do Juiz Claudio Pina mostra exatamente de que lado a
justiça do Pará comumente está: “Fixo multa diária de R$500,00 (quinhentos
reais) para o caso de os réus, ou quem estiver no local, obstruir a efetividade
do cumprimento da decisão, sem prejuízo da resposta criminal à transgressão da
ordem judicial”.
Aproximadamente
160 famílias trabalham na atividade oleira em Altamira, organizados em um sindicato
e em uma cooperativa. Estes trabalhadores vêm ha muito tempo questionando a
NESA sobre o futuro das pessoas que dependem desta atividade econômica e que já
estão sendo diretamente impactadas, mas a empresa tem dificultado o diálogo,
enquanto tenta dividir os trabalhadores em grupos distintos, objetivando
enfraquecer a resistência.
Cansados
de serem enganados, os oleiros ocuparam hoje a estrada que leva ao aeroporto de
Altamira, e disseram que somente vão sair de lá quando a empresa e o governo
enviarem pessoas com poder de negociação e decisão.
Os
únicos responsáveis pela repressão e violência que estes trabalhadores venham a
sofrer são a Norte Energia e o Governo da presidente Dilma Rousseff, inimiga
dos povos da Amazônia impactados pelos grandes projetos.
Os
trabalhadores mais antigos afirmam que a memória dos oleiros pioneiros sempre
fortalecerá a luta do tempo presente, fazendo com que seus filhos, filhas,
netos e netas mantenham o legado deste modo de vida, de trabalho e de saber.
Viva a luta dos povos da Amazônia
Não à licença de operação para Belo Monte
Pare Belo Monte e aos grandes projetos nos rios da Amazônia
Não à licença de operação para Belo Monte
Pare Belo Monte e aos grandes projetos nos rios da Amazônia
Fonte: Movimento Xingu Vivo Para Sempre (fotografia não incluída originalmente na matéria)