“Além de reforçarmos nosso repúdio a Belo
Monte, a manifestação desta quinta tem duas demandas concretas: que o Ibama não
conceda a Licença de Operação (LO) da usina, que permitiria o enchimento do
reservatório e colocaria grande parte da nossa cidade debaixo d’água, e o
cumprimento de todas as obrigações da Norte Energia para com os atingidos”,
explica Antônia Melo, coordenadora do Xingu Vivo. Segundo ela, a informação de
que a Norte Energia, responsável pela construção de Belo monte, não tem mais
casas disponíveis para reassentar os moradores que estão sendo despejados,
teria se confirmado. “O que ouvimos de atingidos e de defensores da União é que
a Norte Energia está endurecendo a sua posição contra a população, e oferece
apenas indenizações que não compram nem um barraco nos alagados. Algo em torno
de R$ 50 mil, ridículo”.
Sem juiz federal há mais
de um mês, Altamira sofre de um acúmulo de ações contra a Norte Energia,
principalmente desde a chegada da Defensoria da União à cidade em caráter
emergencial, para defender a população mais pobre contra desmandos da empresa.
Segundo Antonia Melo, isto poderá mudar se se cumprir a promessa de chegada de
um novo juiz a cidade em julho.
Fórum de Defesa de Altamira
A insatisfação com Belo Monte e os efeitos do projeto sobre a cidade não se restringe apenas às populações mais pobres, mas cada vez mais empresários e comerciantes têm se manifestado contra todo o processo. Nesse sentido, parte dos empresários da Associação Comercial e Agropastoril de Altamira declarou apoio à manifestação desta quinta, inclusive com apoio à produção de materiais de esclarecimento.
A insatisfação com Belo Monte e os efeitos do projeto sobre a cidade não se restringe apenas às populações mais pobres, mas cada vez mais empresários e comerciantes têm se manifestado contra todo o processo. Nesse sentido, parte dos empresários da Associação Comercial e Agropastoril de Altamira declarou apoio à manifestação desta quinta, inclusive com apoio à produção de materiais de esclarecimento.
De acordo com Antônia
Melo, este movimento é interessante no sentido de unificar um grupo maior de
críticos à usina, o que há tempos não ocorria. “Veja a criação do Fórum de
Defesa de Altamira (FDA), por exemplo. Aqui temos um grande número de
organizações, mas estávamos todos trabalhando isoladamente, e a maioria da
população não estava representada por nenhuma das organizações. Com o FDA, estamos
repetindo uma experiência exitosa na região. Quando a Irmã Dorothy Stang e o
sindicalista Dema foram assassinados, todos aqui ficaram com muito medo,
ninguém tinha coragem de se manifestar. Então criamos o Fórum Popular de
Altamira, para fazermos nossas lutas coletivas. O FDA está nesta linha,
acredito que estaremos cada vez mais unificados na luta pelos nossos direitos”.
O Fórum de Defesa de
Altamira reúne mais de 30 organizações
locais e nacionais (como a Prelazia do Xingu, Movimento Xingu Vivo para Sempre,
Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Movimento dos Atingidos por Barragens
(MAB), Instituto Socioambiental (ISA), UFPA, movimentos de mulheres de Altamira
e da região, organizações sindicais de várias categorias, entre outros).