quinta-feira, 7 de maio de 2015

Protesto em Altamira pede a não liberação da Licença de Operação de Belo Monte


Entidades que compõem o Fórum de Defesa de Altamira promoveram na manhã desta quinta-feira, 07 de maio, mais um protesto contra a hidrelétrica de Belo Monte na cidade de Altamira, no Pará.

 “Além de reforçarmos nosso repúdio a Belo Monte, a manifestação desta quinta tem duas demandas concretas: que o Ibama não conceda a Licença de Operação (LO) da usina, que permitiria o enchimento do reservatório e colocaria grande parte da nossa cidade debaixo d’água, e o cumprimento de todas as obrigações da Norte Energia para com os atingidos”, explica Antônia Melo, coordenadora do Xingu Vivo. Segundo ela, a informação de que a Norte Energia, responsável pela construção de Belo monte, não tem mais casas disponíveis para reassentar os moradores que estão sendo despejados, teria se confirmado. “O que ouvimos de atingidos e de defensores da União é que a Norte Energia está endurecendo a sua posição contra a população, e oferece apenas indenizações que não compram nem um barraco nos alagados. Algo em torno de R$ 50 mil, ridículo”.

Sem juiz federal há mais de um mês, Altamira sofre de um acúmulo de ações contra a Norte Energia, principalmente desde a chegada da Defensoria da União à cidade em caráter emergencial, para defender a população mais pobre contra desmandos da empresa. Segundo Antonia Melo, isto poderá mudar se se cumprir a promessa de chegada de um novo juiz a cidade em julho.

Fórum de Defesa de Altamira
A insatisfação com Belo Monte e os efeitos do projeto sobre a cidade não se restringe apenas às populações mais pobres, mas cada vez mais empresários e comerciantes têm se manifestado contra todo o processo. Nesse sentido, parte dos empresários da Associação Comercial e Agropastoril de Altamira declarou apoio à manifestação desta quinta, inclusive com apoio à produção de materiais de esclarecimento.

De acordo com Antônia Melo, este movimento é interessante no sentido de unificar um grupo maior de críticos à usina, o que há tempos não ocorria. “Veja a criação do Fórum de Defesa de Altamira (FDA), por exemplo. Aqui temos um grande número de organizações, mas estávamos todos trabalhando isoladamente, e a maioria da população não estava representada por nenhuma das organizações. Com o FDA, estamos repetindo uma experiência exitosa na região. Quando a Irmã Dorothy Stang e o sindicalista Dema foram assassinados, todos aqui ficaram com muito medo, ninguém tinha coragem de se manifestar. Então criamos o Fórum Popular de Altamira, para fazermos nossas lutas coletivas. O FDA está nesta linha, acredito que estaremos cada vez mais unificados na luta pelos nossos direitos”.


O Fórum de Defesa de Altamira  reúne mais de 30 organizações locais e nacionais (como a Prelazia do Xingu, Movimento Xingu Vivo para Sempre, Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Instituto Socioambiental (ISA), UFPA, movimentos de mulheres de Altamira e da região, organizações sindicais de várias categorias, entre outros).

*Com informações do Movimento Xingu Vivo. Fotografias do Instituto Socioambiental via Facebook
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