Pistoleiros atacaram no fim
da manhã desta sexta-feira, 10, acampamento erguido por cerca de 400 Guarani
Kaiowá em terra indígena retomada durante a madrugada no município de Paranhos,
Mato Grosso do Sul. Segundo informações prestadas por um indígena que estava
durante o ataque, que terá o nome preservado por motivos de segurança, o
Guarani Kaiowá Eduardo Pires não conseguiu fugir e está desaparecido.
O tekoha (território
sagrado) Arroio Koral foi homologado pelo governo federal, mas ainda estava
ocupado por fazendeiros. “Está comprovado que a terra é nossa, não pode ser
assim de continuar matando os Guarani, mas se é para morrer por nosso tekoha,
vamos morrer tudo agora", disse o indígena que quando falou com a equipe
de jornalismo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) estava “escondido no
meio do mato”.
Ainda de acordo com os
indígenas, a Força Nacional chegou na metade da tarde ao local do ataque dos
pistoleiros, que se dispersaram em fuga. Os agentes federais estavam
procurando o índio João Oliveira, conforme as lideranças Guarani Kaiowá.
O território é motivo de
conflitos fundiários e judiciais: além das violências cometidas contra os
Guarani Kaiowá, a homologação recente da terra indígena foi suspensa pelo STF.
O processo, no entanto, ainda não foi votado por todos os ministros e a
comunidade exige celeridade na decisão.
De acordo com as lideranças
do movimento de retomada, a morosidade na demarcação, homologação e extrusão
dos invasores não-índios dos territórios promove a violência contra os Guarani
Kaiowá. Por essa razão, decidiram fazer a retomada: com a Portaria 303,
avaliaram que tal quadro de não cumprimento dos direitos constitucionais deve
se agravado.
Ainda nas primeiras horas da
manhã, lideranças Guarani Kaiowá apontavam a falta de segurança na área
retomada. “Os fazendeiros da faixa de fronteira Brasil/Paraguai, juntos com
seus pistoleiros, certamente vão reagir de modo violento contra essas
lideranças em manifestação”, declarou Tonico Benites Guarani Kaiowá.
“Estávamos pedindo apoio e
ninguém ofereceu. Os Guarani morrem primeiro. Não veio ninguém. Mataram mais
um, mataram mais um! Desde cedo os pistoleiros passaram a atacar”, afirma o
indígena.
Fonte: Cimi.