Durante quatro horas, servidores permaneceram na sala de Sérgio Mendonça. |
Com atraso de quase duas
horas, a reunião convocada para esta terça-feira, 14 de agosto, pelo Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) com os servidores do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA) terminou sem que nenhuma proposta fosse
apresentada à categoria que completa 58 dias em greve em praticamente todo o
país.
Na parte da manhã, centenas
de servidores de várias categorias se concentraram em frente ao ministério para
tentar abri um canal de negociação (caso dos professores de universidades e
institutos federais) ou para serem recebidos, como é o caso dos servidores das
carreiras do “Plano Geral do Poder Executivo” (PGPE) e correlatas que são
representados pela Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais
(Condsef) e Federação Nacional dos Trabalhadores da Previdência e Saúde
(Fenasps). Apesar do grande esforço de
mobilização destas categorias, na reunião o governo anunciou que não teria até
o momento nenhuma proposta a ser apresentada.
Na parte da tarde, por volta
das 16 horas, o Secretário de Relações do Trabalho do MPOG, Sérgio Mendonça,
afirmou na mesa de negociação com as carreiras dos órgãos federais agrários,
que lamentava o não cumprimento dos prazos por parte do governo nas agendas
anteriormente acertadas, mas que o mesmo não estaria autorizado a apresentar
qualquer proposta pois a “junta orçamentária do governo federal” ainda não
teria fechado os “cálculos” de impactos para o orçamento de 2012, a ser
concluído até 31 de agosto.
Na reunião estavam presentes
as entidades dos servidores do Incra: Confederação Nacional das Associações de
Servidores do Incra (Cnasi); Associação Nacional dos Engenheiros Agrônomo do
Incra (Assinagro); e Associação dos Servidores do Ministério do Desenvolvimento
Agrário (Assemda); um representante de cada Superintendência Regional do Incra
em greve e presentes em Brasília, além da Condsef e vários parlamentares e
representantes destes.
Diante da intransigência do
governo em não definir sequer uma nova data de reunião para apresentação de
propostas, os servidores decidiram permanecer no gabinete do secretário em
forma de protesto. Ao mesmo tempo, a quase duas centenas de servidores de
vários estados que aguardavam em vigília o resultado da reunião iniciou um
processo de mobilização nas portas de entrada e saída do ministério, bem com
nos estacionamentos. Os servidores do Incra e do MDA foram acompanhados de
vários outros colegas de outras categorias em greve que se encontravam no
local. Dezenas de servidores que se encontravam no acampamento na Esplanada dos
Ministérios também se dirigiram para o local.
Em reação, o governo se retirou
da mesa de negociação e chamou um batalhão da Polícia Militar do Distrito
Federal para tentar conter a mobilização dos servidores que se encontravam do
lado de fora do prédio. O governo tentou
ainda usar o protesto dos servidores do Incra/MDA como justificativa para
desmarcar a reunião prevista com a Fasubra e o Sinasefe para discutir a
situação dos técnico-administrativos de universidades e institutos, embora
anteriormente tivesse afirmado que esta semana não seria apresentado nenhuma
proposta para nenhuma categoria em greve e em mobilização.
A banca de parlamentares
presentes tentou intermediar com o “negociador” do governo Dilma Rousseff no
sentido deste apontar uma data de reunião em que fosse apresentada uma
proposta, condição exigida pelos servidores para desocupação da sala. Após mais
de duas horas de intermediações, Sérgio Mendonça retorna à sala para avisar que
poderia marcar uma nova reunião somente para 20 de agosto, as 15 horas, onde
“possivelmente” haveria uma proposta.
Diante da estratégia do
governo de criminalizar os servidores do Incra/MDA pelas reuniões desmarcadas
com as outras categorias e com o compromisso de uma nova reunião, os servidores
anunciaram que estariam desocupando o prédio.
Durante a saída, a Polícia
Militar agiu com truculência, espancando e jogando spray de pimenta tanto em
servidores que tinham ocupado o prédio como nos apoiadores do Incra/MDA e
várias categorias que ser reuniam às centenas em volta do MPOG.
O ato indicou ao governo o
rumo que a greve deve tomar caso o governo mantenha a tática de criminalizar o
movimento e não apresentar nenhuma resposta concreta às mais de 30 categorias
que realizam uma das maiores greves do funcionalismo público federal.
Ainda hoje aqui no blog, a repercussão deste protesto e a cobertura da Marcha Unificada dos Servidores Públicos Federais em Brasília.