Por
Raymundo Costa, Rosângela Bittar, Lucas Marchesini e Fernanda
A
greve dos funcionários públicos federais, que já mobiliza 350 mil servidores,
ameaça virar "um tsunami" na avaliação de lideranças do PT. Por isso,
a presidente Dilma Rousseff pediu ajuda ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para as negociações com os grevistas. Lula deve atuar principalmente para
atenuar a radicalização do movimento, que beira a ruptura, como demonstrado
ontem com a decisão da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outros cinco
sindicatos de servidores de representar contra o governo federal na Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
A
intermediação de Lula pode contornar um fenômeno que se cristalizou nos últimos
dias: a impaciência dos sindicalistas com diálogos quase sempre sem um
desfecho. A base dos sindicatos não tem sido receptiva à intermediação mais
ponderada dos dirigentes. Na conversa que teve com Lula, na terça-feira, Dilma
queixou-se da relação das centrais sindicais. Os dirigentes sindicais,
inclusive da CUT, também se queixam do tratamento recebido do Palácio do
Planalto. Segundo eles, após chegar ao Planalto, Dilma não teria retribuído o
apoio que teve na campanha eleitoral. E não teria cumprido promessa de manter
um diálogo permanente com a central dos petistas.
A
intermediação passou a ser feita com Gilberto Carvalho, chefe da Secretaria
Geral da Presidência da República, encarregado, no Planalto, de lidar com os
movimentos sociais. Mais tarde, Carvalho chamou para assessorá-lo um dos
vice-presidentes da CUT, José Vicente Feijó.
As
greves começam a afetar a operação das indústrias. Em Santos, o volume de
contêineres parados nos quatro terminais marítimos aumentou ontem 35% sobre o
dia anterior em razão da greve dos fiscais agropecuários. Entre as mercadorias,
estavam produtos siderúrgicos, automotivos, agentes orgânicos, medicamentos,
arroz, frutas, eletrônicos e pastas químicas de madeira.
A
greve dos fiscais ligados ao Ministério da Agricultura atinge um universo maior
de cargas porque, além de serem responsáveis pela inspeção de mercadorias de
origem vegetal e animal, a categoria vistoria toda a madeira que entra no país
para evitar a introdução de pragas.
Fonte:
Valor