Fabio Guibu*
A Polícia
Militar de Alagoas utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar
manifestantes sem-terra que bloquearam uma rodovia que dá acesso a uma fábrica
da Braskem que a presidente Dilma Rousseff inaugura nesta sexta-feira (17), em
Marechal Deodoro (33 km de Maceió).
Os
manifestantes tentavam chegar até o evento para pedir maior agilidade na
reforma agrária à presidente, mas foram barrados pela PM a cinco quilômetros da
fábrica. Revoltados, decidiram bloquear os demais veículos que passavam pela
rodovia.
Ao
menos dez ônibus com trabalhadores rurais sem terra, servidores federais em
greve, sindicalistas e estudantes haviam sido parados nas barreiras montadas
pela PM na BR-314.
Os
manifestantes sem-terra desceram dos ônibus e fecharam a pista com galhos de
árvores. Servidores em greve não participaram do tumulto, segundo a PM.
Vários
veículos ficaram retidos no congestionamento que se formou, entre eles os que
transportavam os senadores alagoanos Renan Calheiros (PMDB) e Benedito de Lira
(PP) à fábrica.
Lira
disse que ficou 40 minutos no congestionamento, com Renan e com o presidente do
Tribunal de Justiça de Alagoas, o desembargador Sebastião Costa Filho. Segundo
o senador, Costa Filho chegou a descer do carro para discutir com militantes
sem-terra que seguravam pedaços de pau.
"Ele
foi tirar o pedaço de pau das mãos do sem-terra e houve divisão de força",
disse Lira.
Ainda
segundo o senador, o carro do desembargador foi amassado a pauladas. "O
direito de manifestação é sagrado, mas esse povo abusa. Não tinha motivo
nenhum. Todo cidadão brasileiro tem limites, só eles (sem-terra) que não
têm".
Apenas
um grupo com cerca de cem manifestantes, que chegou às 5h30, conseguiu furar a
barreira, mas foi retido a um quilômetro da fábrica, também pela PM alagoana.
Eles carregam faixas de protesto e bandeiras de partidos políticos de esquerda,
como o PSTU.
Segundo
o MST em Alagoas, cerca de 250 integrantes de quatro entidades de luta pela
terra participaram do protesto _o próprio MST, a CPT (Comissão Pastoral da
Terra), o MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) e o MTL (Movimento Terra
Trabalho e Liberdade).
Ainda
de acordo com o movimento, as balas de borracha e as bombas de efeito moral
disparadas pela PM para dispersar o grupo não provocaram ferimentos, e ninguém
foi preso.
*Fonte:
Folha