Trabalhadores querem intervenção do governo Dilma para manter empregos
Em protesto contra a ameaça de demissões, os metalúrgicos da General Motors de São José dos Campos bloquearam o tráfego na Rodovia Presidente Dutra por 1h10, nos dois sentidos, na manhã desta quinta-feira, dia 2. Após a ocupação da rodovia, os operários pararam a produção e só voltam ao trabalho na sexta-feira.
A manifestação foi uma forma de chamar a atenção da presidente Dilma Rousseff para que intervenha contra a demissão de até 2 mil trabalhadores, medida que está sendo preparada pela GM.
A ocupação da Via Dutra, principal rodovia do país, começou às 6h20 e só terminou às 7h30, na altura do Km 141. O congestionamento, segundo a concessionária Nova Dutra, foi de 13 km na pista sentido Rio – SP e 9 km no sentido São Paulo. O bloqueio da estrada foi feito por cerca de 2 mil trabalhadores do setor MVA, ameaçado de fechamento.
Após a manifestação, os metalúrgicos seguiram para o pátio da montadora, realizaram assembleia e decidiram só retomar a produção amanhã. Os funcionários do setor da S10 também realizaram uma mobilização e permaneceram parados em frente à fábrica.
A pedido do próprio Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a empresa concedeu licença remunerada, por hoje, para todos os 7.200 trabalhadores da planta.
Esta foi uma das mais fortes mobilizações da categoria metalúrgica de São José dos Campos dos últimos anos. O principal objetivo da manifestação foi exigir da presidente Dilma que receba os trabalhadores e intervenha para impedir a demissão em massa que a montadora está prestes a concretizar.
Faixas e pneus queimados foram utilizados pelos manifestantes para parar o trânsito. Uma das faixas dizia: “Dilma, cala a boca do [ministro Guido] Mantega e proíba as demissões”, em referência ao ministro da Fazenda, que afirmou que não iria interferir na decisão da GM e que os empregos na montadora estariam com “saldo positivo”.
O ministro desconsiderou os números do próprio Caged/Ministério do Trabalho. Segundo dados do Dieese – Subseção Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que usa o Caged como fonte, a General Motors fechou, no período de um ano (julho de 2011 a junho de 2012), 1.189 postos de trabalho no país. Nesse número não estão incluídas as 356 demissões feitas por meio de PDV.
Se for considerado o período do Plano Brasil Maior (agosto de 2011 a junho de 2012), pacote do Governo Federal de incentivos à indústria, o número de postos de trabalho fechados é de 1.212.
Carta à presidente Dilma Rousseff
A postura do ministro Mantega vai na contramão da declaração dada pela presidente Dilma Rousseff, no dia 27 de junho, em Londres. Na ocasião, Dilma afirmou que retiraria os benefícios fiscais das montadoras que demitissem.
O Sindicato dos Metalúrgicos já enviou pedido de agendamento de reunião com a presidente, e hoje enviou uma carta relatando toda a realidade vivida pelos trabalhadores da fábrica.
“É inaceitável que os dois mil pais e mães de família que correm o risco de serem demitidos sejam tratados pelo ministro como números frios de uma estatística”, diz um trecho da carta (clique aqui para ler a íntegra da carta).
Produção reduzida
A General Motors já reduziu drasticamente a produção do Classic, único modelo que continua sendo produzido no setor MVA. A partir de amanhã, o volume de produção cai de 375 para 80 veículos por dia. A empresa pretende acabar definitivamente com a produção do Classic em São José dos Campos, passando a importar, da Argentina, seis mil unidades por mês.
Desde ontem, a GM começou a esvaziar o MVA. O segundo turno da Injetora e Funilaria já foi completamente esvaziado.
O esvaziamento das linhas confirma as denúncias do Sindicato, de que a empresa vai desativar por completo o setor MVA e demitir até 2 mil trabalhadores a qualquer momento.
“Com essa manifestação, queremos dar um recado para a presidente Dilma, de que nós não vamos aceitar as demissões. Continuamos de pé em nossa luta, não vamos nos curvar perante os ataques da empresa e à irresponsabilidade do ministro Mantega, que prefere defender os interesses da GM e menosprezar a demissão de dois mil trabalhadores”, afirma o presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá.
Fonte:
Sindmental