Dona Irene Souza Almeida, 56
anos, vive da coleta e venda de latinhas e garrafas plasticas que encontra no
lixao de Altamira. O que mais me marcou nessa mulher foi sua mistura de doçura,
forca e sua solidariedade com as demais companheiras. Apos ter enchido seus 2
sacos grandes com laitnhas, avisou as demais que em outro monte de lixo estava
melhor pois havia mais latinhas, que era lixo trazido da cidade. Fala sem medir
palavras o que realmente sente. Mae de 8 filhos, todos casados, os homens
trabalham na plantacao de cacau nas proximidades da cidade. A filha, apos o
casamento se mudou para uma cidade proxima de Altamira.
Dona Irene está entre as
dezenas de famílias carentes retiram do lixo, material reciclável como alumínio
e garrafas plásticas que vendem em ferro velhos locais. Sao cerca de
quarenta. Algumas já encontraram inclusive alimentos com pacotes fechados dentro
do prazo de validade, despejados por mercados da região.
No ultimo dia 15 de março o
Ministério Publico do Estado do Para em Altamira, realizou vistoria do local
para instaurar inquérito civil na promotoria de justiça Civil, para a
implantação de um aterro sanitário na área. Este aterro esta entre as
condicionantes, impostas ao Consorcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável
pelas obras da hidrelétrica de Belo Monte. As condicionantes são melhorias que
deveriam ser feitas na cidade de Altamira e em toda a região que será atingida
pela usina, estabelecidas por entidades como Ibama, Funai, associação de
moradores, prefeitura de Altamira e governo do estado. No entanto, segundo
entidades e movimentos sociais que acompanham a construção, nada foi realizado.
Hospitais públicos estão sucateados, esgoto corre a céu aberto no centro da
cidade.
As seis heroinas
Seis mulheres que sobrevivem
do trabalho no lixao de Altamira, sudoeste do Para. Irene Souza Almeida, Maria
Nazare Lima, Maria Rita dos Santos, Ivanilde Martins, Cristiane e Leonedi (que
nao quiseram dar os sobrenomes).
Desde as 7 horas da manha,
estas 6 mulheres trabalharam ate as 13 hrs coletando latinhas de aluminio e
plastico para reverter em dinherio e levar o sustento para casa. Dona Irene deixou
a roca apos abandoanar o marido que sofria de alcoolismo. Hoje ela vive sozinha
e paga aluguel gracas ao trabalho no Lixao. Maria Nazaré comprou um terreno e
esta construindo sua casa com dinheiro do lixao e de trabalhos como diarista.
Dona Rita, vive sozinha e sobrevive exclusivamente da venda de aluminio e
plastico. Ivanilde, ou Vania como e conhecida, Cristiane e Leonedi, levam o
sustento para cara para ajudar no orcamento familiar pois seus companheiros
trabalham na lavoura e nao ganham o suficiente para pagar aluguel, comer e
manter os filhos na escola. Elas recebem o beneficio do Bolsa Familia que dizem
ser uma grande ajuda todo o mes. Uma renda a mais para familias pobres que
vivem em uma cidade que diz oferecer qualidade de vida e bem estar social para
fazer valer seu empreendimento.
Publicado originalmente no
blog Photojournalismandersonbarbosa. Fotografias: Anderson Barbosa