A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, esteve
neste fim de semana no Quarup, ritual fúnebre sagrado para os índios do Parque
Nacional do Xingu.
No fim da tarde de sábado, ela foi convidada a
sentar-se diante da Casa dos Homens, no centro da aldeia da etnia Yawalapiti,
onde permaneceu conversando com o cacique Aritana. Porém, assim que um assessor
soube da intenção dos indígenas de entregar um manifesto à representante do
governo, a ministra acabou retirada da roda e abrigou-se na oca na qual estava
hospedada.
Os indígenas pretendiam entregar à ministra uma
carta de protesto contra medidas do governo federal, entre os quais, a
hidrelétrica de Belo Monte, a Portaria da AGU n° 3003 e o Projeto de Emenda
Constitucional que pretender transferir ao transfere ao Congresso Nacional o
direito de homologar terras indígenas.
A titular da Cultura, porém, simplesmente deu as
costas, sem nada explicar, aos que estavam presentes na cerimônia considerada
um dos rituais mais sagrados para os povos do Xingu. A saída abrupta de Ana de
Hollanda do Quarup deixou os indígenas, em um primeiro momento, sem entender o
que estava acontecendo. Depois, ficou visível a irritação dos povos da
floresta.
Em conversa reservada, afirmou que não sabia sequer
o teor da carta, mesmo dizendo que a reivindicação não estaria endereçada a ela
(o documento era nominal à presidente Dilma Rousseff e à própria ministra).
Segundo sua versão, ela deixou o ritual porque
estava muito cansada. “Eu seria portadora, mas não oficializaram nada. Não li a
carta, não sei o que está escrito”, garantiu. Diante da imprensa, no entanto,
desconversou e preferiu ressaltar o entendimento mantido com os povos
xinguanos, lembrando que uma parceria com as aldeias para aumentar e melhorar
os pontos de cultura, assim como um projeto para preservar línguas locais, está
em andamento.
Com informações do Correio Braziliense