Por Carolina Gonçalves*
As fontes de energia
renováveis ganharam destaque especial entre as propostas de candidatos à
Presidência da República no que se refere ao setor elétrico. Todos os
presidenciáveis que incluíram propostas nessa área nos programas entregues à
Justiça Eleitoral reconhecem a necessidade de aumentar a oferta em função do
consumo crescente de energia, mas defendem que o país explore seus potenciais
naturais para reduzir prejuízos ambientais e riscos de racionamento.
Conheça
as propostas dos candidatos à Presidência para o setor de energia:
Aécio
Neves (PSDB) promete incentivar distribuidoras e
geradoras elétricas para instalação de unidades de geração de energia a gás
natural e cogeração e viabilizar novas fontes de financiamento para o
investimento e expansão do sistema elétrico brasileiro. Ele promete estimular a
economia de baixo carbono e reorientar a matriz energética, buscando
diversificar as fontes de energia. Aécio defende a ampliação da participação da
energia solar e da energia eólica na matriz e o estímulo para que todos os
setores econômicos adotem programas de eficiência energética e conservação de
energia. Na valorização da diversidade de fontes, o presidenciável ainda propõe
que sejam consideradas as características regionais na redefinição da matriz
energética e, para atrair novas empresas e investimentos, o candidato promete
criar um ambiente regulatório seguro e equalizar regras de incentivos, subsídios
e financiamentos públicos para as diversas fontes de energia.
Dilma
Rousseff (PT) garante que vai dar continuidade ao processo
de expansão do parque gerador e transmissor para garantir a segurança do
suprimento e a modicidade tarifária. Segundo ela, é preciso manter a qualidade
da matriz energética brasileira, baseada em hidroelétricas e termoelétricas,
fontes renováveis limpas e de baixa emissão de carbono, complementada por
fontes alternativas, como a eólica, a solar e a originária da biomassa. Dilma promete
dar prioridade à ampliação e modernização do parque de transmissão de energia
instalado e apresenta um balanço dos últimos dez anos apontando a retomada da
construção de usinas hidrelétricas e de linhas de transmissão.
Eduardo
Jorge (PV) alerta, em seu programa de governo, que a
expansão do sistema de produção de energia elétrica está causando problemas
ambientais e sociais crescentes com o deslocamento de empreendimentos para a
Amazônia e o uso das termelétricas que deveria ter caráter emergencial. Eduardo
Jorge reconhece que o consumo de energia tende a crescer, mas defende que o
aumento da oferta siga padrões de eficiência para não comprometer recursos
naturais ou aumentar emissões de gases de efeito estufa. Ele é favorável à
substituição das fontes que emitem mais carbono por fontes renováveis, como a
hidráulica, a eólica, a solar e a biomassa moderna, que “além de poluírem
menos, têm seu fornecimento perene, aumentando a segurança energética e
reduzindo a dependência de custos com as importações”.
Eymael (PSDC)
quer priorizar a ação do governo federal em infraestrutura nacional, incluindo
a geração de energia como uma das prioridades, ao lado da construção de
estradas, ferrovias e do sistema portuário.
Levy Fidelix (PRTB) acredita que a capacidade de fornecimento de energia pode ser ampliada a partir do aproveitamento do potencial hídrico amazônico e a implantação de pelo menos dez novas usinas atômicas espalhadas pelo país. Fidelix também é favorável a avançar no aproveitamento de energias renováveis e defende o barateamento dessas fontes.
Luciana Genro (PSOL) destaca o setor energético como fator crítico da soberania e do desenvolvimento de qualquer país. A candidata ataca a política adotada pelos governos tucano e petista nesse setor afirmando que ambos transformaram um “sistema público, planejado e cooperativo, em um sistema privado, mercantil, concorrencial, caro, ineficiente e devastador do meio ambiente”.
Marina
Silva (PSB) afirma que vai retomar o planejamento de
médio e longo prazos e investir em fontes modernas, limpas e renováveis. A
ambientalista afirma que é preciso aumentar a oferta para permitir o
crescimento econômico e afastar constantes riscos de racionamento. Segundo ela,
o Brasil é um dos únicos países do mundo que podem ter uma matriz elétrica
otimizada segura e competitiva do ponto de vista socioambiental. Entre suas
promessas de governo, Marina afirma que vai ampliar a participação da
eletricidade na matriz energética, aumentar a proporção de energias renováveis
e reduzir o consumo absoluto de combustíveis fósseis. A candidata ainda garante
que vai alinhar interesses de geradores, distribuidores e consumidores e criar
mecanismos de expansão do mercado livre de energia. Marina Silva também
pretende recuperar a produção de biocombustíveis e garantir que 1 milhão de
hectares de concessões florestais tenham fins energéticos.
Mauro Iasi (PCB) se compromete a estatizar setores estratégicos e a reverter as privatizações da área de energia, assim como propõe nos casos de comunicação, mineração, recursos naturais, transporte e logística de distribuição e produção.
Pastor Everaldo (PSC) quer revisar o modelo de partilha adotado para a exploração de petróleo no país, mas promete cumprir os contratos que estão vigorando. O candidato prefere desestatizar o setor e abrir mercado para produção e distribuição de energia, buscando variedade de matrizes para baratear o serviço. Everaldo destaca o potencial brasileiro em relação a fontes solar, hidrelétrica, eólica, nuclear e biomassa.
Zé Maria (PSTU) afirma que o setor de energia é estratégico para o desenvolvimento do país. Mas ressalta que nas mãos das grandes construtoras, empreiteiras e grupos internacionais, a preocupação não é garantir energia para o povo brasileiro, mas com seus lucros. Para o candidato, reestatizadas e sob o controle dos trabalhadores, essas empresas estariam a serviço dos interesses e da necessidade dos trabalhadores. Ele defende a reestatização completa do setor de energia elétrica, privatizado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, e mantido pelos governos do PT.
Rui Costa Pimenta (PCO) não apresentou proposta específica sobre o tema.
*Fonte: Agência Brasil Edição: Lílian Beraldo