O coordenador da ocupação da fazenda Gaúcha foi assassinado e pelo menos quatro acampados foram baleados por supostos seguranças ligados a propriedade, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins, Pará. O crime ocorreu no final da tarde desta segunda-feira (22).
Conforme informações
iniciais da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Pará
(Fetagri-PA), Jair, que coordenava a ocupação da fazenda, não resistiu aos
ferimentos e morreu no local. Entre os feridos, ainda segundo a organização, está
o jovem Mateus, diretor de políticas sociais do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Bom Jesus do Tocantins.
Em nota, a Fetagri informou
que as vítimas acompanhavam uma máquina que construía a estrada que dá acesso
ao acampamento. "Quando passavam em frente à sede da fazenda, foram
atacados a balas", informa a Fetagri.
O assessor jurídico da
Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Batista Afonso, foi informado "que
houve uma tentativa de fazer a recuperação de um trecho da estrada para ter
acesso à escola. E o gerente da fazenda e os pistoleiros tentaram impedir a
abertura da estrada”.
"Varias denúncias já
foram feitas na Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá contra o gerente da
fazenda, que já bateu, ameaçou e humilhou trabalhadores/as que passavam em
frente à sede da fazenda. Tem jagunços fortemente armados e agora atacou a
bala, feriu e matou trabalhadores da Ocupação Gaúcha", destaca a
federação, que ainda denuncia a morosidade da Justiça Federal de Marabá.
"A Justiça Federal de
Marabá também é culpada por este conflito, pois há mais de seis anos está
sentada em cima do processo de uma área publica, e não dá resposta aos
trabalhadores/as.... Infelizmente mais um trabalhador morre pela luta na
terra", aponta.
A área
A fazenda Gaúcha está
ocupada, há mais de oito anos, por cerca de 400 famílias, de acordo com a
Fetegri. "Em 2013 a produção de farinha foi de mais de 10 mil sacas e
entre tantos desafios enfrentados pelos trabalhadores/as está a questão da
estrada para escoar a grande produção existente na área", destaca a
federação.
José Batista lembra ainda
que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) já entrou com
o pedido de arrecadação da área, mas o processo tramita na Justiça há três
anos.
Fonte: CPT Nacional com informações da Fetagri-PA