Mapeamento realizado
pelo Banco do Brasil mostra que o preço do hectare saltou da média de R$ 2,6
mil para R$ 10,6 mil entre 2002 e 2013
O movimento de alta no preço das commodities
agrícolas na última década puxou também o valor da terra no Brasil. O preço do
hectare para a agropecuária no disparou 308%, saltando da média R$ 2,6 mil para
R$ 10,6 mil entre 2002 e 2013.
O crescimento foi mapeado pelo Banco do Brasil, em
um estudo inédito elaborado com base em dados recolhidos por seus 260 técnicos
espalhados por todas a regiões e obtido pelo Broadcast, serviço em tempo real
da Agência Estado.
O diretor de Agronegócios do Banco do Brasil,
Clenio Severio Teribele, avalia que o encarecimento da terra revela o avanço
patrimonial dos empresários do campo.
"Isso mostra um ganho que até agora era pouco
visível", afirma. "A valorização da terra foi extraordinária na
última década".
O aumento mais significativo do custo do hectare
foi verificado na pecuária. A terra para a criação de gado ficou 343% mais
cara, passando de R$ 1,5 mil, em 2002, para R$ 6,8 mil no ano passado.
A terra para a lavoura teve uma valorização de 245%
no mesmo período - de R$ 5,7 mil para R$ 19,8 mil. A diferença entre os preços
para cada ramo ocorre em razão da utilização de máquinas e fertilizantes, por
exemplo, como é o caso da agricultura, o que eleva o gasto necessário para
viabilizar as lavouras.
Entre as regiões, o destaque foi a disparada
nos preços do Norte (509,7%), onde o hectare agrícola passou de R$ 995 para R$
6,06 mil. Para a criação de gado, o custo da terra saltou 365,79%. O Banco do
Brasil avalia a alta como reflexo da migração da fronteira agrícola a partir do
Centro-Oeste. "O mundo está descobrindo a Região Norte", diz
Teribele.
Apesar do aumento patrimonial dos produtores do
Norte, o Ministério da Agricultura trabalha com uma redução de 9,7% do valor
bruto da produção (VBP) para a região neste ano. Em 2013, a pecuária e a
agricultura do Norte atingiu R$ 19,68 bilhões em VBP. A estimativa do
ministério é uma geração de riqueza no campo de R$ 17,7 bilhões em 2014.
O recuo na renda indica a
tendência de queda no preço das commodities no mercado internacional e deve ser
mantida, avalia o acompanhamento feito pelo Banco do Brasil. "As análises
das consultorias que indicam isso estão muito alinhadas com o que temos
acompanhado no dia a dia", diz o gerente executivo de Agronegócios do
banco, Ivandré Montiel da Silva.
O diretor Clenio Teribele concorda com a avaliação
do mercado de que as commodities estão perdendo fôlego depois de uma década de
preços crescentes. Mas avalia que os preços devem se estabilizar acima da média
de anos anteriores ao boom iniciado em 2001, a partir da intensificação do
apetite da China por carne e grãos. "As commodities vão ter pressão de
preço (em 2014 e 2015), mas vão se manter acima da série histórica",
prevê.
Movida pela intensa movimentação, a
carteira atual de crédito agrícola do Banco do Brasil atingiu R$ 157,2 bilhões
em junho de 2014. O financiamento do banco na agropecuária saltou 835% em
relação aos R$ 16,8 bilhões de 2002. O crescimento, destaca Teribele, não
acompanha o movimento do agronegócio para as novas fronteiras agrícolas do
País.
O Banco do Brasil, porém, não regionaliza os dados
de crédito para mapear se ele acompanha o aumento do preço da terra, por
exemplo, da Região Norte. O banco argumenta que muitas empresas atuam em
diversas regiões, mas solicitam financiamento na suas sedes. "Nossa
principal garantia (a ceder empréstimos) não é a quantidade de terra, mas o
referencial técnico", diz o diretor.
Fonte:
Agência Estado