quarta-feira, 21 de novembro de 2012

CSP – Conlutas desembarca em Belo Monte para exigir a libertação dos 5 operários presos após conflito trabalhista


Uma comissão de representantes da Central Sindical Popular - CSP – Conlutas, chegou à manhã desta terça-feira (20), ao município de Altamira, onde esta sendo construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a comissão vem com a tarefa de defender a libertação dos operários presos no conflito trabalhista ocorrido no canteiro de obras da Usina de Belo Monte. A comissão está formada por membros sindicalistas da Conlutas a nível nacional,  de advogados e do vereador eleito pelo PSTU em Belém, Cléber Rabelo.

Segundo o membro da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas, Atnágoras Lopes, o motivo da visita é “colocar a central na defesa da libertação dos operários presos, apoiar a luta e as reivindicações dos trabalhadores e denunciar a criminalização dos movimentos sociais que se intensifica, também, nas obras do PAC”.

Em plena data-base, e sem informações sobre o andamento das negociações, os trabalhadores iniciaram uma revolta que começou na sexta-feira (9), e teve como consequência quatro galpões de materiais elétricos destruídos. Segundo os operários dos canteiros de obras de Altamira, a imprensa tentou abafar o ocorrido, e, apenas uma rádio local, durante a madrugada da manifestação, transmitiu o episódio, alertando os operários do que estava ocorrendo, e, logo pela manhã foi noticiado em âmbito nacional.

A explosão da greve começou quando o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias na Construção Pesadas e Afins do Estado do Pará – Sintrapav, visitou, no sábado, 10 de novembro, o canteiro de obras de “Belo Monte” e “Canais”, defendendo como “justa” a proposta do CCBM (Consórcio Construtor Belo Monte), que oferecia um reajuste de 11% para a primeira faixa salarial, 6% para segunda e 4% para as últimas. Um clima de insatisfação tomou conta dos operários e quando o sindicato chegou ao “Pimental”, os operários já sabiam da proposta e revoltaram-se frente à postura de “submissão” da entidade que se intitula representante da classe ao CCBM.

A proposta apresentada pelo CCBM, defendida pelo sindicato, também não atendia a reivindicação referente à “baixada” (folga para visitar as famílias). Os operários querem uma folga a cada 90 dias de trabalho e de não de seis meses como foi oferecido.

Segundo notícias divulgadas na imprensa, tão logo o Sintrapav-PA chegou ao “Sitio Pimental” defendendo a proposta, os operários se revoltaram, e, uma sequência de atos violentos foram desencadeados durante o conflito.  Cinco operários foram presos.

Conforme publicou a Agência Brasil, a Superintendência da Polícia Civil de Altamira trabalha com a hipótese de que os cinco operários presos são ligados à “CSP-Conlutas” – mas não há provas de que a Central premeditou a ação. O membro da CSP-Conlutas Atnágoras afirma que os operários não tem ligação com a entidade sindical, mas diante da prisão, a Central lutará pela libertação desses trabalhadores.

“Não podemos aceitar que todas as vezes que os operários se mobilizam por melhores condições de trabalho e de salários, ao final, só sobre para a gente, à criminalização do movimento. É prisão, é demissão, é tropa da Polícia Militar, da Força Nacional de Segurança. Chega! Essa é uma questão trabalhista, estamos ao lado da luta desses operários, por isso estamos em Altamira, não vamos nos esconder”, afirma o dirigente da CSP-Conlutas.


O vereador eleito em Belém Cléber Rabelo, operário da construção civil, esclareceu “os cinco trabalhadores presos pela Polícia Militar, foram a mando dos empreiteiros e dos falso-sindicalistas”. “Também há denúncias, ainda não confirmadas oficialmente, de que têm ocorrido mortes em função das péssimas condições de segurança no trabalho, desde o início das obras”, disse.

Rabelo afirmou ainda que, “os trabalhadores de Belo Monte não são vândalos e estão lutando por seus direitos. Esses operários são seres humanos corajosos, que mesmo com a traição e a falta de democracia de sua entidade sindical, foram capazes de se organizarem para lutar e paralisar um “monstro” que está acabando com suas vidas, mesmo contra a vontade de sua “entidade” de representação sindical”, conclui.

Fonte: Jornal de Tucuruí, 20 de novembro de 2012
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