Uma comissão de
representantes da Central Sindical Popular - CSP – Conlutas, chegou à manhã
desta terça-feira (20), ao município de Altamira, onde esta sendo construída a
Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a comissão vem com a tarefa de defender a
libertação dos operários presos no conflito trabalhista ocorrido no canteiro de
obras da Usina de Belo Monte. A comissão está formada por membros sindicalistas
da Conlutas a nível nacional, de
advogados e do vereador eleito pelo PSTU em Belém, Cléber Rabelo.
Segundo o membro da
Secretaria Executiva da CSP-Conlutas, Atnágoras Lopes, o motivo da visita é
“colocar a central na defesa da libertação dos operários presos, apoiar a luta
e as reivindicações dos trabalhadores e denunciar a criminalização dos
movimentos sociais que se intensifica, também, nas obras do PAC”.
Em plena data-base, e sem
informações sobre o andamento das negociações, os trabalhadores iniciaram uma
revolta que começou na sexta-feira (9), e teve como consequência quatro galpões
de materiais elétricos destruídos. Segundo os operários dos canteiros de obras
de Altamira, a imprensa tentou abafar o ocorrido, e, apenas uma rádio local,
durante a madrugada da manifestação, transmitiu o episódio, alertando os
operários do que estava ocorrendo, e, logo pela manhã foi noticiado em âmbito
nacional.
A explosão da greve começou
quando o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias na Construção Pesadas e
Afins do Estado do Pará – Sintrapav, visitou, no sábado, 10 de novembro, o
canteiro de obras de “Belo Monte” e “Canais”, defendendo como “justa” a
proposta do CCBM (Consórcio Construtor Belo Monte), que oferecia um reajuste de
11% para a primeira faixa salarial, 6% para segunda e 4% para as últimas. Um
clima de insatisfação tomou conta dos operários e quando o sindicato chegou ao
“Pimental”, os operários já sabiam da proposta e revoltaram-se frente à postura
de “submissão” da entidade que se intitula representante da classe ao CCBM.
A proposta apresentada pelo
CCBM, defendida pelo sindicato, também não atendia a reivindicação referente à
“baixada” (folga para visitar as famílias). Os operários querem uma folga a
cada 90 dias de trabalho e de não de seis meses como foi oferecido.
Segundo notícias divulgadas
na imprensa, tão logo o Sintrapav-PA chegou ao “Sitio Pimental” defendendo a
proposta, os operários se revoltaram, e, uma sequência de atos violentos foram
desencadeados durante o conflito. Cinco operários foram presos.
Conforme publicou a Agência
Brasil, a Superintendência da Polícia Civil de Altamira trabalha com a hipótese
de que os cinco operários presos são ligados à “CSP-Conlutas” – mas não há
provas de que a Central premeditou a ação. O membro da CSP-Conlutas Atnágoras
afirma que os operários não tem ligação com a entidade sindical, mas diante da
prisão, a Central lutará pela libertação desses trabalhadores.
“Não podemos aceitar que
todas as vezes que os operários se mobilizam por melhores condições de trabalho
e de salários, ao final, só sobre para a gente, à criminalização do movimento.
É prisão, é demissão, é tropa da Polícia Militar, da Força Nacional de
Segurança. Chega! Essa é uma questão trabalhista, estamos ao lado da luta
desses operários, por isso estamos em Altamira, não vamos nos esconder”, afirma
o dirigente da CSP-Conlutas.
O vereador eleito em Belém
Cléber Rabelo, operário da construção civil, esclareceu “os cinco trabalhadores
presos pela Polícia Militar, foram a mando dos empreiteiros e dos falso-sindicalistas”.
“Também há denúncias, ainda não confirmadas oficialmente, de que têm ocorrido
mortes em função das péssimas condições de segurança no trabalho, desde o
início das obras”, disse.
Rabelo afirmou ainda que,
“os trabalhadores de Belo Monte não são vândalos e estão lutando por seus
direitos. Esses operários são seres humanos corajosos, que mesmo com a traição
e a falta de democracia de sua entidade sindical, foram capazes de se
organizarem para lutar e paralisar um “monstro” que está acabando com suas
vidas, mesmo contra a vontade de sua “entidade” de representação sindical”,
conclui.
Fonte: Jornal de Tucuruí, 20
de novembro de 2012