Polícia apresenta armas do confronto com os indígenas. |
O
assassinato do indígena Munduruku Adenilson Crixi Munduruku não foi confirmado em “Nota à Imprensa” a pouco
divulgada pela Polícia Federal em seu sítio. O documento produzido pela Divisão
de Comunicação do órgão em Brasília afirma que a “Polícia
Federal deflagrou na última terça-feira, 6/11, a Operação Eldorado, com
objetivo de desarticular organização criminosa dedicada à extração ilegal de
ouro em terras indígenas Kayabi e garimpos ilegais na região do rio Teles
Pires, estado de Mato Grosso para posterior comercialização no Sistema
Financeiro Nacional (SFN)”.
Ainda segundo a nota, o ouro era extraído por meio de
balsas garimpeiras ilegais que pagariam um valor mensal aos indígenas.
O conflito na terra indígena teria ocorrido quando
agentes cumpriam uma determinação judicial de inutilização destas balsas.
“Com o início da ação policial, cerca de 60 índios
tentaram invadir a localidade onde se encontrava o coordenador da Operação
Eldorado, ameaçando os policiais com arcos e flechas. Os índios pretendiam
impedir a ação policial. Após quatro horas de negociação, o líder dos índios
fez um acordo com o coordenador de operação, concordando com que o trabalho dos
policiais fosse desenvolvido regularmente no dia seguinte”, afirma trecho da
nota.
O documento afirma ainda que no outro dia (07 de
novembro), quando os policiais realizavam a destruição das balsas, “mais de cem
índios pintados para a guerra atacaram com armas de fogo e arcos e flechas cerca
de 35 policiais.” O coordenador da operação teria sofrido um golpe de borduna
no ombro.
Em sua versão, “os policiais utilizaram bombas de
gás para proteção pessoal e dos servidores do IBAMA e da FUNAI que se
encontravam com balsa(sic). Posteriormente, os policiais utilizaram a força
necessária para reprimir o ataque sofrido, tendo em vista o grande número de
disparos de armas de fogo vindos da aldeia.”
A nota da Polícia Federal afirma ainda que “houve registro
de seis indígenas feridos, sendo que todos foram socorridos pelos policiais
federais e dois transferidos para Cuiabá/MT para devido tratamento. Além disso,
três policiais (2 federais e 1 da Força Nacional de Segurança) também foram
feridos. Dezenove índios foram detidos para prestar depoimento e posteriormente
liberados. Foram apreendidas quinze armas de calibres diversos, além de
bordunas, arcos, flechas e facões.”
O sítio da Polícia Federal apresta ainda
fotografias de espingardas, facas e flechas apreendidas dos indígenas e um
vídeo do acordo fechado no dia anterior ao confronto.
Apesar dos detalhes, a morte do indígena no
conflito não é sequer mencionada na nota.
Segundo a Agência Brasil, “a assessoria da Polícia Federal na região disse que
tomou conhecimento da morte de Adenilson Kirixi Mundukuru, mas ressaltou que
aguarda a necropsia para saber a causa do óbito”.
O Ministério Público Federal
(MPF) encaminhou Ofício à presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai) e
ao Superintendente da Polícia Federal no Mato Grosso, solicitando
esclarecimentos sobre o conflito.
Somente nesta sexta, a Funai
em Brasília confirmou a morte do indígena, embora a informação tivesse sido
confirmada por seu escritório regional desde quarta. Em nota, o órgão informou
que, “durante a operação, houve confronto, que resultou em policiais e
indígenas feridos" e que um indígena morreu. De acordo com a Funai, alguns
indígenas prestaram depoimento às autoridades policiais, no município de Sinop
(MT), e voltaram para a aldeia.
A Polícia
Federal informa que instaurou inquérito para apurar os incidentes.