Mais
de 100 entidades da sociedade civil assinam a representação pedindo apuração independente do
que ocorreu durante operação policial na
semana passada
O Ministério Público Federal recebeu uma representação assinada por 116 organizações e entidades da sociedade civil pedindo investigação sobre a atuação da Polícia Federal na aldeia Teles Pires, dos índios Munduruku, na semana passada. Durante a operação ficaram feridos dois policiais, seis indígenas e Adenilson Kirixi Munduruku foi assassinado com três tiros.
“O resultado da operação revela violações, abuso de autoridade e outros crimes, que devem ser apurados com celeridade e máxima diligência”, diz a representação, entregue aos procuradores da República no Pará. “O uso da força policial foi desproporcional a qualquer possível reação ocorrida, os indígenas portavam arco e flecha enquanto os policiais, armas de fogo”, relatam. Para as entidades que assinam o documento, “a polícia federal é incapaz de conduzir de forma imparcial e eficaz o inquérito policial sobre a desastrosa ação”.
O documento traz um relato dos indígenas sobre o que ocorreu no dia 07 de novembro de 2012 na aldeia Teles Pires, na divisa dos estados do Pará e Mato Grosso. “A Polícia Federal chegou à aldeia fazendo voos rasantes de helicóptero, de voadeira e disparando projéteis de borracha, o que assustou os indígenas, entre eles idosos, crianças e mulheres”, e que, segundo as entidades, provocou a reação dos guerreiros com arcos e flechas.
“Na sequência, a polícia disparou contra os indígenas, resultando em diversos feridos e na execução de uma liderança indígena. Adenilson Munduruku foi encontrado pelo seu povo com três tiros, um na cabeça e um em cada uma das pernas. Indígenas afirmam que quando o corpo caiu na água a polícia federal atirou bombas contra ele na tentativa de destruí-lo”.
“Na aldeia, a PF ainda arrebentou portas e revistou moradias, intimidando os indígenas e causando pânico. Soma-se a isto as explosões no rio Teles Pires, que destruíram inclusive as embarcações de pesca e de locomoção do povoado. Diante disso, crianças corriam sozinhas com medo para floresta com a finalidade de se refugiar e mulheres foram humilhadas e sofreram ofensas dos agentes federais”, diz a carta.
De acordo com as entidades que protocolaram a denúncia, até o presente momento a aldeia está com dificuldade de manter a autonomia alimentar, porque os equipamentos de caça e pesca foram destruídos e confiscados pela polícia federal. Entre os signatários do documento estão sindicatos, associações indígenas, associações de classe, entidades estudantis, partidos políticos e movimentos sociais da Amazônia e de todo o país.
Junto com a representação, as entidades encaminharam um manifesto emsolidariedade à aldeia Teles Pires. Os dois documentos foram encaminhados à Procuradoria da República em Santarém, que tem atribuição para atuar junto aos índios Munduruku.
Veja a íntegra da representação
Veja a íntegra do manifesto
Fonte: Ministério Público Federal no Pará
O Ministério Público Federal recebeu uma representação assinada por 116 organizações e entidades da sociedade civil pedindo investigação sobre a atuação da Polícia Federal na aldeia Teles Pires, dos índios Munduruku, na semana passada. Durante a operação ficaram feridos dois policiais, seis indígenas e Adenilson Kirixi Munduruku foi assassinado com três tiros.
“O resultado da operação revela violações, abuso de autoridade e outros crimes, que devem ser apurados com celeridade e máxima diligência”, diz a representação, entregue aos procuradores da República no Pará. “O uso da força policial foi desproporcional a qualquer possível reação ocorrida, os indígenas portavam arco e flecha enquanto os policiais, armas de fogo”, relatam. Para as entidades que assinam o documento, “a polícia federal é incapaz de conduzir de forma imparcial e eficaz o inquérito policial sobre a desastrosa ação”.
O documento traz um relato dos indígenas sobre o que ocorreu no dia 07 de novembro de 2012 na aldeia Teles Pires, na divisa dos estados do Pará e Mato Grosso. “A Polícia Federal chegou à aldeia fazendo voos rasantes de helicóptero, de voadeira e disparando projéteis de borracha, o que assustou os indígenas, entre eles idosos, crianças e mulheres”, e que, segundo as entidades, provocou a reação dos guerreiros com arcos e flechas.
“Na sequência, a polícia disparou contra os indígenas, resultando em diversos feridos e na execução de uma liderança indígena. Adenilson Munduruku foi encontrado pelo seu povo com três tiros, um na cabeça e um em cada uma das pernas. Indígenas afirmam que quando o corpo caiu na água a polícia federal atirou bombas contra ele na tentativa de destruí-lo”.
“Na aldeia, a PF ainda arrebentou portas e revistou moradias, intimidando os indígenas e causando pânico. Soma-se a isto as explosões no rio Teles Pires, que destruíram inclusive as embarcações de pesca e de locomoção do povoado. Diante disso, crianças corriam sozinhas com medo para floresta com a finalidade de se refugiar e mulheres foram humilhadas e sofreram ofensas dos agentes federais”, diz a carta.
De acordo com as entidades que protocolaram a denúncia, até o presente momento a aldeia está com dificuldade de manter a autonomia alimentar, porque os equipamentos de caça e pesca foram destruídos e confiscados pela polícia federal. Entre os signatários do documento estão sindicatos, associações indígenas, associações de classe, entidades estudantis, partidos políticos e movimentos sociais da Amazônia e de todo o país.
Junto com a representação, as entidades encaminharam um manifesto emsolidariedade à aldeia Teles Pires. Os dois documentos foram encaminhados à Procuradoria da República em Santarém, que tem atribuição para atuar junto aos índios Munduruku.
Veja a íntegra da representação
Veja a íntegra do manifesto
Fonte: Ministério Público Federal no Pará