sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Belo Monte tem onda de demissões após distúrbios, diz sindicato

Após distúrbios provocados por trabalhadores há cerca de dez dias, as obras da hidrelétrica de Belo Monte (PA) registram uma onda de demissões, afirmam sindicatos.

A Conlutas, central sindical ligada ao PSTU, diz que houve cerca de 400 demissões e que os desligamentos são uma retaliação ao quebra-quebra que danificou alojamentos, máquinas, veículos e escritórios da obra.

O consórcio responsável pela construção nega represálias e diz que "admissões e demissões ocorrem diariamente por causa do grande volume de mão de obra". Não informou, contudo, o número de demitidos.

Segundo relato de operários, as demissões atingiram sobretudo trabalhadores que vivem dentro da obra, por terem iniciado os distúrbios.


"No meu condomínio [alojamento] moravam umas 400 pessoas e todas foram demitidas", disse um armador demitido do sítio Pimental, que não quis se identificar.

No último dia 10, operários iniciaram um quebra-quebra após rejeitarem proposta da empresa de reajuste salarial de 11% --queriam 33%.


Em razão dos incidentes, a obra foi paralisada dois dias depois pelo CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte). Operários alojados foram liberados para voltar às suas casas, sob o argumento de que seriam convocados na retomada dos trabalhos.

De acordo com a Conlutas, alguns desses trabalhadores estão sendo demitidos antes mesmo de voltar para a obra.

Em meio a essa situação, os operários vivem um racha sindical, tendo como representante oficial o Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada), filiado à Força Sindical, mas com a rivalidade daConlutas.

O Sintrapav informou ter solicitado esclarecimentos ao CCBM sobre as demissões.

Segundo o sindicato, o consórcio respondeu que aproveitou a parada da obra para fazer um "filtro" no quadro de pessoal e demitir aqueles que estavam com desempenho insatisfatório, o que não teria relação com a revolta dos operários.

Atualmente são 15 mil operários em Belo Monte, obra de conclusão prevista para 2019.

Prisão
A Polícia Civil concluiu anteontem o inquérito sobre os distúrbios na obra e pediu o indiciamento de seis operários, dos quais cinco foram presos em flagrante após serem identificados por seguranças da empresa.

A Defensoria Pública solicitou à Justiça em Altamira a liberação dos presos, mas o pedido foi negado. Agora eles vão tentar fazer o pedido à Justiça em Belém.


Fonte: Folha
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