Gilberto Carvalho |
O Chefe da Secretaria-Geral da
Presidência, responsável pela ponte entre o Planalto e os movimentos sociais,
Gilberto Carvalho, concedeu uma entrevista para BBC, na qual fez um balanço dos
últimos quatro anos de mandato de Dilma Rouseff.
Na entrevista divulgada segunda-feira (10) Gilberto
Carvalho defendeu o uso Força Nacional de Segurança para reprimir protestos
contra a construção da usina de Belo Monte e disse que a mesma postura
pode ser adotada no rio Tapajós, no Pará, onde há planos de erguer mais hidrelétricas
nos próximos anos.
O ministro disse que no caso das hidrelétricas do Tapajós
existe uma equipe do governo na região tentando implementar a convenção 169,
mas há sabotagem por parte de entidades para que isso não aconteça.
Ademir Kaba, professor, sociólogo e liderança Munduruku
do Movimento Ipereg Ayu, leu toda a entrevista de Gilberto Carvalho e denuncia:
“Ele é um canalha. O que ele está falando é o que ele diz desde quando ocupamos
Belo Monte em 2012. Isso daí não é novidade pra gente. O que o governo
brasileiro está fazendo é a mesma coisa que faz há mais 500 anos. Mas tudo bem,
a luta fica melhor assim. Vamos seguir existindo e resistindo por mais 500
anos”.
Os Munduruku estão há um mês abrindo pontos no meio da
mata fechada e demarcando por conta própria a terra indígena Sawré Muybu, no
médio Tapajós, próximo de Itaituba. O terriório, de pouco mais de 178 mil
hectares, está localizado a poucos quilômetros do local previsto para sediar a
usina de São Luiz do Tapajós, de 8.040 megawatts.
No último dia 5 os
indígenas divulgaram um comunicado no
qual criticam a postura do governo em querer restringir a participação de lideranças
em uma reunião sobre consulta prévia. Os indígenas denunciam a mudança do local
da reunião em cima da hora e dizem que só aceitarão dialogar novamente com o
governo após a demarcação da TI Sawré Muybu.