Não faltou diálogo, o que faltou no caso dos
movimentos sociais foi o atendimento das demandas. A reforma agrária e a
questão indígena avançaram pouco. A reforma urbana – as estruturas de
funcionamento das cidades, a mobilidade urbana – também não foi o que os
movimentos esperavam.
Para o atendimento das demandas, tem de fortalecer
alguns órgãos de governo. No caso da reforma agrária, o Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária). No caso da política indigenista, a
Funai (Fundação Nacional do Índio). Isso implica aumentar o orçamento, fazer
concurso, comprar terrenos, indenizar quem está em terra indígena.
Acho que houve erros em Belo Monte no processo de
implantação da obra, no ritmo das compensações e tal. Agora, quando você mantém
um diálogo permanente – e instalamos lá uma casa de governo para dialogar – e
se apela para ocupação de uma obra que tem interesse nacional, é dever do
Estado enviar todos os esforços para que a obra retome o ritmo. Estamos com uma
crise energética no país que não é pequena e temos de realizar Belo Monte.
Atribuir essa culpa ao governo é um absurdo. A
direita cresce porque cresce. O partido da Kátia Abreu está na nossa base. Se
eu restringir minha base àqueles que pensam como nós, não aprovamos nenhuma
lei. Fazer aliança significa trabalhar com o adversário, digo, com o diverso.
Em nenhum momento foi por conta da Kátia Abreu que
deixamos de avançar. Não avançamos porque faltou competência e clareza. Mas não
dá para dizer que não foi feito nada.
Do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto
Carvalho, em entrevista para João Fallet, da BBC Brasil.