sábado, 29 de novembro de 2014

Presidente do Incra pressionou para legalizar lotes da família do Ministro da Agricultura, afirma testemunha ao MPF


O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária teria pressionado o Superintendente do Incra no Mato Grosso para legalizar lotes de projeto de assentamento controlados pela família do Ministro da Agricultura, Neri Geller.

A informação consta de trecho de denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que faz parte da operação “Terra Prometida”, deflagrada nesta quinta-feira (27) em conjunto com a Polícia Federal. A quadrilha é investigada por fraudes em pelo menos mil lotes de assentamentos no estado do Mato Grosso, num esquema envolvendo servidores do Incra, sindicalistas, funcionários municipais e empresários e fazendeiros ligados ao agronegócio. Entre as 52 pessoas com prisão preventiva decretada pela Justiça Federal a pedido do MPF e da Polícia Federal estão dois irmãos do atual ministro da agricultura, Neri Geller. O nome do próprio ministro também é citado nas investigações. Em agosto, a Polícia Federal recebeu autorização do Supremo Tribunal Federal para incluir o ministro entre os investigados. Ao todo são 222 mandatos judiciais.

“Corre a notícia que essa família Geller possui mais de 15 lotes dentro do assentamento. Por isso, Neri Geller, na condição de Ministro da Agricultura, tem se empenhado tanto em pressionar o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), através do presidente do órgão de Brasília”, diz uma testemunha em trecho de um depoimento que faz parte denúncia oferecida MPF conforme divulgado no sítio G1 e reproduzido AQUI. Até o momento não há informações se o atual presidente do Incra, Carlos Guedes, é investigado ou não na Operação.

A investigação aponta que os trabalhadores rurais eram aliciados, coagidos e ameaçados para venderem ou entregarem os lotes de cerca de 100 hectares, avaliados em R$ 1 milhão, cada um. A investigação também demonstra a situação de medo e insegurança vivenciada pelos poucos assentados que ainda permanecem no local, os quais não só sofrem constantes ameaças, como também, vivem com o receio de que, a qualquer momento, poderão ser retirados de suas terras à força.

Em nota oficial divulgada na quarta-feira (27), a Presidência do Incra afirmou que vem tomando medidas administrativas para evitar a ocupação ilegal em assentamentos e que “(...) desde o início apoiou e continua apoiando o trabalho policial, prestando informações e fornecendo documentos ou informações solicitadas, a fim de dar sustentação técnica ao processo.”

Nesta sexta, Carlos Guedes anunciou que afastou os servidores suspeitos de participação no esquema. “Estamos seguros que a operação da Polícia Federal contribui muito para o trabalho de destinação das áreas de reforma agrária para pequenos agricultores”, salientou. “Para a instituição, é sempre muito ruim ter servidores arrolados em uma investigação como essa. Entretanto, isso demonstra o compromisso do Incra com o benfeito”, avaliou Guedes que é tido como provável nome para o Ministério do Desenvolvimento Agrário no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

O nome de Guedes seria uma “compensação à esquerda” de Dilma ao nome de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura.

*Com informações da Agência Brasil, MPF-MT e G1-MT.
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