Por: Filipe Matoso*
Segundo
Alexandre de Moraes (Justiça), governo busca ‘outro tipo de
perfil’. Índios protestaram contra indicação de oficial da reserva que
apoiou ditadura.
O
ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou nesta quarta-feira (5), após
se reunir com lideranças indígenas, que o general da reserva Sebastião Roberto
Peternelli Júnior, indicado pelo PSC para a presidência da Fundação Nacional do
Índio (Funai), não assumirá o posto porque o governo procura alguém com “outro
tipo de perfil”.
A
indicação do general motivou uma reunião na tarde desta quinta, no Planalto,
entre Moraes, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima
(Secretaria de Governo) e lideranças indígenas.
Em
troca do apoio do PSC no Congresso Nacional, o governo havia acertado que
caberia ao partido indicar um nome para a presidência do órgão, e a legenda
sugeriu Peternelli Júnior. A informação de que o general estava indicado para o
órgão, vinculado ao Ministério da Justiça, foi divulgada na edição desta quarta
do jornal “Folha de S.Paulo”.
“Não
há nenhum veto pessoal ao indicado pelo PSC, mas não será ele o presidente da
Funai, porque já estamos em negociação com outro tipo de perfil e coloquei isso
na reunião [com os índios]. Estamos procurando um perfil que já tenha um perfil
histórico de diálogo com as comunidades indígenas para aquilo que estamos
planejando”, disse o ministro.
Antes
da reunião no Planalto, o Ministério da Justiça chegou a divulgar uma nota à
imprensa na qual disse que “não houve nenhum convite” para o general assumir a
presidência da Funai.
“Não
há lugar reservado para partido em determinada fundação, autarquia ou secretaria
do Ministério da Justiça. O que eles podem fazer é indicar pessoas com bons
currículos, pessoas qualificadas. Agora, entre a indicação, a análise e a
escolha há uma distância bem grande, como neste caso de hoje”, acrescentou.
Nesta
quarta, a possível nomeação de Peternelli Júnior provocou polêmica nas redes
sociais porque ele fez uma publicação no Facebook em alusão a 31 de março, data
do golpe militar de 1964, com a seguinte teor: “Salve 31 de março! 52 anos que
o Brasil foi livre do maldito comunismo!!! Viva os nossos bravos militares! O
Brasil nunca vai ser comunista”.
Em
outras publicações, porém, de 2014, ele chegou a dizer que não via motivos para
intervenção militar no país porque o Brasil tem instituições que funcionam
“normalmente”.
*Fonte: G1
Leia também;
Opinião: General na Funai e a epidemia-genocida-xawara(El Pais)
Nota de Repúdio dos servidores da Funai contra a indicação do general da reserva Roberto Peternelli (PSC) à presidência do órgão
(IUH)
Indígenas protestam em frente a embaixadas, em Brasília, contra violações aos seus direitos
(ISA via Amazonia.org)