Roraima é o estado brasileiro que detém o maior percentual de indígenas em terras demarcadas (83,2%)Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Por: Nielmar de Oliveira*
O
Censo de 2010 constatou que, de uma população de 899,9 mil indígenas existentes
em todo o país, 517,4 mil (57,8%) viviam em Terras Indígenas oficialmente
reconhecidas na época da realização da pesquisa, outros 298,871 mil (33,3%)
viviam em áreas urbanas, principalmente nos grandes centros; e outros 80,663
mil (8,9%) habitavam áreas rurais, aí incluídas terras indígenas não
reconhecidas pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
Os
dados fazem parte do primeiro Caderno Temático sobre a população indígena e constam
do Atlas Digital do Brasil 2016, que o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) lançou no último dia 27, com mapas interativos com o
aprimoramento do Censo Demográfico 2010, sobre a distribuição da população
indígena no território nacional.
De
acordo com os dados, a maioria destes 57,7% se concentra nas regiões Norte e
Centro-Oeste. Na Região Norte, este percentual chega a 73,5% e no Centro-Oeste
73,5% dos indígenas estão em território demarcado. Roraima é o estado
brasileiro que detém o maior percentual de indígenas em terras demarcadas
(83,2%) e o Rio de Janeiro, o menor, com apenas 2,8% do total.
Taxa de Fecundidade
Segundo
a demógrafa de mapeamento populacional Indígena do IBGE Nilza de Oliveira
Martins, existe uma variação na taxa de fecundidade entre as populações
indígenas que moram na cidade, em áreas rurais e em reservas oficialmente
reconhecidas pela Funai, sendo maior entre este último grupo.
Para
o levantamento, o IBGE considerou a proporção de crianças até quatro anos, em
relação a mulheres entre 15 e 49 anos. Em terras indígenas, essa proporção era
de 74 crianças para cada grupo de 100 mulheres, o que resulta em taxa de
fecundidade de aproximadamente 5 filhos para cada mulher.
Nas
áreas rurais, a proporção cai um pouco: são 54 crianças para cada grupo de 100
mulheres (4,2 filhos por mulher). Já nos centros urbanos a média cai para menos
da metade: 20 crianças para cada 100 mulheres (1,6 filho por mulher).
“Isto
comprova que há um envelhecimento significativo da população indígena que vive
em áreas urbanas do país, principalmente nos grandes centros. Esta taxa de
fecundidade entre os indígenas que vivem nas áreas urbanas é ainda maior do que
a taxa de fecundidade para o total da população brasileira de uma maneira
geral, que é de 1,9 filhos por cada mulher”, disse.
Reconhecimento
De
acordo com o Atlas Nacional Digital, 75% das pessoas que se declararam
indígenas no país souberam informar o nome de sua etnia ou o povo ao qual
pertencem. As etnias mais representativas, segundo as unidades da federação,
revelaram características determinantes de possíveis padrões de distribuição
espacial de algumas delas. Os Xavantes, por exemplo, estão entre os mais
numerosos em todos os estados da região Centro-Oeste, e os Guarani Kaiowá, com
penetração em toda região Sul e parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste.
A
publicação, cujo lançamento inaugura a política do IBGE de divulgação anual do
Atlas Nacional Digital do Brasil, analisa as características sociodemográficas
dentro e fora das Terras Indígenas, de forma a dar maior visibilidade a esse
segmento da população e mapear estas informações.
O
Caderno Temático identificou 274 línguas indígenas no Brasil. Em áreas
demarcadas, 57,3% de indígenas com mais de cinco anos falam ao menos uma dessas
línguas, enquanto em áreas urbanas, o percentual cai para 9,7%. Em áreas
rurais, este percentual chega a 24,6%.
Em
uma análise regional, as línguas indígenas são faladas em maior porcentagem nas
regiões Norte, Sul e Centro-Oeste. Esta última região concentra o percentual
mais elevado do país, com 72,4% dos indígenas que vivem em Terras Indígenas
demarcadas falando alguma dessas línguas.
Atlas
O
Atlas Nacional Digital do Brasil 2016 incorpora, em ambiente interativo, as
informações contidas no Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, publicado em
2010, acrescidas de 170 mapas com informações demográficas, econômicas e
sociais atualizadas e o Caderno Temático sobre a população indígena no Brasil.
Segundo
o IBGE, o Atlas “revela as profundas transformações ocorridas na geografia
brasileira, acompanhando as mudanças observadas no processo de ocupação do
território nacional na contemporaneidade”.
O
Atlas se estrutura em torno de quatro grandes temas: o Brasil no mundo;
Território e meio ambiente; Sociedade e economia; e Redes geográficas. Além do
texto escrito, o Atlas utiliza mapas, tabelas e gráficos, “o que permite um
amplo cruzamento de dados estatísticos e feições geográficas que tornam
flexível e abrangente a seleção de informações, permitindo o entendimento
aproximado da diversidade demográfica, social, econômica, ambiental e cultural
do imenso território brasileiro”.
Aplicativo
O
IBGE lançou também um aplicativo que para navegação em ambiente interativo que
permite aos usuários – que queiram ter acesso somente ao conjunto de mapas ou
aos que possuem conhecimento mais avançado quanto à busca de informações
geográficas on line – ter acesso a todas as páginas da publicação, podendo
fazer download e consultar dados geográficos, estatísticos e metadados.
“A
aplicação possibilita também analisar os 780 mapas do Atlas em um ambiente
interativo, que permite a navegação pelo mapa, alterar a escala de
visualização, ver e exportar tabelas e arquivos gráficos, personalizar o mapa
superpondo temas de várias fontes, gerar imagens, salvar o ambiente de estudo
para posterior análise e abrir um ambiente personalizado de estudo”.
*Fonte: Agênica Brasil – EBC - Edição: Denise Griesinger