Grupos criminosos retiravam madeira ilegalmente da Terra Indígena Caru, dos índios Awa-Guaja, e da Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi. Devido a denúncia do Greenpeace, ação deve estender-se a TI Alto Turiaçu A Polícia Federal do Maranhão realizou hoje uma grande ação contra o crime organizado que controla a exploração ilegal de madeira em florestas e áreas protegidas do estado. A polícia estima que o grupo tenha movimentado cerca de R$ 60 milhões, por meio de fraudes aos sistemas de controle de madeira e crimes ambientais.
De
acordo com a investigação, os criminosos extraíam madeira da Terra Indígena
Caru, dos índios Awa-Guaja, e da Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi. O
produto, de origem ilegal, era então “esquentado”, com o uso de informações de
empresas laranjas, que possuíam planos de manejo aprovados no interior do Rio
Grande do Norte.
Esta
manhã, mais de 300 policiais federais, com apoio de servidores do Ibama e
policiais do Bope de Brasília e Rio de Janeiro, cumpriram 77 medidas judiciais,
sendo 11 mandados de prisão preventiva, 10 mandados de prisão temporária e 56
mandados de busca e apreensão. Segundo informações da PF, foram bloqueados R$
12 milhões, de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no caso, 44 empresas
tiveram suas certificações suspensas e mais de 20 serrarias ilegais foram
destruídas.
O
mosaico de terras indígenas e unidades de conservação em questão está
localizado na região central do Maranhão, no último remanescente florestal de
Amazônia que resistiu ao desmatamento no estado. O local sofre com a pressão
exercida principalmente pela extração ilegal de madeira, mas também pela
grilagem de terra, para conversão em pasto ou plantações.
A
operação, batizada de “Hymenaea”, em referência avuma das espécies de árvore
exploradas, o Jatobá, acontece próxima a Terra Indígena Alto Turiaçu, onde nas
últimas semanas madeireiros aumentaram as ameaças e voltaram entrar no
território, segundo relatos de fontes locais e organizações que trabalham junto
ao povo Ka’apor. Em abril do ano passado, a liderança indígena Eusébio Ka’apor
foi morto no local e uma adolescente permanece desaparecida desde fevereiro.
Os
Ka’apor realizam ações de monitoramento e proteção do território desde 2010. No
ano passado, o Greenpeace desenvolveu um trabalho junto às lideranças Ka’apor
para a adoção de novas tecnologia nestas ações, com uso de mapas mais precisos,
armadilhas fotográficas e rastreadores via satélite. Desde então, o Greenpeace
vem reiteradamente denunciando às autoridades brasileiras a grave situação de
conflito na região.
Ações
como a promovida hoje, pela Polícia Federal e IBAMA, são fundamentais no
combate ao crime de extração ilegal de madeira, que promove a violência e a
destruição na Amazônia maranhense. Os culpados devem ser penalizados.
No entanto, ações como essa conseguem
frear e diminuir a pressão apenas localmente, enquanto o problema da madeira
ilegal continua no Brasil. É necessário que os governos federal e estaduais
encarem o problema de frente, realizando revisão em todos os planos de manejos
florestais aprovados desde 2006, nas licenças de operação das serrarias, além
de implementar um sistema de controle florestal eficaz, que seja capaz de
inibir as fraudes demonstradas desde 2014 nos relatórios “Chega de Madeira Ilegal”, publicados pelo
Greenpeace Brasil.
Fonte: Greenpeace