Ligado ao ex-presidente José Sarney, o militar foi indicado pelo
PSC e pelo senador Romero Jucá, mas seu nome é rejeitado pelas lideranças
indígenas.
Por Elaíze Farias*
Antonio Cruz/Agência Brasil |
O governo do presidente
interino Michel Temer (PMDB) está analisando o nome do general do Exército
Roberto Sebastião Peternelli Junior para assumir a presidência da Fundação
Nacional do Índio (Funai). Ex-secretário-executivo do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI) da Presidência da República e ligado ao ex-presidente José
Sarney, Peternelli teve o nome indicado para presidir a Funai pelo
Partido Social Cristão (PSC), do qual ele é filiado desde 2014, mas recebeu
também o aval do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
O Fórum Nacional dos
Direitos Humanos pela Democracia e lideranças indígenas rejeitam o nome do
general Roberto Peternelli pelo seu partido ser das bancadas ruralista e
evangélica, além do militar não ter experiência na questão indígena brasileira.
Em entrevista à agência Amazônia Real, o vice-presidente da Comissão
de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (PT-RS),
disse que o Fórum recebeu, na quarta-feira (29), a informação da indicação do
nome do general Roberto Peternelli para presidir a Funai. “A indicação do
general Peternelli para o governo foi formalizada por parte da liderança do
PSC, que é o partido que apoia o governo interino do Temer e ficou com essa
indicação. A indicação foi feita pelo pastor Everaldo, pelo deputado federal
Gilberto Nascimento e contou com a aquiescência do senador Romero Jucá. Essa
indicação já foi encaminhada para o ministro Geddel e está aguardando o
despacho do presidente [Michel Temer] para publicação no Diário Oficial”, disse
Paulo Pimenta.
Geddel Vieira Lima
(PMDB-BA) é o ministro da Secretaria de Governo. A reportagem apurou que, até o
momento, o presidente interino Michel Temer não assinou a nomeação do general
Roberto Peternelli. No Ministério da Justiça as informações que constam é a de
que o nome do militar reformado ainda está sendo analisado. O último
militar a assumir o cargo foi o sargento Cantídio Guerreiro Guimarães, entre
agosto de 1990 e julho de 1991, amigo pessoal de Romero Jucá.
O Fórum divulgou uma nota de repúdio contra a indicação do
general Peternelli. “Essa indicação é um ataque aos povos indígenas do
Brasil, que há séculos esperam a reparação pelo genocídio contra eles movido
pelo Estado brasileiro, é a união do autoritarismo militar com o
fundamentalismo religioso no estratégico espaço da Funai, constituído para a
defesa de seus direitos.”, diz o documento.
Saiba mais no sítio Amazônia Real.