Dados de satélite mostram que a derrubada de árvores disparou em junho de 2016, especialmente no Pará e em Mato Grosso
Bruno Calixto*
Más notícias para
a Floresta Amazônica. Depois de alguns anos com as taxas
de desmatamento estagnadas, o desmatamento voltou com força. Dados
publicados nesta sexta-feira (22) pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da
Amazônia (Imazon) mostram que a Amazônia perdeu 972 quilômetros
quadrados de florestas em junho de 2016, o que representa um aumento de
97% em comparação com junho de 2015. O Imazon faz um monitoramento independente
do desmatamento, por meio de imagens de satélites.
O gráfico abaixo, o primeiro
presente no relatório do Imazon, nos dá uma ideia de como o desmatamento em
junho de 2016 ficou completamente fora da curva.
A explosão de desmatamento
na Amazônia em junho pode ter relação com a cobertura de nuvens na região.
Segundo Adalberto Veríssimo, um dos autores do estudo, uma quantidade grande de
nuvens cobria a região nos meses anteriores. Em junho, essas nuvens se
dissiparam, e os satélites puderam captar todo o desmatamento. Assim, parte do
desmatamento que está sendo registrado agora pode ter acontecido nos meses
anteriores.
Se esse for o caso, o
aumento registrado em junho já estava previsto. Ainda assim, preocupa.
"Já tivemos aumentos maiores no passado recente. É preocupante, mas não é estratosférico. O que preocupa é o fato de estarmos vivendo um El Niño muito forte na região – e, portanto, o desmatamento poderá aumentar muito nos próximos meses. Há muitas florestas degradadas que ficam vulneráveis ao fogo nessa época do ano", diz Veríssimo. A própria Nasa publicou dados recentemente mostrando que a Amazônia pode enfrentar sua pior temporada de queimadas neste ano.
"Já tivemos aumentos maiores no passado recente. É preocupante, mas não é estratosférico. O que preocupa é o fato de estarmos vivendo um El Niño muito forte na região – e, portanto, o desmatamento poderá aumentar muito nos próximos meses. Há muitas florestas degradadas que ficam vulneráveis ao fogo nessa época do ano", diz Veríssimo. A própria Nasa publicou dados recentemente mostrando que a Amazônia pode enfrentar sua pior temporada de queimadas neste ano.
Segundo o Imazon, o
desmatamento se concentrou em quatro estados: Pará, Amazonas, Mato Grosso e
Rodônia. O Pará é o caso mais extremo. Metade de tudo o que foi desmatado
em junho aconteceu no estado, e Altamira foi a cidade que mais desmatou.
Altamira enfrentou um boom populacional nos últimos anos causado pela
construção da hidrelétrica de Belo Monte.
O aumento fez com que as
autoridades do Pará se mobilizassem. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do
estado, equipes estão sendo direcionadas para as áreas críticas e áreas
irregulares serão embargadas. Na próxima terça-feira (26), os secretários de
Meio Ambiente dos estados da Amazônia se reunirão com o ministro do Meio
Ambiente, Sarney Filho.
Segundo Veríssimo, é
possível que a situação ainda piore. "O problema maior pode estar por vir,
entre agosto e outubro, quando o verão amazônico chega a seu auge. Mais seco.
Mais fogo. Maior chance de desmatamento em grande escala."
Fonte: Época/Blog do Planeta