sexta-feira, 13 de julho de 2012

Governo usa ministros e imprensa para criar clima de “fim de greve” para docentes das universidades e institutos


Nesta sexta-feira (13 de julho), ocorreu reunião entre o Ministério do Planejamento e as entidades sindicais dos docentes das instituições federais de ensino em greve: Andes, Sinasefe e ProIfes. A convocação para a reunião foi feita pelo MPOG. Esta ocorre após dois meses de uma greve que alcança 95% das redes de universidades e institutos federais.

Logo no início da reunião e em outro local, os ministros Miriam Belchior (MPOG) e Aluízio Mercadante (MEC) davam uma entrevista transmitida ao vivo pelo canal da presidência da república, já anunciando a proposta que estava sendo apresentada como uma grande concessão do governo, sem que esta sequer tivesse sido discutida na mesa com as entidades sindicais.

Por meio da grande imprensa, o governo fez passar a versão que teria apresentado uma proposta extremamente positiva, com reajuste de 45%, novo plano de carreira, redução dos interstícios para progressão e valorização da qualificação profissional.

Leia: Governo propõe reajuste de até 45% e mudança na carreira de professores

Logo após o término da reunião, por volta das 20h desta sexta, é que estão surgindo as primeiras informações sobre a mesa de negociação. Para o Andes, a proposta apresentada pelo governo apresenta problemas. 
Leia abaixo a notícia que se encontra no sítio da entidade:

Planejamento apresenta proposta, mas mantém desestruturação da carreira docente
O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, apresentou na tarde desta sexta-feira (13), às entidades do movimento docente, uma proposta que envolve tabelas e tópicos com aspectos conceituais sobre a carreira docente (veja aqui conceitos e certificação). Logo após as lideranças sindicais tomarem conhecimento das tabelas, no outro lado da Esplanada dos Ministérios, os ministros Aloizio Mercadante e Miriam Belchior davam uma entrevista coletiva falando do impacto orçamentário da proposta, prevista para ser implementada entre 2013 e 2015. Para o ANDES-SN, a proposta do governo não enfrenta o problema da desestruturação da carreira, apontado pela categoria.

A reunião no Ministério do Planejamento começou com a apresentação das tabelas (veja aqui carreira MS e EBTT). Imediatamente, os representantes das entidades sindicais pediram explicações e esclarecimentos. Ao invés de esclarecer, as falas do governo geraram mais dúvidas, e, por isso, houve a solicitação de que o governo apresentasse as respostas por escrito. A reunião foi suspensa e recomeçou cerca de uma hora depois, para que a bancada do governo detalhasse melhor a sua posição.

Novos esclarecimentos foram solicitados pelos dirigentes das entidades e ficou agendada a realização de nova reunião no dia 23 de julho, às 14h. “Houve um tensionamento para que as entidades dessem um retorno mais rápido, mas argumentamos que o governo demorou para apresentar uma proposta e não seria justo exigir que decidíssemos em dois dias”, conta Marinalva Oliveira.

“A posição apresentada pelo ANDES-SN foi aprovada pela categoria no 30º Congresso Nacional, mas vamos avaliar a proposta do governo nas assembleias que realizaremos por todo o Brasil, e daremos uma resposta no dia 23”, informou Marinalva Oliveira. O Comando Nacional de Greve do ANDES-SN fará uma análise preliminar da proposta do governo, para subsidiar as deliberações das assembléias gerais. Essa análise será concluída neste sábado (14).
Marinalva Oliveira, do Andes.
Força da greve
Logo no início da reunião, Sergio Mendonça reconheceu que a apresentação da proposta, mesmo no atual momento de crise, é fruto da pressão do movimento de greve, mas também revela a importância que o governo dá à educação.

Na quarta-feira (11), a direção do ANDES-SN protocolou a “Carta à Dilma”, solicitando a abertura das negociações, enquanto estudantes e professores realizavam manifestação em frente ao Palácio do Planalto. À tarde, dirigentes do ANDES-SN e do Sinasefe reuniram-se com o secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência, Rogério Sottili, que ficou de entregar a carta à Dilma e de ajudar na “reabertura do diálogo”. Ontem (12), Sottili telefonou para Marinalva para dizer que o governo apresentaria uma proposta nesta sexta (13).



Leia o relato completo da reunião pelo Comunicado do Andes AQUI! 

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