Jorge Freitas*
Planejamento dialoga, mas não se
compromete com grevistas. Só pedidos de saúde e educação estariam em pauta
O governo vai esticar a corda até onde
puder para manter sua estratégia de dar aos servidores públicos somente o que
for possível, sem comprometer o Orçamento de 2013. Segundo a equipe econômica,
caso as reivindicações das categorias paradas fossem atendidas, os gastos
públicos com folhas de pagamento teriam impacto de mais R$ 92,2 bilhões, valor
que compreenderia as demandas do funcionalismo civil e do militar. Os únicos
pleitos que devem ser atendidos, porém, são os dos setores de educação e saúde,
o que desagrada boa parte dos demais sindicalistas.
O Ministério do Planejamento,
responsável pela negociação com as categorias, permanece irredutível e só deve
apresentar propostas no fim de agosto. O secretário de Trabalho da pasta,
Sérgio Mendonça, manteve ontem a rotina de reuniões com as lideranças dos
servidores. A reclamação, porém, é de que ele não sinaliza soluções. Ontem,
liderados pelo deputado Paulo Rubens(PDT/PB), técnicos administrativos das
universidades federais protocolaram sua pauta de reivindicações. “É um ato
político. Temos feito isso todos os dias, só para pressionar o governo”, disse
Rubens.
A quarta-feira foi movimentada para os
servidores do Executivo. Uma vigília foi iniciada por representantes da
Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas
Brasileiras (Fasubra) em frente ao prédio onde fica a Secretaria do Ministério
do Planejamento. Em 22 estados e no Distrito Federal, os cerca de 350 mil
servidores que estão de braços cruzados — segundo dados da Confederação dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) —promoveram manifestações do
Dia Nacional de Lutas.
Representantes dos trabalhadores sem
terras e assentados uniram-se a servidores dos órgãos da agricultura em
Brasília para defender o fortalecimento da política de segurança alimentar dos
brasileiros. A manifestação teve ainda a participação de servidores do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA) e da Fundação Nacional do Índio (Funai). Parte do quadro do próprio
Ministério do Planejamento e funcionários do Arquivo Nacional aderiram ao
movimento grevista. A Polícia Militar estima que cerca de 400 pessoas
participaram dos protestos na Esplanada ontem.
Mais adesões
“Os órgãos vinculados ao Ministério da Cultura, à Imprensa Nacional e às agências reguladoras devem engrossar o movimento”, garante Sérgio Ronaldo da Silva, do Condsef. As agências iniciaram ontem uma operação-padrão que deve se estender até 16 de julho, quando será decidido se haverá uma paralisação total.
“Os órgãos vinculados ao Ministério da Cultura, à Imprensa Nacional e às agências reguladoras devem engrossar o movimento”, garante Sérgio Ronaldo da Silva, do Condsef. As agências iniciaram ontem uma operação-padrão que deve se estender até 16 de julho, quando será decidido se haverá uma paralisação total.
O presidente da Associação Nacional
dos Servidores Efetivos das Agências Reguladoras Federais (Aner), Paulo Mendes,
disse que a categoria reivindica correção salarial e também exigência de nível
superior para os concursos que forem abertos. Na manhã de hoje estarão em
negociação o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)
e o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).
Fiscalização prejudicada
De acordo com o presidente do
Sinagencias, João Maria Medeiros, no lugar dos cerca de 30 processos analisados
por semana, as agências se limitarão a menos da metade do quantitativo. O movimento é mais forte no Rio
Grande do Sul, onde a operação realizada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) deve prejudicar a fiscalização de aeroportos e portos e da
fronteira.
Fonte: Correio Braziliense – 05/07/2012