Por Sérgio Domingues*
Em 1899, Lênin escreveu um texto chamado “Sobres as greves”. Em um
trecho ele diz que “a greve abre os olhos dos operários não só quanto aos
capitalistas, mas também ao que se refere ao governo e às leis”.
Fazendo
referência à situação da época ele afirma:
Do mesmo
modo que os patrões se esforçam para aparecerem como benfeitores dos operários,
os funcionários e seus lacaios se esforçam para convencer os operários de que o
czar e o governo czarista se preocupam com os patrões e os operários na mesma
medida, com espírito de justiça.
No texto
de Lênin, a greve ensina aos operários que a neutralidade governamental é uma
farsa. A polícia, o exército, os juízes e as leis viram-se contra eles da
maneira mais brutal e aberta.
A greve
em andamento nas universidades federais não envolve operários e patrões. Mas
ex-operários e antigos trabalhadores representam o governo. Apesar disso, não
negociam, recusam-se a aumentar as verbas para o setor, criaram entidades
pelegas para dividir o movimento. Comportam-se de modo tão indigno quanto os
lacaios a que se refere Lênin.
Lênin
dizia que os sindicatos podem ser escolas do socialismo. As greves seriam como
cursos intensivos. O atual ministro da Educação foi vice-presidente nacional do
sindicato dos professores universitários. Deve ter aprendido muito com as lutas
e paralisações da categoria.
As lições
mais importantes vieram, certamente, das negociações. Aprendeu com antigos
governos como enrolar, adiar, enganar. Agora, Mercadante faz uso do
aprendizado. Como muitas outras antigas lideranças populares que participam do
atual governo, vai chegando à pós-graduação em peleguismo.
*Do
blog Pílulas Diárias
Leia: Sobre as greves (Texto de Lenin)