A
Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
trouxe em matéria de capa a “maior descoberta da ornitologia brasileira em 140
anos”.
“Novas
aves da Amazônia” aborda a inédita descrição de 15 novas espécies de aves na
Amazônia Brasileira. Os trabalhos serão ainda publicados num volume especial do
Handbook of the birds of the world e são resultados de pesquisadores
vinculados ao Museu de Zoologia da Universidade de
São Paulo (MZ-USP), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), de
Manaus, e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), de Belém – e ao Museu de Ciência
Natural da Universidade Estadual da Louisiania (LSUMNS), Estados Unidos.
“Os ornitólogos não apresentavam ao mundo, de uma só vez, numa única
obra, um conjunto tão numeroso de novas aves brasileiras desde 1871, quando
saiu o livro Zur Ornithologie Brasiliens. Nessa obra, escrita pelo
austríaco August von Pelzeln (1825-1891), foram divulgadas 40 espécies de aves
coletadas pelo naturalista Johann Natterer (1787-1843), também austríaco, em
suas viagens pela Amazônia brasileira”, afirma a publicação da Fapesp.
Onze das novas espécies são endêmicas
do Brasil e quatro podem ser encontradas também no Peru e na Bolívia. Oito
ocorrem somente a oeste do rio Madeira, na parte ocidental da Amazônia; cinco
habitam exclusivamente terras situadas entre esse curso d’água e o rio Tapajós,
no centro da região Norte; e duas vivem apenas a leste do Tapajós, no Pará, na
porção mais oriental da floresta tropical.
Apesar de não destacada pela matéria, a
localização das regiões de localização das espécies coincide com a área de
expansão da fronteira hidrelétrica: Santo Antônio e Jirau no rio Madeira,
Complexo do Tapajós e as barragens Belo Monte, no rio Xingu.
Além disso, outras grandes obras infraestrutura
colocam as espécies sob risco de extinção. É o caso de uma espécie de gralha,
do gênero Cyanocorax, que vive apenas na beira de campinas naturais
situadas em meio à floresta existente entre os rios Madeira e Purus, no
Amazonas. “Essa gralha está ameaçada de extinção”, diz Mario Cohn-Haft, curador
da seção de ornitologia do Inpa, principal descobridor do cancão-da-campina,
nome popular cunhado para a ave. “Seu hábitat está em perigo e podemos perder a
espécie antes de ter tido tempo de estudá-la a fundo.” Sua principal região de
ocorrência é um complexo de campinas, distante 150 quilômetros ao sul de
Manaus, numa área próxima à rodovia BR-319, que liga a capital amazonense a
Porto Velho. A estrada está sendo reformada e os pesquisadores temem que o
acesso facilitado ao local coloque em risco o hábitat da espécie. “A nova
gralha também ocorre numa zona de campos naturais no sul do Amazonas, próximo a
Porto Velho, onde há muitos colonos do Sul do país, que a confundem com a
gralha-azul [um dos símbolos do Paraná]”, diz Cohn-Haft.
A matéria cita também a “proteção
armada” promovida pelo Exército a cientistas que pesquisavam o arapaçu-de-bico-torto,
na Floresta Nacional de Altamira, próxima à rodovia BR-163, no sul do Pará. A
área é uma unidade de conservação federal, mas com o funcionamento de garimpos
ilegais.
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