A Secretaria Geral da Presidência da República, comandada pelo petista
Gilberto Carvalho, decidiu atacar duramente a ocupação do canteiro de obras de
Belo Monte, hidrelétrica em construção no rio Xingu, na região de Altamira,
Pará. A área foi tomada por quase 200 indígenas desde o último dia 02 de maio,
a maioria deles do povo munduruku, do vale dos rios Tapajós e Teles Pires, onde
estão previstas a construção de outras usinas.
O documento, disponibilizado em destaque no sítio da Secretaria, não só
desqualifica o movimento que faz a ocupação, como acusa os indígenas de uma
série de crimes e dar várias versões contraditórias aos últimos atritos
ocorridos entre o governo e os mundurukus.
Com o título “Esclarecimentos sobre a consulta aos Munduruku e a invasão
de Belo Monte”, o longo texto diz que a ocupação é coordenada “por autodenominadas lideranças do povo Munduruku” e que “essas pretensas lideranças
Munduruku têm feito propostas contraditórias e se conduzido sem a honestidade
necessária a qualquer negociação”. A presença da Secretaria Geral da
Presidência junto ao canteiro de obras para dar início a processo de negociação
é uma exigência do movimento.
Para o governo,
o movimento do indígenas não ocorre em defesa do meio ambiente ou em contrariedade
às usinas hidrelétricas em construção ou previstas na Amazônia, mas que “alguns
Munduruku não querem nenhum empreendimento em sua região porque estão
envolvidos com o garimpo ilegal de ouro no Tapajós e afluentes” Sem citar nomes, a nota diz que “um dos principais porta-vozes dos invasores
em Belo Monte é proprietário de seis balsas de garimpo ilegal”.
A nota também
acusa os indígenas de sequestro e ameaça de morte a servidores públicos e
que “só após a retirada dos invasores
dos canteiros de Belo Monte iniciaremos um diálogo para estabelecer condições
mútuas de negociação, com o acompanhamento do Ministério Público, da imprensa e
da sociedade."