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domingo, 17 de julho de 2016

Estudo identifica quase 12 mil espécies de árvores na Amazônia


Levantamento mostra que ainda faltaria descobrir cerca de 4 mil de espécies no bioma, trabalho que consumiria estimados 300 anos
Por: Cesar Baima*
Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia impressiona não só por sua exuberância, mas também pelo gigantismo de seus números. Cobrindo uma área de cerca de sete milhões de quilômetros quadrados — aproximadamente 60% dos quais em território brasileiro —, o bioma abriga 2,5 milhões de tipos de insetos, dezenas de milhares de espécies de plantas e mais de dois mil animais, entre peixes, anfíbios, répteis e mamíferos, com, acredita-se, muitas outras milhares ainda desconhecidas da ciência. E agora mais um número se junta a esta lista. Em um levantamento inédito, pesquisadores verificaram que a Amazônia é lar de quase 12 mil espécies de árvores, mais do que em qualquer outro lugar da Terra, em nova demonstração da pujança de sua biodiversidade.
No estudo, publicado no periódico científico de acesso aberto “Scientific Reports”, os cientistas liderados por Hans ter Steege, do Centro Naturalis de Biodiversidade, na Holanda, analisaram arquivos digitalizados com imagens e dados de mais de 530 mil amostras de árvores — definidas como plantas cujo tronco atinge o diâmetro mínimo de 10 centímetros na altura do peito (1,3 metro do chão) — recolhidas na Amazônia entre 1707 e 2015 espalhadas em dezenas de museus, herbários e instituições de pesquisa do planeta. Com isso, eles identificaram 11.676 espécies diferentes nestas coleções.
Uma agulha no palheiro
O resultado do levantamento foi considerado pelos pesquisadores como em linha com estimativa feita por estudo anterior liderado pelo próprio Steege, publicado em outubro de 2013 na prestigiada revista científica “Science”, que apontou que a Amazônia teria aproximadamente 16 mil espécies de árvores em uma população total que chegaria a 390 bilhões de plantas do tipo. Isso significa que ainda falta à ciência descobrir cerca de quatro mil das mais raras espécies de árvores do bioma. É um trabalho tão grande e difícil que, de acordo com avaliação dos próprios autores do novo inventário, seriam necessários pelo menos mais 300 anos para ser completado, desde que sejam feitas expedições frequentes no bioma.
— É o equivalente a procurar por uma agulha num palheiro — compara Rafael Paiva Salomão, pesquisador da Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi e coautor de ambos estudos. — Estas quatro mil espécies que faltam são muito raras e serão bem difíceis de serem achadas. Além disso, as dificuldades para se trabalhar na Amazônia são muito grandes. A floresta é muito densa, o que vai exigir expedições regulares e trabalhosas. E para isso são necessários recursos, que também estão em falta.
Segundo os pesquisadores, as cerca de quatro mil espécies de árvores ainda desconhecidas da Amazônia têm uma abundância estimada em igual ou menos de um milhão de exemplares em toda floresta, sendo que algumas não atingiriam o número de mil plantas no total. Diante disso, eles calculam que as chances de uma amostra de alguma árvore no topo deste nível de ocorrência ser coletada ao acaso em 2,5 por milhão. Já para as espécies cuja ocorrência não passa de mil exemplares entre as centenas de bilhões de árvores da Amazônia, esta probabilidade cairia para apenas 2,5 a cada bilhão. Ainda assim, os autores do estudo destacam que, se suas estimativas estiverem corretas, quase sete mil espécies de árvores cuja abundância também não passa de um milhão na floresta já foram descobertas e descritas nos últimos três séculos, uma estatística bem mais animadora para o trabalho futuro.
— Temos hoje uma boa ideia da megadiversidade arbórea da Amazônia, mas é preciso avançar mais — defende Salomão. — E esta biodiversidade pode ter muitas aplicações, seja na indústria farmacêutica quanto na alimentícia, fabricação de perfumes e outras. O conhecimento de novas espécies pode levar à descoberta de novos produtos para diversos setores com grande importância econômica.
Recursos direcionados
E um exemplo disso é o açaizeiro (Euterpe precatoria). Apontada no estudo de 2013 como uma das espécies de árvores mais comuns na Amazônia, com mais de cinco bilhões de exemplares espalhados pela floresta, este tipo de palmeira é hoje fonte de renda para milhares de famílias na Região Norte. Outra espécie de importante papel econômico que figura na lista das árvores com maior número de exemplares no bioma é a seringueira (Hevea brasiliensis), com uma abundância calculada em quase dois bilhões de plantas. E isso sem contar espécies menos abundantes mas ainda assim consideradas “hiperdominantes” pelos pesquisadores, como a castanheira (Bertholletia excelsa) e muitas outras.
— Hoje os recursos para as pesquisas na Amazônia são muito direcionados, seja para fazer perfumes, procurar fármacos, a indústria madeireira ou para captura de carbono — conta Salomão. — Não temos nada focado no conhecimento da biodiversidade da Amazônia como um todo, e assim a região ainda é muito pouco estudada. Com um programa de cinco a dez anos de expedições regulares, no entanto, acredito que poderíamos fazer um inventário bem maior, identificando várias espécies de interesse científico e econômico.
Para o pesquisador do Museu Goeldi, uma maneira de avançar neste sentido de forma mais rápida seria integrar o trabalho às muitas novas unidades de conservação que foram e estão sendo criadas no bioma nos últimos anos.
— Muitas destas unidades de conservação existem basicamente só no papel, com poucos funcionários e quase nada de pesquisa — critica Salomão. — Não há estudos ou projetos específicos nelas. Precisamos que as unidades de conservação passem a contribuir efetivamente para o avanço do conhecimento sobre o bioma amazônico. E esta integração e conhecimento gerado, por outro lado, também ajudaria nos próprios esforços de preservação.
*Fonte: O Globo

Leia também: Petróleo ameaça 745 espécies na Amazônia, dizem cientistas (Agência EFE via Amazonia.org)

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Madeireiras mandam, MMA obedece.


Globo Rural (30 de janeiro de 2015):
O setor madeireiro se reuniu hoje com o governador de Mato Grosso, Pedro Taques, para pedir a revogação da portaria do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que proíbe a coleta, corte, transporte, armazenamento, manejo, beneficiamento e comercialização de seis espécies por risco de extinção (itaúba, garapeira, jatobá, cerejeira, jequitibá e a cedro). As nove entidades que participaram do encontro argumentam que a portaria 443/2014, publicada em dezembro do ano passado, inviabiliza a atividade madeireira em Mato Grosso.

Leia tudo AQUI

Estadão (13 de fevereiro de 2015):
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, assinou nesta quinta-feira, 26, uma portaria para regulamentar a exploração comercial de espécies vegetais que correm o risco de extinção. A maior preocupação é com árvores que estão na base de sustentação econômica do setor madeireiro, como mogno e cedro, cuja inclusão na lista de espécies ameaçadas, publicada em dezembro do ano passado, causou muito temor – e confusão – na indústria florestal.

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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Obra do Minha Casa, Minha Vida no AM derruba castanhal de 300 mil metros quadrados

Para erguer conjunto de 500 casas em Parintins, financiado pela Caixa Econômica Federal, construtora desmatou área equivalente a 30 campos de futebol da árvore símbolo da Amazônia e, até agora, não cumpriu exigência de plantio e replantio de 2.717 mudas

Castanheira em frente a casas do programa: local de replantio ainda é incerto
Ataíde Tenório/AE
Marta Salomon - Enviada Especial*

Um conjunto habitacional de 500 casas do programa Minha Casa, Minha Vida está sendo erguido no município de Parintins (AM) numa área de 300 mil m² que era ocupada por castanheiras - árvore símbolo da Amazônia, cujo corte e comercialização são proibidos. A obra é financiada pela Caixa Econômica Federal.

O empreendimento atende pelo nome de Vila Cristina e ocupa parte de área da comunidade Macurany. "Não somos contra a construção de conjuntos habitacionais na cidade, mas as castanheiras eram uma das alternativas de renda de 130 famílias", diz Odirley Souza, morador da comunidade.

Há divergências sobre o número de árvores derrubadas. Souza conta que foram "mais de cem". A empresa NV Indústria e Construção, responsável pela obra, diz que o número de castanheiras abatidas foi menor: 81. No terreno destinado ao conjunto habitacional, que tem planos de expansão, havia ainda exemplares de espécies nativas. O total de árvores abatidas foi de 207, segundo a própria empresa, e ocupava uma área equivalente a 30 campos de futebol.

Há divergências também sobre o cumprimento da licença ambiental concedida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam). O Estado teve acesso ao documento, de 21 de agosto de 2009. A licença condicionava o corte das árvores e o início das obras ao plantio e replantio de 1.584 mudas de castanheiras, além de plantio e replantio de outras 1.133 mudas de espécies nativas. Essa exigência não foi cumprida até hoje, quase um ano e nove meses depois da concessão da licença.

O diretor administrativo da construtora, Hudson Tavares Almeida, disse que a continuidade das obras foi assegurada pela renovação da licença, no início do mês. "Estamos seguindo o que manda a lei", disse, argumentando que não existe prazo para o cumprimento das exigências fixadas pelo órgão ambiental.

A Caixa Econômica Federal, segundo a construtora, participou do financiamento de R$ 17 milhões ao empreendimento da Vila Cristina. O dinheiro público entra no negócio como subsídio às famílias interessadas pelos imóveis - casas de dois quartos ou três quartos com suíte. O subsídio é garantido à faixa de renda entre três e dez salários.

Renda.
Denúncia entregue na sexta-feira passada à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira - que participava de um evento na cidade -, lembra que nem os professores públicos do município têm renda suficiente para comprar uma casa no conjunto habitacional. A construtora informa que parte das primeiras unidades já vendidas tem como compradores os moradores de outros locais, como Manaus, a capital do Estado, e até Rio Grande do Sul.

Parintins está localizada em uma ilha no Rio Amazonas. É um polo turístico da região, principalmente por causa das festas do Boi Bumbá, que dividem a cidade entre as cores azul e vermelho, marcas dos grupos Garantido e Caprichoso. As festas atraem turistas do País inteiro.

A construtora planeja outras quatro etapas da Vila Cristina, com mais 250 casas cada uma. Moradores da comunidade Macurany, porém, informam que os antigos castanhais integravam área de proteção ambiental do município.

Na obra, perto das casas recém-construídas, alguns troncos abandonados de castanheiras se misturam às novas ruas de barro da Vila Cristina.

Preço
R$ 37 mil - É quanto a população paga por uma casa, com subsídio. O custo real varia de R$ 54 mil a R$ 77 mil

*Fonte: O Estado de São Paulo

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O maior inventário botânico do mundo...

Lista apresenta das plantas mais comuns às mais exóticas

Botânicos britânicos e americanos criaram a lista de plantas mais ampla do mundo, com 1,25 milhão de denominações inventariadas. Este banco de dados, que pode ser consultado em www.theplantlist.org, é considerado uma contribuição essencial para a preservação da flora global, pois contém os nomes científicos e comuns da maioria das espécies vegetais conhecidas, desde as ervas mais simples a legumes, passando pelas rosas, musgos e coníferas.

A "Plant List" comporta também links de publicações científicas relacionadas com as espécies em questão, para ajudar o trabalho de investigadores, tanto em botânica quanto em farmácia.

Segundo os cientistas do Royal Botanical Gardens (Kew Gardens), no Reino Unido, e do Missouri Botanical Garden, nos Estados Unidos, que elaboraram a lista, esta nova ferramenta é crucial para investigações, previsões e vigilância de programas de preservação das plantas no mundo inteiro.
"Sem os nomes correctos, a compreensão e a comunicação sobre a vida dos vegetais perder-se-iam num caos, custariam somas faraónicas, além de colocar vidas em perigo, no caso de plantas utilizadas em medicina", sublinham em comunicado.

Os especialistas em botânica e em tecnologia de informação das duas instituições iniciaram as suas pesquisas em 2008 para estabelecer esta lista como base de comparação entre famílias de plantas compiladas por Kew Gardens e o sistema Tropicos, um banco de dados produzido, desde 1982, pelo Missouri Botanical Garden.