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quinta-feira, 7 de julho de 2016

Projetos na Câmara pedem suspensão de homologações de Terras Indígenas

Por: Bianca Pyl*
Em mais um ataque aos direitos indígenas, projetos visam suspender decretos de abril de 2016 que homologaram três terras indígenas.  Para o jurista Dalmo Dallari a fundamentação apresentada nas propostas legislativas “não tem a mínima consistência jurídica”.
Em maio, o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) apresentou 29 projetos de decreto legislativo para suspender os efeitos de decretos assinados pela presidente afastada Dilma Rousseff que homologaram terras indígenas e desapropriaram imóveis rurais para reforma agrária e para titulação de territórios quilombolas.  Todos os 29 PDCs terão ainda que ser analisados nas comissões e votados no Plenário da Câmara dos Deputados.
A iniciativa parlamentar visa suspender as homologações das Terras Indígenas Cachoeira Seca (Pará), Piaçaguera (São Paulo) e Pequizal do Naruvôtu (Mato Grosso) que ocorreram em abril desse ano. Busca também sustar os efeitos do decreto 29 de abril que desapropriou imóvel rural para assentar famílias da comunidade indígena Kaingang da Aldeia Kondá (Santa Catarina).
“Suspender a homologação seria uma grande tristeza, isso seria uma perda de nossa identidade. A terra para nós tem um valor muito grande por ter a espiritualidade de nossos ancestrais. Nós vamos lutar até o fim por ela” Catarina Delfina dos Santos, cacique da Aldeia Piaçaguera, TI Piaçaguera (SP).
Alegação de ilegalidade das homologações não se sustenta, dizem juristas
As proposições legislativas, que acusam os decretos de terem vício de legalidade, têm, elas, vícios de inconstitucionalidade” Procurador Luciano Mariz Maia, coordenador da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF.
Pela evidente inconsistência jurídica e lógica de seus fundamentos e em defesa da normalidade constitucional e dos direitos fundamentais das comunidades indígenas, deve ser rejeitados integralmente os Projetos de Decreto Legislativo propostos pelo deputado Jerônimo Goergen, Dalmo de Abreu Dallari.
O Deputado Jerônimo Goergen fundamenta sua proposição alegando que os decretos teriam vício de origem e de forma, por terem sido assinados a poucos dias da votação que autorizou a abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
Indagada sobre os argumentos do deputado, a Funai declarou à Comissão Pró-Índio que “as terras indígenas a que o deputado faz referência passaram por longos processos de identificação e delimitação até chegar à fase de homologação” E afirmou que “a homologação das terras indígenas pela Presidência da República é parte desse rito administrativo sendo, portanto, obrigação legal do Estado brasileiro conforme preconiza a Constituição”.
A justificativa do parlamentar é refutada também por Dalmo de Abreu Dallari que, em entrevista à Comissão Pró-Índio, sustentou que “todos os atos praticados obedecendo os preceitos legais, mesmo se praticados no dia da votação do afastamento, mas antes deste, são atos legais, plenamente válidos.” Para o jurista, a fundamentação de Goergen não têm a mínima consistência jurídica.
O coordenador da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, o Procurador Luciano Mariz Maia, explica que a sustação dos decretos “é cabível para as hipóteses em que o Congresso vê violada, pelo Executivo, a delegação que conferiu para que o Executivo legislasse em nome do Parlamento, ou diante de abuso, excesso ou desvio de regulamentação de matéria legislativa votada pelo Parlamento”. Segundo o Procurador da República, no caso em questão, não se está diante de nenhuma das hipóteses do art. 49, V, da Constituição, não havendo fundamento constitucional para a sustação de atos concretos do Poder Executivo. Afirma ainda que, “caso aprovados, os Decretos Legislativos incidirão em violação à separação de poderes, ficando sujeitos a controle de constitucionalidade, perante o Judiciário”.
Na avaliação de Carolina Bellinger, assessora de coordenação da Comissão Pró-Índio de São Paulo, “a iniciativa do Parlamentar deve ser compreendida no contexto de sucessivos ataques aos direitos indígenas consagrados na Constituição”. E lembra que o atual Ministro da Justiça, Alexandre Moraes, em entrevista à Folha de São Paulo mencionou a possibilidade de reanalisar das demarcações realizadas antes do afastamento da presidente Dilma Rousseff, ou seja, a hipótese de revisão não vem sendo apenas considerada no âmbito do Legislativo, mas também do Executivo.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), por meio de Carta Pública ao presidente interino Michel Temer datada de 19 de maio afirmou que os povos indígenas jamais admitirão que o atual Governo interino revogue as medidas relativas ao processo de demarcação. A APIB entende que “o Governo Dilma cumpriu, mesmo que timidamente, apenas o mandato constitucional de demarcar as terras indígenas, ato administrativo de reconhecimento formal de direito originário”. E repudia quaisquer tentativas de retrocesso e exige respeito total aos direitos fundamentais dos povos indígenas assegurados pela Constituição Federal e reconhecidos pelos tratados internacionais assinados pelo Brasil.

*Fonte: Comissão Pró-Índio de São Paulo

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Blairo Maggi troca de partido e assume Ministério da Agricultura logo após STF arquivar inquérito contra ele


Escolhido para assumir o Ministério da Agricultura, o senador Blairo Maggi, conhecido como “rei da soja”, já foi governador de Mato Grosso por duas gestões. Para assumir o cargo de ministro trocou o Partido da República (PR) pelo PP (Partido Progressista). O grupo Amaggi, de sua propriedade, se tornou um dos principais exportadores de soja do país. Maggi também já foi considerado o maior produtor individual de soja do planeta.

O prestígio no agronegócio fez com que Maggi fosse considerado pela revista ‘Forbes’ uma das pessoas mais influentes do mundo. Mas fez também com que virasse alvo de críticas de várias entidades ambientais. Em 2005, a ONG Greenpeace o contemplou com o prêmio ‘Motosserra de Ouro’.

No mesmo ano, o inglês ‘Independent’ publicou uma reportagem de capa sobre o “estupro da Amazônia”, dizendo que Maggi era “o homem por trás” do desmatamento na região. “Um fazendeiro milionário e um político sem compromissos que preside o boom da produção de soja brasileira”, afirmou o jornal.

Apoiou a reeleição de Lula em 2006, quando também foi reeleito governador. Como senador, votou favorável a abertura de inquérito contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e consequentemente pelo afastamento da presidente, no último dia 12 (quinta).

Na terça (10 de maio), o ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, arquivou um inquérito que o investigava Maggi por lavagem de dinheiro e corrupção na Operação Ararath, da Polícia Federal.

PEC do licenciamento e prorrogação do prazo do CAR para médios e grandes proprietários
Ainda como parlamentar, Maggi foi relator do Projeto de Emenda Constitucional n° 65/2012, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado. De autoria do senador Acir Gurgacz (PDT-RO), a proposta que tem apenas três páginas  acaba com o processo de licenciamento ambiental em obras públicas ao estabelecer que a apresentação de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) pelo empreendedor, a obra não pode mais ser suspensa ou cancelada.

Também antes de tomar posse, Maggi defendeu a prorrogação do prazo de inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) para todos os produtores rurais. Na semana passada, a então presidente Dilma Rousseff publicou uma Media Provisória prorrogando para o dia 05 de maio de 2017 o prazo para que os imóveis com até quatro módulos fiscais façam o CAR. Veja AQUI.

De acordo com Blairo, os médios e grandes proprietários também merecem a extensão do prazo. Desde 5 de maio, esses produtores ainda podem fazer o cadastro, mas não poderão acessar o crédito rural e perderão os benefícios previstos em lei para quem preencheu no prazo.

Com informações do G1, Agência Brasil, O Estado de São Paulo e Canal Rural

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Indígenas protocolam queixa-crime no STF contra deputados ruralistas


"No mesmo governo, seu Gilberto Carvalho, também ministro da presidente Dilma, estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta, e eles têm a direção e o comando do governo". A frase é do deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), num dircurso para agricultores no Rio Grande do Sul. Na mesma ocasião, em novembro de 2013, o também deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) defendeu que os agricultores se armassem para enfrentar os indígenas.

Os dois deputados foram denunciados com uma queixa-crime nesta terça-feira, 27 de maio, no Supremo Tribunal Federal por injúria e racismo no caso de Herinze e por incitação ao crime, no caso de Moreira.

"São elementos que incontestavelmente necessitam de punições, já que as alegações dos parlamentares acima qualificados conotam declarações injuriosas e racistas, com superlativo teor de preconceito, discriminação e incitação à violência e ao ódio", diz o texto assinado pelo Conselho Aty Guassu Guarani Kaiowa e pelo Conselho do Povo Terena, autores da denúncia.

Em fevereiro deste ano, a subprocuradora-geral da República Deborah Duprat Pereira, coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF), ofereceu representação criminal contra os deputados federais Luís Carlos Heinze (PP) e Alceu Moreira (PMDB).

*Com informações do G1