domingo, 2 de dezembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Não iremos embora...
Tawfic Zayyad*
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em vossas goelas
Como cacos de vidro
Imperturbáveis
E em vossos olhos
Como uma tempestade de fogo
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em lavar os pratos em vossas casas
Em encher os copos dos senhores
Em esfregar os ladrilhos das cozinhas pretas
Para arrancar
A comida de nossos filhos
De vossas presas azuis
Aqui sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Famintos
Nus
Provocadores
Declamando poemas
Somos os guardiões da sombra
Das laranjeiras e das oliveiras
Semeamos as idéias como o fermento na massa
Nossos nervos são de gelo
Mas nossos corações vomitam fogo
Quando tivermos sede
Espremeremos as pedras
E comeremos terra
Quando estivermos famintos
Mas não iremos embora
E não seremos avarentos com nosso sangue
Aqui
Temos um passado
E um presente
Aqui
Está nosso futuro
sábado, 31 de dezembro de 2011
Para os que virão
domingo, 14 de agosto de 2011
O vosso tanque, general
Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista
O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar
*Falecido em 14 de agosto de 1956
terça-feira, 17 de maio de 2011
Nakba ("Catástrofe")
Não iremos embora
Tawfic Zayyad*
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em vossas goelas
Como cacos de vidro
Imperturbáveis
E em vossos olhos
Como uma tempestade de fogo
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em lavar os pratos em vossas casas
Em encher os copos dos senhores
Em esfregar os ladrilhos das cozinhas pretas
Para arrancar
A comida de nossos filhos
De vossas presas azuis
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Famintos
Nus
Provocadores
Declamando poemas
Somos os guardiões da sombra
Das laranjeiras e das oliveiras
Semeamos as idéias como o fermento na massa
Nossos nervos são de gelo
Mas nossos corações vomitam fogo
Quando tivermos sede
Espremeremos as pedras
E comeremos terra
Quando estivermos famintos
Mas não iremos embora
E não seremos avarentos com nosso sangue
Aqui
Temos um passado
E um presente
Aqui
Está nosso futuro
*Tawfic Zayyad, palestino de Nazaré, é considerado um pioneiro da poesia de resistência. A maior parte de sua obra foi escrita na prisão.
quarta-feira, 16 de março de 2011
terça-feira, 8 de março de 2011
A flor e a náusea
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Elogio à Dialética
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
O poder apregoa: as coisas
continuarão a ser como são.
E em todos os mercados proclama a exploração:
Isto é apenas o meu começo.
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.
Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.
O que é seguro não é seguro.
As coisas não continuarão a ser como são.
Depois de falarem os dominantes, falarão os dominados.
Quem pois ousa dizer: nunca?
De quem depende que a opressão prossiga? De nós.
De quem depende que ela acabe? De nós.
O que está perdido, lute!
O que sabe e o que se chegou, que há aí que o retenha?
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
E nunca será: ainda hoje.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Quanto Vale? - Pelas Periferias do Brasil Vol. IV
Quanto vale?
O dinheiro que fechou escolas.
A oferta que expulsou famílias.
A exportação que importou miséria.
“Quanto vale esta terra aqui?”, perguntavam os homens. “Quanto vale o Homem?”, ele se perguntava.
Depois de vendê-la por um dinheiro que achava nunca poder ter em mãos, percebeu que aquela terra não tinha valor. Era, na verdade, impagável. Invendável.
No lugar da plantação de milho, café e outras coisas, agora só há soja e bois. “Brasil cresce cerca de 5%, como prometido pelo presidente”, os jornais anunciavam.
Tais jornais não conhecem a vida dele. A vida dele e de seus antigos vizinhos. Vizinhos do mundo. Depois que os gaúchos chegaram, tudo mudou. Costumavam dar este nome. Todos vinham do sul mesmo. Rio Grande ou Mato Grosso.
Disseram que a vida iria mudar. Sempre sonhou em ir pra lá. Pra cidade... Mas nunca pensou que fosse esta cidade. Via outras coisas na TV. Eles falavam que os da roça não sabiam viver... Mas esgoto passando na frente de casa, onde as crianças brincam, num tá certo. Ele pensava... Isso é viver?
“Cargill abre mais de cinco mil vagas de emprego”, anunciavam na região. Uns faziam filas. Outros vendiam ilusão.“Antes num precisava abrir vaga não. Eu trabalhava pra mim. Acordava muito cedo, é verdade, mas ali era tudo nosso”, lembrava. Ao cair do dia, estava com a mente tranquila. Sem preocupações. Hoje, não consegue dormir.
Eles não conheciam as ameaças. Os mortos. As crianças. A fome. O desespero. Eles queriam o lucro. Independente de qualquer coisa. Coisa... Era isso que ele se tornara aos olhos dos demais. Não se sentia mais um ser humano. Via outros, como ele, sofrendo. E outros o viam sofrer. Nada acontecia. Ninguém para ajudar, acolher. Nem a ele e nem aos outros iguais a ele.
As castanheiras, que tomam o céu como se fosse delas, são símbolos daquela região, mas agora estão queimadas, distantes... Os troncos, ocos e cinzentos, marcam a paisagem. As casas e escolas estão vazias. No lugar da vida, ruína. No lugar dos homens, máquinas. Saudades do campo ele sente...
A única perspectiva é ficar aqui. Tentando, sobrevivendo. E com toda a sua fé, a única coisa intocável, inabalável que lhe restou, ele se ajoelha no chão e chora, ora, implora... Pede a Deus que, em algum dia, o Homem não seja mais capaz de fazer um outro Homem sofrer. Tampouco a terra, a Terra.
Acabou o querosene. A luz se foi. Veio a noite. Se possível, uma boa noite...
*Nina Fedelis é Jornalista e Fotógrafa. Dedicado às comunidades de Santarém, Pará.
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Este e outros textos de 16 autores de todo o Brasil no livro Pelas Periferias do Brasil Vol. IV. Adquira o seu! R$ 15,00 com o frete incluso.
sábado, 1 de janeiro de 2011
Elogio à Dialética
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A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros. |
Cortar o tempo...
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Carlos Drummond de Andrade
Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente...
...então, para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.
Para vocês,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puderem sorrir.
Todas as músicas que puderem emocionar.
Neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto,
ao rumo da sua FELICIDADE!!!
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
O tempo passa? Não passa
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Lá dentro, perdura a graça do amor, florindo em canção.
O tempo nos aproxima cada vez mais,
nos reduza um só verso e uma rima de mãos e olhos, na luz.
Não há tempo consumido nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido de amor e tempo de amar
O meu tempo e o teu, amada, transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada, amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário é um nascer toda hora.
E nosso amor, que brotou do tempo,
não tem idade pois só quem ama escutou o apelo da eternidade.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Viva o povo palestino!
Discurso no mercado do desemprego
Samih Al-Qassim*
E até a última pulsação de minhas veias
E até a última pulsação de minhas veias
E até a última pulsação de minhas veias
O porto transborda de beleza... e de signos
Juro que não me venderei
terça-feira, 23 de novembro de 2010
E então, que quereis?...
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Não estamos alegres,
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Depoimento do Leitor...
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Convido-o a visitar o blog do projeto "Maiakovski 80 anos - O Percevejo"(
Poucos estão falando sobre o aniversário da morte de Maiakovski, o poeta do Amor e da Revolução!
sábado, 10 de julho de 2010
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Todo dia era dia de índio...
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Carlos Drummond de Andrande – 1977
Gigante que recusas encarar-me nos olhos
Apertar minha mão temendo que ela seja
Uma faca, um veneno, uma tocha de incêndio;
Gigante que me foges, légua depois de légua,
E se deixo os sinais de minha simpatia,
Os destróis: tens razão.
Malgrado meu desejo de declarar-te irmão
E contigo fruir alegrias fraternas
Só tenho para dar-te em turvo condomínio
O pesadelo urbano de ferros e fúrias
Em continuo combate na esperança de paz
- uma paz que se esconde e se furta e se apaga
Medusa de medo, com tu, akorore,
Na espessura da mata ou no espelho sem fala
Das água do Jarina.
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Os Krenakore ou Kreen-Akorore como se autodenominam ou Panará (índios gigantes) como são mais conhecidos, habitavam o Norte do Mato Grasso e o Sudoeste do Pará, na região das cabeceiras do rio Iriri. Foram quase dizimados durante a abertura da BR-163 (Cuiabá-Santarém), em pleno ano de 1973, por epidemias de gripe, malária e verminose após o contato com a frente de abertura da rodovia.
Doentes após o contato, foram retirados de suas terras, levados de avião e colocados no Parque Indígena do Xingu, ao lado de grupos inimigos e num ambiente completamente diferente daquele tradicionalmente habitado.
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Em novembro de 1994, os Panará convocaram os líderes dos povos do Parque do Xingu para uma reunião na aldeia do rio Arraias, para apresentar e discutir o plano de retorno para o território original. Conseguiram retorno para parte daquilo que foram as suas terras, no que restou da devastação causada por pastagens e garimpos em Peixoto de Azevedo.
Em dezembro de 1994, a Funai concluiu o processo de identificação e delimitação da Terra Indígena Panará. Ao longo de 1995 e 1996, gradualmente, os Panará foram se mudando para uma nova aldeia, a qual batizaram de Nãs’potiti, nome panará para o rio Iriri.
Em agosto de 2003, os Panará foram protagonistas de um fato inédito na história do país: pela primeira vez, o Poder Judiciário reconheceu a um povo indígena o direito de indenização por danos morais decorrentes das ações do Estado.
Atualmente, são aproximadamente 300 indivíduos, quatro vezes mais o número dos sobreviventes que foram levados ao Parque do Xingu.
Os Panarás são símbolos de toda a tragédia que a sociedade brasileira promoveu e promove contra os povos indígenas, ao mesmo tempo que representam uma das muitas formas de resistência desses povos.
Saiba mais:
Panará: a volta dos índios gigantes -Resenha da antropóloga Elizabeth Ewart sobre o livro de mesmo nome autoria de Ricardo Arnt, Lúcio Flávio Pinto e Raimundo Pinto, com fotos de Pedro Martinelli. Para comprar o livro acesse a Loja Virtual - Instituto Socioambiental
Conheça mais sobre os povos indígenas do Brasil clicando em http://pib.socioambiental.org/pt
Baixe: PROSAS E VERSOS DE ÍNDIOS NO BRASIL
terça-feira, 13 de abril de 2010
Há 80 anos morria Vladimir Maiakovski
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Após a Revolução Socialista de Outubro de 1917, todo o grupo manifestou sua adesão ao novo regime. Durante a Guerra Civil, Mayakovsky se dedicou a desenhos e legendas para cartazes de propaganda e, no início da consolidação do novo Estado, exaltou campanhas sanitárias, fez publicidade de produtos diversos. Fundou em 1923 a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a “esquerda das artes”, isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.
Com o processo de burocratização do estado soviético, a repressão do regime stalinista e sua política de arte acriticamente engajada, Maiakovski entrou freqüentemente em choque com os “burocratas’’ e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas. Em 14 de abril de 1930, suicida-se.
Leia o texto de Leon Trotsky:O Suicídio de Maiakovsky
Poemas em http://www.culturapara.art.br/opoema/maiakovski/maiakovski.htm
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Lapso
Há homens que lutam um dia e são bons,
Há outros que lutam um ano e são melhores,
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Mas há os que lutam toda a vida
Estes são imprescindíveis
Com agradecimento a todos os imprescindíveis leitores que me avisaram do erro!
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Poema de Ano Novo
Desde as primeiras horas deste dia cai uma chuva torrencial,chove sem parar como se a natureza estive querendo se lavar dos malefícios e pecados cometidos pelo homem neste ano de 2009.
Chove lágrimas por Conpenhague, pela amazônia desmatada, pelo Terra legal e a regularização da grilagem.
Lágrimas pelo aquecimento do globo e pelas guerras do Afeganistão e do Iraque,Pelo povo Hondurenho tolhido de seu direito de se auto determinar,
Chove lágrimas por um dos anos mais violentos no campo brasileiro, pela inércia na reforma agrária,
Por sarneys e collors terem cada vez mais influência num governo que foi eleito para ser dos trabalhadores.
Águas são derramadas para exorcizar o pecado da fome que atinge 1 bilhão de pessoas no mundo,
Pelas milhares de pessoas mortas em nome da liberdade e da autodefesa imperialista.
Lágrimas de raiva por Cuba sitiada a quase cinco décadas e pelos cinco heróis presos por defender a vida de milhões de compatriotas.
Lágrimas por Belo Monte, para que nada nem ninguém consiga represar as correntezas do Xingu, pra que ela continue Livre!
Águas turvas do Amazonas, águas de cheiro das baianas, águas barrentas do São Francisco e as poluídas do Tietê e como não lembrar do rio de minha cidade o quase morto Juqueriquerê!
Chove chuva, chove sem parar, derrama natureza suas lágrimas por um mundo a agonizar.
Chove chuva no primeiro dia do ano, limpando as escadarias da igreja do Bom Fim para que todos possamos ter um novo início.
Um novo ano de Paz, de vida, de comunhão com a natureza e com toda a humanidade.