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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Não iremos embora...


Tawfic Zayyad*

Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em vossas goelas
Como cacos de vidro
Imperturbáveis
E em vossos olhos
Como uma tempestade de fogo
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em lavar os pratos em vossas casas
Em encher os copos dos senhores
Em esfregar os ladrilhos das cozinhas pretas
Para arrancar
A comida de nossos filhos
De vossas presas azuis
Aqui sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Famintos
Nus
Provocadores
Declamando poemas
Somos os guardiões da sombra
Das laranjeiras e das oliveiras
Semeamos as idéias como o fermento na massa
Nossos nervos são de gelo
Mas nossos corações vomitam fogo
Quando tivermos sede
Espremeremos as pedras
E comeremos terra
Quando estivermos famintos
Mas não iremos embora
E não seremos avarentos com nosso sangue
Aqui
Temos um passado
E um presente
Aqui
Está nosso futuro 


*Tawfic Zayyad, palestino de Nazaré, é considerado um pioneiro da poesia de resistência. A maior parte de sua obra foi escrita na prisão

sábado, 31 de dezembro de 2011

Para os que virão

Thiago de Mello


Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.

Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.

Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente - 
na primeira e profunda pessoa
do plural.

Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.

É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
( Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros. )
Se trata de abrir o rumo.

Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.

domingo, 14 de agosto de 2011

O vosso tanque, general


Bertold Brechet*

O Vosso tanque General, é um carro forte
Derruba uma floresta esmaga cem
Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista


O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.


O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar


*Falecido em 14 de agosto de 1956

terça-feira, 17 de maio de 2011

Nakba ("Catástrofe")


Não iremos embora
Tawfic Zayyad*

Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em vossas goelas
Como cacos de vidro
Imperturbáveis
E em vossos olhos
Como uma tempestade de fogo

Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em lavar os pratos em vossas casas
Em encher os copos dos senhores
Em esfregar os ladrilhos das cozinhas pretas
Para arrancar
A comida de nossos filhos
De vossas presas azuis

Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Famintos
Nus
Provocadores
Declamando poemas
Somos os guardiões da sombra
Das laranjeiras e das oliveiras
Semeamos as idéias como o fermento na massa
Nossos nervos são de gelo

Mas nossos corações vomitam fogo
Quando tivermos sede
Espremeremos as pedras
E comeremos terra
Quando estivermos famintos
Mas não iremos embora
E não seremos avarentos com nosso sangue

Aqui
Temos um passado
E um presente
Aqui
Está nosso futuro

*Tawfic Zayyad, palestino de Nazaré, é considerado um pioneiro da poesia de resistência. A maior parte de sua obra foi escrita na prisão.

terça-feira, 8 de março de 2011

A flor e a náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Uma flor nasceu na rua!
Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
E soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Elogio à Dialética


Bertold Brechet
A injustiça avança hoje a passo firme.
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
O poder apregoa: as coisas
continuarão a ser como são.
 
Nenhuma voz além da dos que mandam.
E em todos os mercados proclama a exploração:
Isto é apenas o meu começo.
 

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem:
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.
Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.
O que é seguro não é seguro.
As coisas não continuarão a ser como são.


Depois de falarem os dominantes, falarão os dominados.
Quem pois ousa dizer: nunca?
De quem depende que a opressão prossiga? De nós.
De quem depende que ela acabe? De nós.

O que é esmagado, que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe e o que se chegou, que há aí que o retenha?
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
E nunca será: ainda hoje.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Quanto Vale? - Pelas Periferias do Brasil Vol. IV

Quanto vale? 

 Por Nina Fidelis*

O dinheiro que fechou escolas.
A oferta que expulsou famílias.
A exportação que importou miséria.
“Quanto vale esta terra aqui?”, perguntavam os homens. “Quanto vale o Homem?”, ele se perguntava.

Depois de vendê-la por um dinheiro que achava nunca poder ter em mãos, percebeu que aquela terra não tinha valor. Era, na verdade, impagável. Invendável.


No lugar da plantação de milho, café e outras coisas, agora só há soja e bois. “Brasil cresce cerca de 5%, como prometido pelo presidente”, os jornais anunciavam. 


Tais jornais não conhecem a vida dele. A vida dele e de seus antigos vizinhos. Vizinhos do mundo. Depois que os gaúchos chegaram, tudo mudou. Costumavam dar este nome. Todos vinham do sul mesmo. Rio Grande ou Mato Grosso.

Disseram que a vida iria mudar. Sempre sonhou em ir pra lá. Pra cidade... Mas nunca pensou que fosse esta cidade. Via outras coisas na TV. Eles falavam que os da roça não sabiam viver... Mas esgoto passando na frente de casa, onde as crianças brincam, num tá certo. Ele pensava... Isso é viver?


“Cargill abre mais de cinco mil vagas de emprego”, anunciavam na região. Uns faziam filas. Outros vendiam ilusão.“Antes num precisava abrir vaga não. Eu trabalhava pra mim. Acordava muito cedo, é verdade, mas ali era tudo nosso”, lembrava. Ao cair do dia, estava com a mente tranquila. Sem preocupações. Hoje, não consegue dormir. 

 
Eles não conheciam as ameaças. Os mortos. As crianças. A fome. O desespero. Eles queriam o lucro. Independente de qualquer coisa. Coisa... Era isso que ele se tornara aos olhos dos demais. Não se sentia mais um ser humano. Via outros, como ele, sofrendo. E outros o viam sofrer. Nada acontecia. Ninguém para ajudar, acolher. Nem a ele e nem aos outros iguais a ele.

As castanheiras, que tomam o céu como se fosse delas, são símbolos daquela região, mas agora estão queimadas, distantes... Os troncos, ocos e cinzentos, marcam a paisagem. As casas e escolas estão vazias. No lugar da vida, ruína. No lugar dos homens, máquinas. Saudades do campo ele sente...


A única perspectiva é ficar aqui. Tentando, sobrevivendo. E com toda a sua fé, a única coisa intocável, inabalável que lhe restou, ele se ajoelha no chão e chora, ora, implora... Pede a Deus que, em algum dia, o Homem não seja mais capaz de fazer um outro Homem sofrer. Tampouco a terra, a Terra.


Acabou o querosene. A luz se foi. Veio a noite. Se possível, uma boa noite...


*
Nina Fedelis é Jornalista e Fotógrafa. Dedicado às comunidades de Santarém, Pará.
_________________________________________________________

Este e outros textos de 16 autores de todo o Brasil no livro Pelas Periferias do Brasil Vol. IV. Adquira o seu! R$ 15,00 com o frete incluso.


sábado, 1 de janeiro de 2011

Elogio à Dialética



Bertold Brecht

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem
falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de aman hã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

Cortar o tempo...


Carlos Drummond de Andrade

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente...
...então, para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.
Para vocês,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puderem sorrir.
Todas as músicas que puderem emocionar.
Neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto,
ao rumo da sua FELICIDADE!!!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O tempo passa? Não passa


Carlos Drummond de Andrade

O tempo passa? Não passa no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça do amor, florindo em canção.
O tempo nos aproxima cada vez mais,
nos reduza um só verso e uma rima de mãos e olhos, na luz.
Não há tempo consumido nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido de amor e tempo de amar
O meu tempo e o teu, amada, transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada, amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário é um nascer toda hora.
E nosso amor, que brotou do tempo,
não tem idade pois só quem ama escutou o apelo da eternidade.

Fotografia: Pedro Matinelli

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Viva o povo palestino!

Pelo Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino


Discurso no mercado do desemprego

Samih Al-Qassim*
Talvez perca — se desejares — minha subsistência
Talvez venda minhas roupas e meu colchão
Talvez trabalhe na pedreira... como carregador... ou varredor
Talvez procure grãos no esterco
Talvez fique nu e faminto
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol

E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Talvez me despojes da última polegada da minha terra
Talvez aprisiones minha juventude
Talvez me roubes a herança de meus antepassados
Móveis... utensílios e jarras
Talvez queimes meus poemas e meus livros
Talvez atires meu corpo aos cães
Talvez levantes espantos de terror sobre nossa aldeia
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol

E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Talvez apagues todas as luzes de minha noite
Talvez me prives da ternura de minha mãe
Talvez falsifiques minha história
Talvez ponhas máscaras para enganar meus amigos
Talvez levantes muralhas e muralhas ao meu redor
Talvez me crucifiques um dia diante de espetáculos indignos
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol

E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Ó inimigo do sol

O porto transborda de beleza... e de signos
Botes e alegrias
Clamores e manifestações
Os cantos patrióticos arrebentam as gargantas
E no horizonte... há velas
Que desafiam o vento... a tempestade e franqueiam os obstáculos
É o regresso de UlissesDo mar das privaçõesO regresso do sol... de meu povo exilado
E para seus olhos
Ó inimigo do sol

Juro que não me venderei
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Resistirei
Resistirei
*Samih Al-Qassim nasceu em Zarqá, no seio de uma família drusa. Formado professor, depois da publicação de seus primeiros poemas foi proibido pelos israelenses de exercer a profissão.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

E então, que quereis?...

Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.
Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?

O mar da história
é agitado.
As ameaçase as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.

Este poema de Maiakóvski e muitos outros estão em Agendas 2011 aqui!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Depoimento do Leitor...

O leitor que assina Percevejo comentou na postagem "Há 80 anos morria Vladimir Maiakovski":

Convido-o a visitar o blog do projeto "Maiakovski 80 anos - O Percevejo"(
www.opercevejo2010.blogspot.com)

Poucos estão falando sobre o aniversário da morte de Maiakovski, o poeta do Amor e da Revolução!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Todo dia era dia de índio...


Kreen-Akorore
Carlos Drummond de Andrande – 1977

Gigante que recusas encarar-me nos olhos
Apertar minha mão temendo que ela seja
Uma faca, um veneno, uma tocha de incêndio;
Gigante que me foges, légua depois de légua,
E se deixo os sinais de minha simpatia,
Os destróis: tens razão.

Malgrado meu desejo de declarar-te irmão
E contigo fruir alegrias fraternas
Só tenho para dar-te em turvo condomínio
O pesadelo urbano de ferros e fúrias
Em continuo combate na esperança de paz
- uma paz que se esconde e se furta e se apaga
Medusa de medo, com tu, akorore,
Na espessura da mata ou no espelho sem fala
Das água do Jarina.


Os Krenakore ou Kreen-Akorore como se autodenominam ou Panará (índios gigantes) como são mais conhecidos, habitavam o Norte do Mato Grasso e o Sudoeste do Pará, na região das cabeceiras do rio Iriri. Foram quase dizimados durante a abertura da BR-163 (Cuiabá-Santarém), em pleno ano de 1973, por epidemias de gripe, malária e verminose após o contato com a frente de abertura da rodovia.

Doentes após o contato, foram retirados de suas terras, levados de avião e colocados no Parque Indígena do Xingu, ao lado de grupos inimigos e num ambiente completamente diferente daquele tradicionalmente habitado.



Em novembro de 1994, os Panará convocaram os líderes dos povos do Parque do Xingu para uma reunião na aldeia do rio Arraias, para apresentar e discutir o plano de retorno para o território original. Conseguiram retorno para parte daquilo que foram as suas terras, no que restou da devastação causada por pastagens e garimpos em Peixoto de Azevedo.

Em dezembro de 1994, a Funai concluiu o processo de identificação e delimitação da Terra Indígena Panará. Ao longo de 1995 e 1996, gradualmente, os Panará foram se mudando para uma nova aldeia, a qual batizaram de Nãs’potiti, nome panará para o rio Iriri.

Em agosto de 2003, os Panará foram protagonistas de um fato inédito na história do país: pela primeira vez, o Poder Judiciário reconheceu a um povo indígena o direito de indenização por danos morais decorrentes das ações do Estado.

Atualmente, são aproximadamente 300 indivíduos, quatro vezes mais o número dos sobreviventes que foram levados ao Parque do Xingu.

Os Panarás são símbolos de toda a tragédia que a sociedade brasileira promoveu e promove contra os povos indígenas, ao mesmo tempo que representam uma das muitas formas de resistência desses povos.

Saiba mais:

Panará: a volta dos índios gigantes -Resenha da antropóloga Elizabeth Ewart sobre o livro de mesmo nome autoria de Ricardo Arnt, Lúcio Flávio Pinto e Raimundo Pinto, com fotos de Pedro Martinelli. Para comprar o livro acesse a Loja Virtual - Instituto Socioambiental

Conheça mais sobre os povos indígenas do Brasil clicando em http://pib.socioambiental.org/pt

Baixe:
PROSAS E VERSOS DE ÍNDIOS NO BRASIL

terça-feira, 13 de abril de 2010

Há 80 anos morria Vladimir Maiakovski


Há 80 anos se suicidava em Moscou o poeta georgiano Vladimir Vladimirovich Maiakovski.

Fortemente impressionado pelo movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos quinze anos na fração bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo.

Detido em duas ocasiões, foi solto por falta de provas, mas em 1909-1910 passou onze meses na prisão. Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, que foi o grande incentivador de sua iniciação poética. Os dois amigos e outros artistas fizeram parte do grupo fundador do chamado cubo-futurismo russo, sendo expulsos da Escola de Belas Artes. Procurando difundir suas concepções artísticas, realizaram viagens pela Rússia.

Após a Revolução Socialista de Outubro de 1917, todo o grupo manifestou sua adesão ao novo regime. Durante a Guerra Civil, Mayakovsky se dedicou a desenhos e legendas para cartazes de propaganda e, no início da consolidação do novo Estado, exaltou campanhas sanitárias, fez publicidade de produtos diversos. Fundou em 1923 a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a “esquerda das artes”, isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.
Fez inúmeras viagens pelo país, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos. Foi homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo.

Sua obra, profundamente revolucionária na forma e nas idéias que defendeu, apresenta-se coerente, original, veemente, una. A linguagem que emprega é a do dia a dia, sem nenhuma consideração pela divisão em temas e vocábulos “poéticos” e “não-poéticos”, a par de uma constante elaboração, que vai desde a invenção vocabular até o inusitado arrojo das rimas.
Ao mesmo tempo, o gosto pelo desmesurado, o hiperbólico, alia-se em sua poesia à dimensão crítico-satírica. Criou longos poemas e quadras e dísticos que se gravam na memória; ensaios sobre a arte poética e artigos curtos de jornal; peças de forte sentido social e rápidas cenas sobre assuntos do dia; roteiros de cinema arrojados e fantasiosos e breves filmes de propaganda.

Com o processo de burocratização do estado soviético, a repressão do regime stalinista e sua política de arte acriticamente engajada, Maiakovski entrou freqüentemente em choque com os “burocratas’’ e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas. Em 14 de abril de 1930, suicida-se.

Tem exercido influência profunda em todo o desenvolvimento da poesia russa moderna, como também influenciado a poesia moderna em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.

Leia o texto de Leon Trotsky:O Suicídio de Maiakovsky

Poemas em
http://www.culturapara.art.br/opoema/maiakovski/maiakovski.htm

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Lapso

Na postagem abaixo, equivocadamente usei um trecho de um poema de Bertold Brecht e atribui o mesmo ao cartunista Henfil. A postagem foi corrigida e segue abaixo o poema completo:

Há homens que lutam um dia e são bons,

Há outros que lutam um ano e são melhores,
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Mas há os que lutam toda a vida
Estes são imprescindíveis

Com agradecimento a todos os imprescindíveis leitores que me avisaram do erro!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Poema de Ano Novo

O companheiro Eduardo Camilo, o Azul Marinho com Pequi, publicou hoje este poema que reproduzo na íntegra:

Desde as primeiras horas deste dia cai uma chuva torrencial,chove sem parar como se a natureza estive querendo se lavar dos malefícios e pecados cometidos pelo homem neste ano de 2009.


Chove lágrimas por Conpenhague, pela amazônia desmatada, pelo Terra legal e a regularização da grilagem.

Lágrimas pelo aquecimento do globo e pelas guerras do Afeganistão e do Iraque,Pelo povo Hondurenho tolhido de seu direito de se auto determinar,

Chove lágrimas por um dos anos mais violentos no campo brasileiro, pela inércia na reforma agrária,

Por sarneys e collors terem cada vez mais influência num governo que foi eleito para ser dos trabalhadores.

Águas são derramadas para exorcizar o pecado da fome que atinge 1 bilhão de pessoas no mundo,

Pelas milhares de pessoas mortas em nome da liberdade e da autodefesa imperialista.

Lágrimas de raiva por Cuba sitiada a quase cinco décadas e pelos cinco heróis presos por defender a vida de milhões de compatriotas.

Lágrimas por Belo Monte, para que nada nem ninguém consiga represar as correntezas do Xingu, pra que ela continue Livre!

Águas turvas do Amazonas, águas de cheiro das baianas, águas barrentas do São Francisco e as poluídas do Tietê e como não lembrar do rio de minha cidade o quase morto Juqueriquerê!

Chove chuva, chove sem parar, derrama natureza suas lágrimas por um mundo a agonizar.

Chove chuva no primeiro dia do ano, limpando as escadarias da igreja do Bom Fim para que todos possamos ter um novo início.

Um novo ano de Paz, de vida, de comunhão com a natureza e com toda a humanidade.