quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

João Batista: deputado cassado pelas balas do latifúndio


Em 06 de dezembro de 1988, em pleno processo constituinte, era assassinado o deputado estadual do Pará, João Carlos Batista, na época exercendo mandato pelo PSB. Advogado defensor da Reforma Agrária e que denunciava no parlamento os crimes de latifundiários contra posseiros, João Batista sofreu três atentados à bala e da tribuna da Assembleia Legislativa do Pará, denunciou que seria morto 3 horas antes do crime.

Apesar dos pedidos incessantes de proteção, João Batista foi morto enquanto entrava na garagem de seu prédio no centro de Belém, na companhia da esposa e de três dos seus cinco filhos.

As pilhas de um processo se arrastaram por anos. O caso foi encerrado sem que os responsáveis pela sua morte fossem presos ou oficialmente identificados.

Abaixo segue nota sobre os 24 anos do assassinato de João Carlos Batista que foi distribuída hoje, 6 de dezembro, durante o ato no Congresso Nacional, quando foram reempossados os parlamentares cassados pela ditadura. O documento é do irmão de João Batista, João Carlos Batista. 

6 de dezembro de 2012:  24 anos do assassinato do deputado João Carlos Batista

No momento que o Congresso Nacional, em um ato simbólico, reempossa os parlamentares cassados pela ditadura, é oportuno e justo resgatar a memória de um jovem parlamentar que não foi cassado, mas foi morto, aos 36 anos, por atuar ao lado dos trabalhadores na defesa da reforma agrária faz parte da defesa da democracia e do resgate da verdade histórica. 

Batista, como era conhecido João Carlos Batista, foi o único deputado assassinado no Brasil após o fim do governo militar. Atuou junto aos camponeses do Pará na luta pela reforma agrária. Ele foi morto em 6 de dezembro de 1988, depois de ter sofrido três atentados a bala (1985, 86 e 87), mesmo tendo solicitado, inúmeras vezes, formalmente, segurança ao poder público - que manteve-se omisso, acabou assassinado.

O crime organizado pelo latifúndio não vacilou. Assassinou um deputado no pleno exercício de seu mandato parlamentar, matando-o na frente da família, quando chegava em sua casa, localizada no centro de Belém (PA), após sair de uma sessão da Assembléia Legislativa do Pará.

Os mortos pelo latifúndio, entre 1964 e 2011, passam de dois mil, com escassos casos de assassinos e mandantes julgados e condenados.

Decorrido 24 anos do assassinato de João Batista dois pistoleiros foram presos. Os dois já foram mortos. Um degolado, ainda antes de ser julgado, dentro da prisão. O outro, condenado a 30 anos de prisão, foi morto em 12 de dezembro de 2010, em Teresina (PI) quando livremente continuava exercendo seu ofício de matador.Os mandantes continuam livres e sem terem sido julgados. Nem mesmo foram citados no processo.

Relembrar a memória de Batista, no dia em que sua morte completa 24 anos durante o ato do Congresso Nacional de reempossar os parlamentares cassados pela ditadura reafirma a necessidade da sociedade não permitir, nunca mais, cassações, nem mortes de lideranças, parlamentares e de nenhuma pessoa por lutar pela democracia e por justiça social.

O mandato de João Carlos Batista foi cassado pelas balas do latifúndio, por isso relembra-lo é importante para animar a fé na luta e em quem combate ao lado do povo.

Ditadura nunca mais.
João Carlos Batista vive.
Brasília, 6 de dezembro de 2012

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