terça-feira, 6 de abril de 2010

Quem não deve não teme

Por Edilberto Sena*

Hoje deveria ser um dia de vitória da ética e da democracia na política brasileira. O Congresso Nacional, se decidir respeitar o desejo de um milhão e quinhentos mil eleitores de todo o Brasil, que assinaram um abaixo assinado, porá em votação o projeto de lei pela moralização da política eleitoral. Os chamados de ficha suja, ficarão de fora da política eleitoral, caso passe a nova lei.

Num momento histórico, em que o descrédito para com os parlamentares federais e estaduais, chega a tão baixo nível, inclusive essa crise de confiança abala até o executivo e o judiciário, é importante que os votos de um milhão e quinhentos mil eleitores do abaixo assinado nacional sejam respeitados pelos membros do Congresso Nacional. A grande dúvida é se o presidente da Câmara de deputados, também ele pré candidato em outubro, porá em votação hoje, como previsto, o projeto de lei ficha limpa.

É verdade que ele garantiu aos líderes do abaixo assinado que faria isso, a fim de valer já para as eleições de outubro próximo. Assim, só candidatos de mãos limpas serão candidatos ao voto popular. Mas será que ele cumprirá sua palavra? Afinal, quase metade dos parlamentares está acuada por tais deputados estarem com a ficha suja, com processos na justiça.

E se ele cumprir sua palavra, será que o projeto será votado a tempo, ou haverá dezenas de emendas e pedidos de vista? E se entrar realmente em votação plenária, os deputados apoiarão o pedido integral do abaixo assinado? Por que tantas dúvidas? Simplesmente porque isso seria uma vitória da democracia real, mas os políticos defendem sua própria causa e a de seus colegas, antes de defender a causa do país.

Para se ter uma idéia, só do Estado do Pará são oito entre deputados federais e senadores, com as mãos sujas e processos na justiça. Com certeza estes não votarão a favor da lei ficha limpa. Caso o Congresso Nacional esteja com vontade de resgatar a ética e a confiança da população, os ficha suja todos serão afastados da vida pública e na poderão mais ser candidatos em outubro próximo.

Por isso a dúvida se o projeto será votado hoje. Quem não deve não teme, mas há muitos deles devendo. Só vendo o resultado de logo mais para crer. Tudo é possível, até milagre!

*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 06 de abril de 2010.
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