O fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, o “Taradão”, acusado de ser o principal mandante da morte da missionária Dorothy Stang, ocorrida na manhã de 12 fevereiro de 2005, em Anapu, enfrenta hoje (30/4) o Tribunal do Júri no Fórum Criminal de Belém. O julgamento começou com a narração do juiz, de acordo com o processo, dos fatos que antecederam a morte da missionária Dorothy, pois isso deu início ao interrogatório. Há ainda uma grande movimentação em frente ao tribunal, com pessoas reunidas na esperança que a justiça seja feita.
Dentre os dez jurados sorteados para participar do julgamento, três mulheres foram rejeitadas. Assim, o júri foi composto por duas mulheres e cinco homens. O interrogatório começou com o depoimento da irmã Roberta Lee, da parte da acusação. Ela explicou os trabalhos feitos pela irmã Dorothy, no qual envolvia políticas públicas em defesa do meio ambiente. "Muitas vezes, seu posicionamento em relação a questão do meio ambiente causava desavenças entre a irmã Dorothy e os empresários que estão envolvidos nesse caso, pois suas denúncias geravam multas e proibições para estes fazendeiros e claro a insatisfação por parte deles", afirmou a irmã Lee.
Neste momento, o segundo interrogado é o Bruno Lorenço, que é chefe da unidade avançada do Incra de Altamira.
A grande expectativa do julgamento é o depoimento de duas novas testemunhas que, segundo o Ministério Público, podem provar a ligação de “Taradão” com as terras do lote 55, onde Dorothy Stang tombou morta. Uma dessas testemunhas é Roniery Lopes, que foi gerente de oito propriedades do réu nos anos de 2007 e 2008. Essas terras estariam em nome de laranjas, segundo o MP.
O promotor Édson Cardoso ressalta que Roniery Lopes foi arrolado pela própria defesa do réu. “Ocorre que a versão do ex-gerente foi totalmente diferente do que a defesa esperava. Vamos aguardar se a testemunha vai confirmar o que já disse anteriormente no processo e mesmo se vai aparecer no julgamento”.
Cardoso assegura que não resta mais a menor dúvida da culpabilidade do réu, tendo em vista as fartas provas constantes do processo. Uma delas é que Amair Feijoli, o “Tato”, intermediador do crime, acusa diretamente Regivaldo de tê-lo acionado para contratar os pistoleiros. “Pediremos a condenação máxima de 30 anos de reclusão por homicídio duplamente qualificado, recurso que dificultou a defesa da vítima, e promessa de pagamento”, ressalta.
O advogado de defesa, Jânio Rocha de Siqueira, afirma que todas as denúncias contra Regivaldo são infundadas e que não existem provas concretas. “Volto a bater na tecla: Regivaldo Pereira Galvão foi escolhido para ser a grande vitrine deste caso, um homem que não tinha motivos para participar daquele assassinato, mas que está sendo usado como bode expiatório representando os fazendeiros e madeireiros daquela região do Estado”, define.
Fonte: Diário do Pará