terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Morre Almir Gabriel: filhote da ditadura, de assassino de sem terras a aliado do PT


Faleceu nesta terça-feira, 19 de fevereiro, o ex-governador do Pará no período de 1995 a 2003 pelo PSDB, partido do qual foi fundador. Exerceu ainda os cargos de secretário estadual no governo de Alacid Nunes (1979-1983) e de prefeito biônico de Belém entre 1983 e 1986, após se aproximar do PMDB e apoiar a candidatura de Jáder Barbalho ao governo do estado. Foi deputado constituinte eleito em 1988 e candidato a vice-presidente pelo PSDB em 1989, junto com Mário Covas.

Apesar deste passado, nos anos noventa, no auge dos governos tucanos, Almir Gabriel foi aprestado pela grande mídia nacional como um representante da nova política paraense, após ganhar de Jarbas Passarinho para governador em primeiro turno em 1994 e reeleito em 1998 após derrotar Jáder Barbalho, dois políticos tradicionais do estado.


Em 17 de abril de 1996, durante marcha de 1.500 trabalhadores rurais sem terra que se dirigiam à Belém, organizada pela Movimento Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Polícia Militar abriu fogo contra os manifestantes que aquela altura bloqueavam a PA-155, em Eldorado dos Carajás. No confronto, dezenove sem terras foram motos, tendo sido comprovados a execução sumária de pelo menos 10 vítimas.

A ordem para ação policial teria partido diretamente do Secretário de Segurança do Pará à época, Paulo Sette Câmara, que declarou depois do ocorrido que autorizara “usar a foça necessária, inclusive atirar”. Almir Gabriel foi politicamente responsabilizado dentro e fora do país pelo massacre. Além dos 19 mortos no local, outras 03 sem terras morreram posteriormente em decorrência do conflito e outras 66 trabalhadores ficaram fisicamente mutilados.

Após apoiar a eleição de Simão Jatene em 2002 para o governo do Pará, eleito seu sucessor, Almir Gabriel impediu que seu afilhado se candidatasse à reeleição em 2006, lançando-se ele mesmo candidato. Perdeu no segundo turno para Ana Júlia Carepa do PT, que foia apoiada por Jáder Barbalho.

Em 2010, quando Ana Júlia disputava a reeleição, Almir Gabriel surpreendeu a todos a subir no palanque de Dilma Rousseff e da governadora do PT, partido que outrora o classificara como “assassino de sem terra”.


Curiosamente, o apoio de Almir Gabriel a Dilma Rousseff e Ana Júlia Carepa na disputa do segundo turno de 2010 , ocorria no mesmo dia em que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outros movimentos ligados à Via Campesina lançou a carta aberta com a posição:  "Vamos eleger Dilma Rousseff presidente do Brasil".
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