segunda-feira, 13 de junho de 2011

Na briga por cargos, PT pode explodir, diz Valor

A bancada do PT na Câmara está levando o partido ao risco da implosão, segundo avaliam analistas petistas que acompanham com preocupação o partido nesses 10 dias que abalaram todas as correntes e as levaram a uma crise de disputa de poder sem precedentes. Os deputados do PT perderam o cargo de ministro da articulação política do governo Dilma Rousseff por causa da luta interna sangrenta entre seus integrantes. Não foi Dilma que desconsiderou o PT ao convidar Ideli Salvatti, uma ex-senadora do partido, de Santa Catarina, com uma relação difícil com os aliados e no próprio PT de seu Estado, para o cargo. Foi o PT que tratou a presidente com desrespeito.

A reportagem é de Rosângela Bittar e publicada pelo jornal Valor, 13-06-2011.

Dilma consultou Rui Falcão, presidente do PT, sobre Gleisi Hoffmann (PT-SC) para ministra da Casa Civil. Falcão apoiou a indicação. Em seguida, Dilma deu prazo, até sexta-feira, para que a bancada do PT da Câmara se acertasse e apresentasse um nome para substituir o então ministro da coordenação, Luiz Sérgio (PT-RJ). Sem resposta, com a bancada fracionada e todos os grupos da legenda metendo os pés pelas mãos, a presidente tomou a si a decisão, que era dela mesmo, e a executou.

Um dos candidatos ao cargo Cândido Vaccarezza (SP), líder do governo, foi articular sua nomeação para o ministério com o PMDB, inclusive Renan Calheiros e José Sarney, no Senado; o presidente da Câmara, Marco Maia, com seu braço direito Paulo Teixeira (PT-SP), líder da bancada conflagrada, lutaram pela nomeação de Arlindo Chinaglia (SP), pela imprensa. Estabeleceram uma luta sem tréguas, uma disputa que chegou aos insultos.

O PT vinha, há 25 dias, de uma sangria forte: Antonio Palocci, fritado por dentro do governo, recusava-se a explicar o seu enriquecimento; o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interferiu, não adiantou; a senadora Marta Suplicy tentou uma nota de apoio, ficou sozinha; André Vargas, secretário de Comunicação da legenda, tuitou contra; Elói Pietá, secretário-geral, da mesma corrente do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, e do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, promoveu o ápice do flagelo, com artigo na página do PT para criticar a conduta empresarial de Palocci. Em reação, internamente, lembrou-se que políticos muito próximos a ele, inclusive, buscavam incentivos de campanha nas mesmas fontes do ex-ministro da Casa Civil, mas a essa altura ninguém prestava atenção a mais nada.

Os aliados do governador Jaques Wagner, da Bahia, espirraram para um lado, o grupo do governador Marcelo Déda, de Sergipe, saltou para outro. "É uma guerra de hipocrisias recíprocas", definiu um sábio do partido. Como resolver, depois de tanto insulto mútuo, não se sabe. Uma próxima reunião da executiva pode apontar os caminhos de saída. A ministra Ideli terá a ajuda da ministra Gleisi para dar prioridade à tarefa de pacificação encomendada pela presidente.

Fonte: IUH
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