sábado, 11 de junho de 2011

Rio: Sexta feira 'vermelha' prepara marcha neste domingo em Copacabana

Ricardo Tavares*

A sexta-feira, 10, foi um dia como há muito não se via no Rio de Janeiro. Começou com uma manifestação dos pescadores que, logo cedo, fizeram uma "barqueata" até o local onde a maior parte dos 439 bombeiros permaneciam detidos, em Niterói. Vários barcos deixaram o quadrado da Urca, e atravessaram a Baía de Guanabara, levando manifestantes, familiares e dezenas de bombeiros que atuam como salva-vidas. Segundo um dos organizadores, o pescador Ronaldo Moreno, militante do PSTU e da CSP-Conlutas, "foi uma iniciativa importante dos pescadores para denunciar a arbitrariedade do governo do estado que criminaliza os movimentos sociais e está tratando os bombeiros como vândalos". Os barcos saíram com faixas vermelhas e foram em direção a Jurujuba, em Niterói, em uma atividade amplamente noticiada pela imprensa e que recebeu o apoio da população.

Pouco antes dos pescadores e bombeiros chegarem a Jurujuba, por volta das 10h, chegava a informação de que um habeas corpus permitindo a libertação de todos os 439 presos. A notícia aumentou o ânimo dos lutadores no estado e a chegada ao quartel foi uma festa. A vitória parcial, mas muito importante, confirmou para os milhares de ativistas que vale a pena lutar e que só assim é possível conquistar vitórias.

Às 15h, uma grande marcha tomou a Avenida Rio Branco, no Centro da cidade, com milhares de pessoas. Estavam lá os professores estaduais, que estão em greve por tempo indeterminado, os estudantes e diversas entidades, como a CSP Conlutas e a Anel. A marcha foi uma demonstração de solidariedade à luta dos bombeiros.



INTERIOR
O dia foi de protesto também no interior. Em Nova Friburgo foi realizado um ato com cerca de 800 pessoas, incluindo muitos bombeiros e desabrigados da tragédia provocada pelas fortes chuvas de janeiro. Na ocasião, a cidade da Região Serrana foi duramente atingida e três bombeiros morreram durante os resgates. Agora 29 estavam presos sendo chamado de vândalos pelo governador Sergio Cabral.

Também houve protesto em Macaé, no Norte Fluminense. Os bombeiros, junto com a oposição petroleira e a CSP-Conlutas, o PSTU e demais entidades, fizeram uma caminhada contra o ditador Sergio Cabral e exigindo o atendimento das reivindicações e anistia para todos os lutadores. No Sul Fluminense, Volta Redonda viu uma carreata no dia 8, com 70 carros em apoio aos bombeiros. Neste sábado, será a vez de Barra Mansa realizar uma grande carreata em apoio aos bombeiros e aos profissionais de educação em greve.

MARCHA
Todos estes protestos, as greves e a notícia da libertação prometem transformar o ato deste domingo em um evento histórico. Os bombeiros, que forma libertados na manhã destes sábado, depois de exames de corpo delito, anunciaram que estarão em peso na manifestação, para agradecer o apoio recebido na população. De fato, ao longo da semana, a cidade foi tomada por uma onda vermelha de solidariedade, que contagiou de artistas da Globo, que gravaram um vídeo de apoio, até torcedores do Vasco, que comemoravam o título da Copa do Brasil. Todo esse sentimento vai se encontrar no domingo, às 10h, na esquina da Avenida Princesa Isabel com a Avenida Atlântica, para uma grande marcha.

Os protestos de domingo também devem refletir a crise aberta na segurança pública, que teve parte do contingente influenciada pela luta dos bombeiros. Os sindicatos ligados a Segurança Pública estão unificados, inclusive os policiais civis e estarão concentrados em Copacabana a partir das 09h.

A CSP-Conlutas está propondo a continuidade dos protestos, com um dia de luta no dia 16, como um Dia de Vermelho, com paralisações e protestos aonde for possível. A data já é um dia de protestos dos servidores públicos federais, que farão marcha a Brasília, e de setores da educação. No Rio, os trabalhadores das Escolas Técnicas do Estado (APFAETEC), ligado a CSP-Conlutas, já aprovaram a greve para a quarta-feira, dia 15. E há ainda a possibilidade de os profissionais da Saúde entrarem em greve. Eles tem assembleia neste sábado. Os médicos foram chamados de vagabundos pelo governador há alguns anos e assim como bombeiros e professores, são responsabilizados pela crise do serviço público.


O PSTU tem sido parte ativa desta luta contra o autoritarismo e o arrocho salarial. O partido produziu um adesivo chamando Cabral de "Ditador do Rio", que foi assumido amplamente pelos ativistas e pela população. Cerca de 13 mil foram distribuídos nesta sexta-feira, em claro sinal de repúdio a truculência do governador. Também foi recebido com simpatia o panfleto distribuído pelo partido na manifestação e os cartazes colados no dia anterior, alertavando que "lutar não é crime"

O presidente do partido no Rio, Cyro Garcia, tem estado presente nas diversas atividades da greve. O ato deste domingo também terá a presença da professora Amanda Gurgel, militante do partido no Rio Grande do Norte, símbolo da luta dos professores contra o caos no ensino.

O partido, que tem nove militantes entre os processados no ato do Consulado, na visita de Obama, defende a continuidade da luta, para garantir que não haja represálias. "A liberdade foi uma grande vitória, mas é preciso seguir lutando, pois não há garantias de que eles não sofram perseguições. Inclusive, o Ministério Público já indiciou os 439. Devemos exigir o arquivamento do processo contra todos os manifestantes". O partido tem defendido a proposta de formação de um Sindicato dos Bombeiros, com amplo direito de sindicalização e de greve, para que possam seguir lutando e se organizando, contra esse governo e o pior piso salarial do país.

Fonte: PSTU
Comentários
0 Comentários

0 comentários: