Por Zé Maria Almeida*
Aconteceu entre os dia 3 e 7 de agosto, em São Paulo, o 10° Congresso Nacional da CUT, com 2.461 delegados. A velha CUT, que teve um papel na articulação das lutas dos trabalhadores nos anos 1980 e 90 já não existe mais. Foi substituída por uma central pelega, completamente submetida ao governo Lula, quase uma repartição a mais do Ministério do Trabalho.
No congresso, não houve nenhum balanço crítico do atrelamento da entidade ao governo Lula. Muito menos se votou um posicionamento da entidade a favor da campanha pelo Fora Sarney. Depois das rupturas que geraram a Conlutas e a CTB, a CUT é cada vez mais um aparato fossilizado, no qual a chamada esquerda (Articulação de Esquerda, O Trabalho e Democracia Socialista) cumpre apenas um papel marginal, de legitimar a dominação da Articulação Sindical, a corrente que dirige a central.
Foi um congresso burocrático, sem polêmicas, que aprovou convênios com o Ministério do Meio Ambiente e serviu de palanque para a campanha eleitoral de Dilma Roussef.
Estavam presentes vários ministros, como Luís Dulci (Secretaria Nacional da Presidência), Carlos Minc (Meio Ambiente) e Edson Santos (Igualdade Racial). Na verdade, o próprio Lula deveria ir ao congresso. Mas talvez pela repercussão negativa de sua presença (junto com Dilma Roussef) no congresso da UNE, ambos não compareceram. Foi apresentado um vídeo de Dilma, que foi ovacionada em clima de campanha eleitoral sob o coro “olé, olé, olé, olá, Dilma, Dilma”.
A institucionalização da central já vinha ocorrendo desde a década de 1990, mas deu um salto com o governo Lula. De um lado, os burocratas sindicais que a dirigem participam do Conselho de Desenvolvimento Social, do Fórum Nacional do Trabalho e de outras instituições. Por outro lado, recebem verbas oficiais em quantidade cada vez maior, em particular através do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Dados da própria Controladoria Geral da União informam que CUT, Força Sindical e outras centrais pelegas menores receberam R$ 261,2 milhões nos últimos sete anos. Essas verbas só se reforçaram com a legalização dessas centrais pelo governo, em 2008, o que, na prática, só facilitou seu acesso às verbas do imposto sindical, que somam R$ 125 milhões ao ano. Assim, a CUT e a Força Sindical dependem financeiramente do Estado e não das contribuições dos trabalhadores.
Nos corredores do 10° congresso, uma demonstração da decadência da central. Delúbio Soares, em campanha para ser readmitido no PT e se candidatar a deputado federal nas próximas eleições, foi saudado por uma militante do PT com um poema com as iniciais de Delúbio: “Determinado; Extraordinário; Leal; Único; Brasileiro; Idealista; Orgulho do Brasil”.
*Presidente Nacional do PSTU e integrante da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas)
Assinar:
Postar comentários (Atom)